domingo, 26 de junho de 2016

RELHO NELES

foram lavrar numa roça nova

“Triwa met te relhe!”

Canjerana com sementes

Toco de canjerana, muito resistente à podridão.





RELHO NELES

Os imigrantes europeus, italianos, alemães e outros, que se estabeleceram por esta região eram todos pequenos agricultores. Praticavam a agricultura familiar utilizando somente mão de obra da família. 
Todo jovem casal adquiria um lote de terras e aí iniciavam uma nova família. Os dois, finalmente, eram independentes. O homem carregava sobre os ombros a responsabilidade de fazer prosperar sua propriedade e a mulher cuidava da casa e ajudava o marido com afazeres como ordenhar, cuidar das galinhas, capinar e muitas outras tarefas.
Naquela época, sempre, os casais esperavam ansiosos por filhos homens. Os homens, na família, eram a garantia de mão de obra. Quando a idade do pai começasse a pesar eles o substituiriam, nos trabalhos mais pesados como: lavrar, lidar com os bois, carregar balaios de milho e etc.
Na nossa família não foi diferente e para o júbilo de papai os três primeiros nasceram homens; O Nelson, o Anselmo e o Alvis. Porém, infelizmente, ou não, os dois primeiros não tinham vocação alguma para agricultura. Nelson era um desastre para lidar com os bois. Fora da roça era um moço calmo mas quando estava com os bois era um estresse só. Ficava nervoso e quanto mais se exaltava mais os bois ficavam alvoroçados.
Certa manhã, quando já tinham idade para isto, os dois mais velhos foram lavrar numa roça nova aonde ainda tinha alguns tocos do mato que fora cortado. Anselmo, o segundo filho, que era mais paciente com os bois, começou a lavrar. Não quis entregar o arado para o irmão porque ele estava nervoso. É que na subida para a roça os bois se assustaram quando uma perdiz lentou voo bem diante deles.
Tudo ia bem. Anselmo lavrava e Nelson, com enxada, fazia os retoques pontuais que escapavam do arado. Pela meia manhã, como de costume, foram comer o lanche que a mãe lhes preparara. Duas fatias de pão de milho, uma sobre a outra, com chimia comum, nata e um toco de linguiça.
Depois do lanche Nelson quis lavrar. Já estava mais calmo e por isso Anselmo lhe cedeu o arado, mesmo porque ele era o mais velho.
No início tudo ia bem, mas aí aconteceu. Os bois pararam de repente.  Sem que Nelson percebesse, o arado havia trancado na raiz de uma canjerana. O nervosismo já estava novamente à flor da pele.  Com um enérgico “álo”, várias vezes deu ordens aos bois para que continuassem mas eles, sentindo que alguma coisa estava errada, ficaram parados. Daí Anselmo disse:
- “Triwa met te relhe!”.  É uma expressão em alemão que significa relho neles!
Nelson não esperou uma segunda ordem.
Com o relhaço os bois puxaram com tanta força que o arado partiu ao meio.
Papai percebeu que os dois não tinham jeito para a roça. Graças ao seu bom senso permitiu que saíssem de casa para estudar. Anselmo foi professor, por algum tempo, em Campestre e depois teve casa comercial em Arroio Canoas. Nelson foi professor em Boa Vista e depois em Vila Scheid, hoje São Bernardino, no oeste catarinense, onde vive até hoje.


segunda-feira, 13 de junho de 2016

REENCONTRO



Encontrei-as morando no Rio de Janeiro numa casa luxuosa na praia de Búzios



REENCONTRO


REENCONTRO é o terceiro livro da trilogia que começa com HOMO SÁPIENS NO PLANETA AZUL, depois, ELIS MÃE DE DOIS MUNDOS e REENCONTRO.
Transcrevo para vocês um pequeno trecho de REENCONTRO, que ainda não foi editado

...Só despertamos desse êxtase altas horas da madrugada. Luna disse que estava com frio. Cobrimo-nos e a aqueci com meu corpo ainda desnudo. Assim dormimos até sermos acordados por Fernanda que estava se preparando para partir de volta para a Terra.
Apesar da tristeza imensa que nos acometia, tínhamos consciência de que a atitude de Áquilus era a mais acertada. Ele precisava agir racionalmente, nessa hora, o que nós não conseguíamos fazer devido ao componente emocional que inibia o nosso bom-senso. De um modo especial, para Luna e para mim, a separação era dolorosa. Amávamo-nos intensamente... 
Três anos depois, quando já me desincumbira da minha missão em Orus, Também voltei para a terra. A primeira coisa que fiz foi procurar Luna e Fernanda. Encontrei-as morando no Rio de Janeiro numa casa luxuosa na praia de Búzios. Na primeira manhã, levantei cedo, sentei na sacada que dava de frente para o mar e tomei meu chimarrão matutino como há muito tempo não fazia. As duas ainda dormiam e também, o pequeno Wuiliam. Eu estava absorto e embriagado com aquele cenário deslumbrante e não percebi a aproximação de Luna. Abraçou-me pelas costa e me beijou com ternura. Deu meia volta na cadeira giratória em que eu estava sentado de modo que ficamos frente a frente. Então vi que o menino estava com ela. Sentou-o no meu colo e lhe disse:
Vamos, Wuiliam! Dê um abraço no seu pai!
Demorei alguns instantes para entender o significado do que estava acontecendo.
Abraçamo-nos, os três, e juro que em toda a minha vida não vivi outro momento tão sublime. Luna disse que a noite de despedida, em Orus, rendeu-nos esse fruto maravilhoso.
Sei que esse relato está, totalmente, fora da ordem cronológica. Mas, com a devida desculpa do meu querido leitor, confesso que não consegui deixar para o final do livro essa revelação tão comovente e significativa.


terça-feira, 7 de junho de 2016

O SÓTÃO

A casa onde moro, antes, pertencia a meu pai e, antes ainda, a Pedro Käfer o pioneiro de Arroio Canos. 
 foi rolando escada abaixo provocando um grande alvoroço
Mamãe colocou vários punhados de pinhão na chapa 
"te xímel hot sich nomo kewenzelt”

Por várias manhãs os potreiros amanheceram brancos


O SÓTÃO


Já era junho e o inverno prometia ser rigoroso naquele ano. Por várias manhãs os potreiros amanheceram brancos. Lembro que em alemão dizíamos:
- “te xímel hot sich nomo kewenzelt”. O que significa:- “O tordilho branco rolou na grama do potreiro”.
Foi numa semana assim que a tia Clara veio passear.
A casa onde moro, antes, pertencia a meu pai e, antes ainda, a Pedro Käfer o pioneiro de Arroio Canos. Havia três quartos. Meus pais ocupavam um, as meninas outro, e mais um para nós os guris.
 Quando alguma visita vinha pousar aqui em casa, nós, os guris, tínhamos que ceder o quarto. Foi o que aconteceu, também, na semana da visita da Tia Clara. A mãe espalhou alguns colchões de palha de milho, “xtrohsak”, no sótão e foi lá que tivemos que nos alojar. Em geral não gostávamos desta situação, mas como era para a Tia Clara, ninguém reclamou. Somente um detalhe preocupava a nossa mãe. O irmão mais velho estava com conjuntivite. “Vai que ele passa frio naquele sótão e a doença piora!”, pensava ela. Menos mal que tínhamos várias cobertas de penas de ganso sobejando de modo que todos ficaram bem protegidos do frio.
Meu irmão mais velho sempre levantava mais cedo pois tinha como compromisso tratar toda a bicharada. Naquela manhã a conjuntivite estava mais aguda e as pálpebras estavam grudadas de tal modo que ele nada conseguia enxergar. Levantou assim mesmo para se desincumbir da sua tarefa com os bichos. Quando chegasse na cozinha lavaria os olhos. Como nada enxergava, foi tateando à procura da escada para descer do sótão. Confiava na sua intuição pois já descera aquela escada tantas vezes! Imaginando que já estivesse posicionado para pisar no primeiro degrau, deu o passo mas seu pé não achou o degrau e foi rolando escada abaixo provocando um grande alvoroço. Todos acordaram e vieram correndo para saber o que tinha acontecido.
 Depois de exaustivamente examinado pela Tia concluiu-se que nada de mais grave havia acontecido. Somente uma bola se formou na testa em consequência de uma batida num dos degraus da escada. Daí meu irmão se deu conta que, mesmo sem se lavar, os olhos estavam abertos.
Naquela manhã todos levantaram cedo pois ninguém quis voltar para a cama. Papai fez fogo no fogão a lenha e todos nos aconchegamos no seu entorno. Mamãe colocou vários punhados de pinhão na chapa e enquanto a cuia passava de mão em mão comíamos os pinhões que papai abria com um martelo próprio para isso que ele mesmo fabricara.

O assunto naquele dia foi o tombo do meu irmão.  

terça-feira, 31 de maio de 2016

EVOLUÇÃO


nada mudou no seu projeto arquitetônico
 É a permanente contenda entre os jovens e os mais velhos. 
O equilíbrio entre gerações. 



EVOLUÇÃO

O desequilíbrio é um instrumento que a natureza usa para estimular-nos. Provoca um desconforto que nos impele para novos enfrentamentos; é a mola que impulsiona para a ação, que nos arranca do marasmo. O bem-estar, o problema resolvido, o conforto, a vitória, o título provocam a apatia. A natureza, da qual fazemos parte, constantemente, promove desequilíbrios fomentando ações em busca de uma nova ordem. Não fosse assim haveria a acomodação. Nada mudaria e a nossa permanência por aqui não faria sentido, pois viemos para crescer e evoluir.
Se observarmos a espécie humana podemos ver que somos únicos na natureza. O João de Barro, por exemplo, é um verdadeiro artista na construção da sua casa, mas desde todos os tempos nada mudou no seu projeto arquitetônico. Assim, todos os animais tem habilidades admiráveis porém, o que faziam, continuam fazendo do mesmo jeito como há milhares de anos. Não houve evolução. Existem casos em que até, alguns animais conseguem aprender algumas coisas, mas isso são aprendizados individuais. Somente o ser humana pode evoluir individualmente e como grupo. Não há parâmetros para comparar uma casa moderna, da atualidade, com a caverna onde habitávamos na pré-história. Não faltam evidências para comprovar a nossa evolução como espécie.
Evoluímos porque a natureza nos fez assim. Há um aspecto interessante da nossa sociedade que fomenta esta evolução social. É a permanente contenda entre os jovens e os mais velhos. Os jovens são irrequietos, anseiam por mudanças, querem inovar, construir seu próprio mundo. O adulto é comedido e analisa com cuidado os passos rumo às mudanças. Se deixássemos somente os jovens conduzir os nossos destinos, perderíamos ensinamentos valiosos acumulados de geração em geração. Se, pelo contrário, entregássemos o mundo nas mãos dos mais velhos não haveria evolução na sociedade ou ela aconteceria com muito mais lentidão. Isso se percebe, também, nas empresas. O pai trabalhou duro durante anos para estabelecer um negócio próspero. Quando o filho assume quer introduzir mudanças. Sem o filho a empresa não iria evoluir para acompanhar tendências e tecnologias inovadoras. Mas a presença do pai também é salutar para que não sejam dados passos maiores que o tamanho das pernas. A prudência do velho pai é um elemento importante para estabelecer um ponto de equilíbrio entre as duas forças.
Conheço firmas que, a partir da segunda geração, mostraram um desenvolvimento admirável. Por outro lado empresas bem sucedidas foram a falência por falta de controle, e investimentos irresponsáveis.
"Uma sociedade saudável é aquela que sabe dosar com equilíbrio os anseios dos jovens pela mudança e o empenho dos adultos para manter o Status Quo".

terça-feira, 24 de maio de 2016

O PODER SUBVERSIVO DA MULHER

Há nada de humilhante para o lavrador andar “atrás” da parelha.




O PODER SUBVERSIVO DA MULHER

Toda mulher inteligente tem consciência do seu poder sobre o homem. Ela é capaz de impelir seu parceiro para voos improváveis, ou, também, deixá-lo a rastejar na sarjeta.
Conta-se que Obama, quando teve a confirmação da sua vitória como presidente dos EUA, disse para sua mulher Michelle:
-Veja, amor, quão grande é a tua sorte por teres casado comigo! Hoje és a primeira dama da nação mais poderosa do mundo. Ao que ela respondeu:
- Meu querido, a sorte é tua por teres casado comigo porque, não fosse assim, o presidente seria outro.
Não tenho certeza se esse fato, verdadeiramente ocorreu nestes termos e circunstâncias, mas o que importa é a lição que carrega no bojo.
O surgimento dos movimentos feministas foram necessários diante dos evidentes atos de subjugo da mulher. Então tentamos equipará-la ao homem ignorando sua natureza e seu relevante papel na sociedade.
Desde sempre, a natureza privilegiou o homem com o poder dos músculos. Ele desbanca o inimigo que ameaça sua caverna, sua fêmea, sua prole. Ele é forte e hábil para caçar, plantar e construir. A mulher não é assim. Para chegar aos seus objetivos ela usa seus encantos femininos, ela é astuta e tem paciência. O homem é imediatista. A mulher, com paciência e perseverança vai conquistando seus ideais paulatinamente. Primeiro o dedo, depois a mão, o braço... e assim o homem vai cedendo às vontades dela sem perceber e sem se dar conta.
Conheço homens que eram bem sucedidos na vida e a separação os deixou desorientados a ponto de perderem o rumo e nunca mais se recuperarem. Acabaram na sarjeta entregues ao álcool e toda sorte de desvios de conduta. Porém, sei também de mulheres inteligentes que souberam fazer dos seus parceiros homens de sucesso surpreendente. Uma mulher pode ser uma bênção ou uma desgraça dependendo da nobreza dos seus objetivos.
Quando existe verdadeiramente um sentimento de amor entre o casal, ela tem a capacidade de potencializar os talentos e aptidões do parceiro. Através dos seus encantos femininos ela é capaz de criar um clima de magia que impulsiona o parceiro para ações que nem ele desconfiava ser capaz. De repente ele descobre que é corajoso, criativo e inteligente. Há quem vire um grande homem de negócios, um político bem sucedido, um poeta, um escritor.
 Mas como toda regra tem exceções, muitos homens continuam medíocres apesar da grande mulher que tem a seu lado. Há um ditado popular que diz:
“Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”.
E para parecer “politicamente correto” tentou-se mudar, substituindo o “Atrás” por “do lado”. Acho que isso deturparia toda a filosofia do ditado.
 Há nada de humilhante para o lavrador andar “atrás” da parelha.



segunda-feira, 16 de maio de 2016

O PROTOCOLO

A placa era dela



 E para muitos outros, a penosa tarefa de repor as coisas nos seus lugares.



O PROTOCOLO

Segunda feira depois da Festa.
Para alguns um sentimento de alívio. Ufa, passou! Para outros, a gostosa sensação do dever cumprido. E para muitos outros, a penosa tarefa de repor as coisas nos seus lugares. Sim, por que organizar tudo, é gratificante. O trabalho árduo é amenizado pela gloriosa expectativa do sucesso. Mas esse trabalho de reorganizar, deixar a cidade novamente pronta para o quotidiano, ah, isso é tarefa penosa. E geralmente, é tarefa para os humildes. Para aqueles que não foram citados no protocolo. Ah, o protocolo!
Você já sentiu vergonha por outra pessoa?
Sim, eu senti vergonha. Ah, esse tal de protocolo! Eu estava no palco como componente do Coral, aliás com muito orgulho, para abrilhantar o evento juntamente com a Orquestra e os Canarinhos. Assisti a tudo. Já não havia mais lugar, e aquela lista interminável... E o vento frio castigando as orelhas, castigando a nossa paciência e as crianças do Canarinhos. Algumas mães se compadeceram e levaram agasalhos para os filhos. O Professor Lucas teve de driblar toda aquela gente para poder reger. Confesso que senti vergonha. A longa e fria espera naquele palco me rendeu uma bela gripe.
 Não quero, aqui, desmerecer a “NOSSA FESTA”. Acho que é um marco importante para o nosso município e jamais devemos acabar com ela. Me senti orgulhoso, como baronense, vendo tudo organizado e funcionando.
Visitei, também o local de exposições. Me surpreendi com uma fábrica de mangueiras instalada em Barão. Produz mangueiras de qualidade e mais de quinze tipos diferentes.
Havia aí lareiras expostas. A fria noite fez com que os transeuntes percebessem o calorzinho que emanava de uma lareira aí em funcionamento. A fábrica de lareiras também está instalada em Barão.
Me surpreendi, também com a Keyla. Eu a conheci, ainda menina, trabalhando na serigrafia do pai. Há bem pouco tempo vi uma placa, na cidade, numa casa em construção. A placa era dela. Keyla já se formou arquiteta e está trabalhando. Conversando com ela percebi que tinha escolhido a profissão certa. Falava com entusiasmo do seu trabalho. disse sentir um prazer muito grande de realização ao ver seus primeiros projetos transformados em obras.
Na pessoa de Keyla quero cumprimentar todos os nossos jovens que estão despontando para o mercado de trabalho. E também lembrar de todos os nossos empreendedores que assim como a Mangueplast e a Castelar são os verdadeiros responsáveis pela pujança do nosso município. E sequer se cogitou em mencioná-los no protocolo.


terça-feira, 10 de maio de 2016

NÃO SEJA FANÁTICO NEM EXAGERADO

NÃO SEJA FANÁTICO NEM EXAGERADO


Ou uma costela de porco bem gorda.
Ou uma mulher bonita e outra feia




NÃO SEJA FANÁTICO NEM EXAGERADO

Ouço, por aí, muitos conselhos sobre saúde. Um ditado diz que “de médico e louco todos temos um pouco”.
Quando você enfrenta algum problema de saúde, ouve palpites e conselhos em profusão. Ouve tantas coisas a ponto de deixar sua cabeça embaralhada: chás, regimes, alimentos para isso e aquilo, curas espirituais e até praticas supersticiosas.
Os próprios profissionais da saúde, muitas vezes, fazem recomendações, incabíveis. Assim houve época em que o ovo de galinha era o vilão. Quem quisesse viver com saúde não podia comer ovos. Lembro de um tempo em que a nata era uma ofensa a saúde. A recomendação era a margarina. A banha de porco também já esteve no banco dos réus sofrendo críticas severas da parte das nutricionistas. Ao invés de banha recomendavam azeite.
Coma duas bananas por dia, recomenda o Dr. Abraão Winogron. Nas suas intervenções pela rádio Guaíba, Winogron recomenda mais: coma duas laranjas, três nozes por dia, coma alho, uma taça de vinho tinto.
Então o fantástico faz uma matéria sobre as propriedades nutricionais da maçã. A onda pega e finalmente os produtores conseguem vender a sua produção estocada nas câmeras frias.
A última saiu no face: um trago de cachaça todos os dias. A cachaça bebida com moderação faz bem à saúde. Muitos bebuns devem estar felizes. Agora podem beber sem remorsos.
Hipocrates dizia: “Somos o que comemos”. Talvez esta afirmação não seja totalmente verdadeira. Se um negro e um branco comerem rigorosamente o mesmo alimento não deixarão de ser negro e branco. Ou uma mulher bonita e outra feia... musculoso e franzino...
Com certeza é recomendável considerarmos a ciência e o conhecimento dos profissionais da saúde, porém a padronização me incomoda. Cada um de nós é uma individualidade, e a natureza nos dotou de mecanismos que, se ainda não foram deturpados, são sempre a melhor escolha.
 Conheço pessoas que chegam a ter insônia só porque em vez de duas bananas comeram três como recomendam as nutricionistas. Ou uma costela de porco bem gorda.
Provavelmente o prezado leitor deve estar, até a cabeça, com recomendações e conselhos a respeito de saúde. Mesmo assim me arrisco a acrescentar mais duas:

-não seja fanático,

- e não, exagerado.

terça-feira, 3 de maio de 2016

A TRAJETÓRIA DA VIDA


A TRAJETÓRIA DA VIDA




Em geral as crianças são mais capazes de serem felizes

Com unanimidade responderam que gostariam de voltar a ser criança. 
Qual quer coisa serve para brincar e ser feliz

infância saudável




A TRAJETÓRIA DA VIDA

Os altos e baixos são uma constante na nossa vida. Passamos por momentos de angústia, de incertezas e de medos.
 As crianças anseiam por independência e auto determinação, porém, ao mesmo tempo, se afligem com a ideia que quando crescerem terem que se bastar. Os jovens se angustiam diante da enxurrada de hormônios que invadem sua corrente sanguínea. Por um lado a natureza exige atitudes que as religiões e a moral condenam. Isso tudo os deixa inseguros. Nos meninos a sexualidade explode e a testosterona os impulsiona para atitudes que a sociedade desaprova deixando suas mentes em grande confusão. É também tempo de escolher uma profissão, de cortar o cordão umbilical. O jovem é chamado para grandes decisões que poderão ser responsáveis por verdadeiras guinadas na sua vida.
Depois chega a fase adulta quando somos chamados para carregar nos ombros a responsabilidade de garantir sucesso profissional, de prover sustento e bem-estar para nós e os nossos.
Assim transcorre a nossa vida que de fase em fase muda as exigências.
Daí os filhos estão criados e finalmente estamos livres para “aproveitar a vida”. Só que daí a idade começa a pesar.
Se alguém, de fora do nosso planeta ler o que escrevi entenderá que as coisas por aqui são uma verdadeira droga. Sabemos, no entanto, que a vida também sabe ser bela e que os momentos bons e os difíceis sempre se alternarão. Aliás, a natureza é assim, e como somos parte dela também estamos sujeitos às suas regras. É o pulsar da natureza, é o vai e vem, é a quebra da mesmice que quando vivida com sabedoria afasta o tédio e a rotina impulsionando-nos para novas experiências e aprendizados.
Creio que o segredo do “bem viver” é não relutar. É aceitar as mudanças e encarar, com curiosidade e expectativa a nossa trajetória por aqui. Mesmo porque ela é inexorável.
Cada fase da nossa vida tem seus encantos. Perguntei para vários idosos qual a fase de suas vidas foi a melhor. Com unanimidade responderam que gostariam de voltar a ser criança. Em geral as crianças são mais capazes de serem felizes.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

OS DOIS LADOS DO MARTELO

Martelo de unha
martelo do borracheiro e outras finalidades


martelo do juíz
Martelinho de ouro ou “funilaria artesanal

simbolo do comunismo

Até dentistas e cirurgiões usam martelos para determinadas atividades




OS DOIS LADOS DO MARTELO

Creio que o martelo seja a ferramenta mais difundida no mundo. Em todo lar, minimamente organizado, há um martelo. Além de ser largamente utilizado por amadores, também faz parte do instrumental de muitos profissionais.
Conforme sua utilização ele muda de formato e tamanho. Existe, por exemplo, um bem pequeno utilizado por sapateiros. Até dentistas e cirurgiões usam martelos para determinadas atividades. Há os martelos enormes como marretas, utilizados para quebrar pedras e fazer trabalhos pesados. Existe, também o “Martelinho de ouro ou “funilaria artesanal. É uma técnica artesanal para desamassar carros, sem precisar de serviços de pintura.
 Porém, o mais comum e mais difundido é o martelo de unha. Esse, além da base para o impacto, possui duas unhas que servem para arrancar pregos. Os profissionais condenam essa prática (arrancar pregos com o martelo) por que dizem que isso danifica podendo, até, quebra-lo. Alegam que para isso existe o pé-de-cabra.
Para manusear com eficiência o martelo precisamos considerar dois princípios que são inversamente proporcionais: Se você segurar o cabo muito próximo do martelo então terá mais precisão na batida, porém menos força de impacto. Se, ao contrário, segurar o cabo mais no seu final então terá menos precisão, porém mais força de impacto.
O martelo é uma ferramenta de muita utilidade, porém ele pode se transformar em algo sinistro e maléfico. Quando você vê uma unha com uma mancha preta pode ter certeza que foi obra do martelo.
José Clemente Pozenato é um escritor de renome e mora em Caxias do Sul. Entre suas obras encontramos “O CASO DO MARTELO” que conta a história de um assassinato onde a arma do crime foi um martelo.
 O crime mais vergonhoso e hediondo cometido pela humanidade, talvez, tenha sido a crucificação de Cristo. Certamente, aí, o martelo teve participação efetiva.
Porém, como sempre, não é o instrumento que pratica o mal, mas sim quem o comanda. O revólver seria inofensivo se ninguém puxasse o gatilho
Se você não tem um martelo em casa trate de adquirir um. Ele é muito útil e até indispensável num lar.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

UM MONSTRO EM ARROIO CANOAS

É claro que “monstro” é apenas o apelido.

Fiz, há pouco tempo, um trabalho com eles e me impressionei com o pronto atendimento

 A empresa conta com mão-de-obra qualificada

estoque, em torno de quinze cores diferentes de pedras. 






UM MONSTRO EM ARROIO CANOAS




  Em 2013 nascia, em Arroio Canoas, uma empresa. Na época, escrevi um texto sob o título “COMO NASCEM AS GRANDES EMPRESAS”.
  Depois de dois anos e meio estou novamente aqui para tratar da NJV Mármores.
- Apesar da “crise”, até hoje, não faltou trabalho, disse Nelci, quando lhe perguntei sobre os progressos da empresa.
          A marmoraria se instalou precariamente para, no decorrer dos anos, ampliar as instalações. Hoje conta com máquinas para os mais diversos fins e tem à disposição dos clientes um considerado estoque, em torno de quinze cores diferentes de pedras. Falando com Valdecir Deconti me disse que a cada quinze dias vem uma remessa de quinze pedras para repor o estoque. A empresa conta com mão-de-obra qualificada e entre eles o monstro. É claro que “monstro” é apenas o apelido. Seu nome é José Carlos Deconti. Na verdade, o apelido nada tem a ver com sua personalidade. É cortês com os clientes e trata todos com cordialidade. Com certeza o sucesso da empresa tem a ver com o modo com que ele trata as pessoas. Assim como José Carlos todos os funcionários são atenciosos e se esforçam para bem atender o cliente.
Fiz, há pouco tempo, um trabalho com eles e me impressionei com o pronto atendimento. Um dia depois da encomenda a pia já estava instalada na minha casa.
A NJV MÁRMORES trabalha com três tipos de pedras. Mármores para acabamentos internos por ser muito poroso, granito mais duro e resistente ao tempo para qualquer situação e, basalto principalmente para pisos. Trabalha com churrasqueiras, soleiras, pingadeiras, escadas, túmulos e móveis sob medida.
A empresa localiza-se na Estrada Geral de Arroio Canoas, entre as comunidades de Navegantes e Sagrado C. de Jesus, mais precisamente na propriedade de Elísio e Dorilda Anselmini. Em Arroio Canoas a Empresa atende pelo fone 51 3696 5016. Em Carlos Barbosa, Rua Veneza 67, fones 54 3461 5947 ou 54 9964 3723 ou 54 9238 4534.
Por dois meses a NJV MÁRMORES, estará patrocinando este espaço





domingo, 10 de abril de 2016

O JOGO DE CARTAS

baralho para schofkop, composto pelos quatro naipes do nove até o az
Armando Kuhn




O JOGO DE CARTAS

Quando tratamos do jogo de cartas, há pelo menos dois aspectos a serem considerados. Conheço indivíduos que arruinaram suas vidas, e da família, com o vício do jogo. Para tais pessoas o jogo de cartas se compara a qualquer outro vício. É preciso uma grande força de vontade para se livrar. São atraídos pela necessidade de arriscar-se. Vão em busca das emoções que lhes traz a expectativa do ganho. 
Tenho um amigo que que ganhou uma bela soma de dinheiro, fruto de vários dias de trabalho árduo. Antes de ir para casa alguns “amigos” o convidaram para uma carteada. Perdeu tudo e teve que ir para casa com o bolso vazio.
Mas o jogo de cartas pode ter, também, o aspecto lúdico. Uma carteada é capaz de reunir amigos e familiares. Joga-se não com o objetivo do ganho mas buscando a diversão e o convívio. Em geral as famílias se reúnem aos domingos e enquanto os homens jogam, as mulheres aproveitam para colocar as fofocas em dia, preparam guloseimas, ou assistem ao jogo torcendo cada uma para seu marido. Algumas vezes, as mulheres também participam do jogo, mas em geral elas jogam “o loto”, uma espécie de bingo.
 Na família de Armando Kuhn os homens se reúnem, de tempos em tempos, para um “schofkop” (schafkopf). Para o jogo se tornar mais interessante e os jogadores manterem o foco é costume jogar-se por dinheiro. Mas, o valor das apostas é somente simbólico. Porém, há quem afirme que nos Kuhn este valor não é tão simbólico assim. Sabe-se, por exemplo, que Gil já ganhou belas somas que seus cunhados e sogro perderam. Gil vangloria-se dizendo que sabe jogar melhor porém os parceiros dizem tratar-se unicamente de sorte.
Gilmar Pörsch é meu amigo e é casado com Ivete Kuhn Pörsch. Gil, como é conhecido, é, como eu, um “guaibeiro”. Ele é madrugador. Levanta às cinco da manhã para escutar o Rogério Mendelski no programa “Bom Dia” que vai ao ar, pela Rádio Guaíba, de segundas às sextas.

Quero deixar o meu abraço ao amigo Gilmar e a toda família Kuhn. São todos pessoas de bem e sabem manter estreitos os laços familiares. Com certeza o “schofkop” contribui significativamente para o fortalecimento desses laços.

segunda-feira, 28 de março de 2016

NÓS E OS ANIMAIS

Baleia encalhada
um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas




NÓS E OS ANIMAIS

Ou talvez o título “NÓS, ANIMAIS” ficaria mais adequado?
Será que somos uma espécie de animais diferenciada? Parece-me que sim se considerarmos algumas aptidões que foram-nos legadas pela natureza. Temos uma inteligência privilegiada, livre arbítrio, poder de abstração e tantas outras. Mas se somos superiores em alguns aspectos perdemos em outros. Há quem diga que o cão tem um sentido apuradíssimos para perceber que seu dono está chegando em casa. Será isso telepatia?
Imagino que, lá no início, não havia animais domésticos. Cada espécie fora dotada de habilidades que lhe pudessem garantir a sobrevivência. Havia liberdade e autodeterminação para que cada espécie vivesse de acordo com sua natureza.
A domesticação é sempre uma violência. É um jogo de interesses. Um jogo de “toma lá e dá cá”. De dominação e submissão, é uma espécie de corrupção. Nós somos os corruptos e os animais, os corrompidos
Há alguns dias, apareceu, aqui em casa, um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas. Quando domesticamos um animal lhe tiramos a habilidade de sobreviver por si. Ele desaprendeu a se bastar. Depende do alimento e abrigo do homem. Primeiro lhe tiramos a capacidade de sobreviver por si e depois, o abandonamos.
Então existem as “ASSOCIAÇÕES DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS”. São pessoas voluntárias que tem como objetivo coibir os maus tratos a animais.
Vi um vídeo onde um grupo de pessoas estava salvando uma baleia encalhada na praia. Aí por perto havia um tonel cheio de água e repleto de peixinhos. Uma criança se divertia olhando aqueles peixinho nadando no tonel. Então, um dos homens, com um balde, pegou uma quantidade daqueles peixinhos e derramou dentro da boca da baleia. A criança desatou a chorar desesperada.
Será que a vida de uma baleia vale mais que a de um peixinho?
Nos preocupamos com o nosso cachorrinho mas exterminamos as pulgas que num processo de simbiose habitam um lugar que a natureza lhes reservou. Vejo gente gritando contra maus tratos a cachorros, mas nunca vi alguém protestar contra o extermínio de pulgas, moscas, mosquitos, rãs... Tudo são vidas. Quem somos nós para sentenciar que uma vale mais que a outra?
Somos prepotentes e intervimos na natureza irresponsavelmente.
Escrevi no meu livro “REENCONTRO”:

. Nesse momento percebeu que a natureza soberana estava retomando o seu lugar depois de agredida e, aparentemente, subjugada. Ah o tempo! O que importa o tempo? A natureza tem mil caminhos para trilhar. Anos e séculos para esperar! Se a prepotência do homem cria obstáculos, com toda a paciência, ela os contorna. Sem pressa e sem alarde elege outro caminho. Ela é perfeita e insubjugável. Ela irá retomar a soberania mesmo que para isso tenha que se valer de crueldade. Sofre calada, os abusos de mil gerações e se vinga de uma só porque somos um tecido único desde o princípio. Quando parece derrotada ressurge vigorosa onde ninguém podia imaginar. 

segunda-feira, 21 de março de 2016

UMA AVENTURA DE DOIS MOLEQUES

 Reinoldo e Verônica Käfer



  UMA AVENTURA DE
 DOIS MOLEQUES

Beno e Erno são os filhos mais novos do casal Reinoldo e Verônica Käfer. Beno tinha dez e Erno sete quando a mamãe Verônica os chamou para irem na venda:
- Zwei kg Fleisch und fünfzig Gramm coalhen. (Dois kg de carne e cinquenta gramas de coalho). Era o que deveriam comprar na venda de Vitório Chies. Então Beno quis saber como se dizia coalhen em português porque Vitório era italiano e não falava alemão.
- Coalho, disse o pai Reinoldo, que estava ouvindo a conversa. O pequeno Erno prestou atenção e enquanto iam para a venda ficou repetindo a palavra para não esquecer.  
- Co a lho, co a lho, co a lho...
Quando chegaram, Beno fez o pedido. Dois kg de carne e quinhentos gramas de... Coalho, disse o pequeno Erno, se intrometendo no assunto.
Mas, Vitório estranhou o pedido. Certamente, os dois meninos não iriam comprar meio kg de coalho. Se quer ele tinha essa quantidade em estoque. Alguma coisa não estava batendo. Por sorte estava aí o Schneider Alvis que falando em alemão com os meninos descobriu que a quantidade não era quinhentos gramas, mas sim cinquenta. Resolvida esta questão puseram-se a caminho de casa.
Perto da onde, hoje, mora o Getúlio um córrego atravessava a estrada e logo após, um aclive acentuado. Antes de chegarem ao córrego um caminhão passou por eles. Era o Floriano. Para atravessar o córrego ele baixou a velocidade quase parando. Então, Beno teve a ideia de subirem no caminhão para pegarem uma carona até em casa. Sem muita dificuldade os dois subiram no caminhão. Acomodaram-se bem na frente da carroceria, colocaram as compras no chão e se seguravam com as duas mãos. Já perto de casa, as condições da estrada melhoraram e o caminhão aumentou a velocidade. Com o vento, o chapéu de Beno voou para baixo. Ele não teve dúvidas. Correu, a toda, até o fim da carroceria e apoiando uma mão na tampa saltou para baixo. Quem já pulou de um veículo em movimento sabe muito bem o que deve ter acontecido. O Coitado do menino levou um tombo fenomenal, mas sem demora se recuperou e foi pegar seu chapéu. O pequeno Erno, agora sozinho, se apavorou e imitando o irmão também saltou do caminhão.
 Aí, se lembraram das compras que haviam ficado no caminhão.
 O que fazer?
- Vamos correr atrás dele, disse Beno.
Para sorte deles Floriano tinha um negocio a resolver com Osvino Käfer. A parada foi suficiente para que Beno subisse no caminhão e resgatasse o saquinho com as compras.
Um pouco adiante, sentaram num barranco e examinaram os joelhos que, em função do tombo, sofreram arranhões significativos.
Jamais os pais dos garotos souberam do acontecido e nem o Floriano que, sem saber, deu carona aos dois moleques aventureiros.