Baleia encalhada |
um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas |
NÓS E OS ANIMAIS
Ou talvez o título “NÓS, ANIMAIS”
ficaria mais adequado?
Será que somos uma espécie de animais
diferenciada? Parece-me que sim se considerarmos algumas aptidões que foram-nos
legadas pela natureza. Temos uma inteligência privilegiada, livre arbítrio,
poder de abstração e tantas outras. Mas se somos superiores em alguns aspectos
perdemos em outros. Há quem diga que o cão tem um sentido apuradíssimos para
perceber que seu dono está chegando em casa. Será isso telepatia?
Imagino que, lá no início, não havia
animais domésticos. Cada espécie fora dotada de habilidades que lhe pudessem
garantir a sobrevivência. Havia liberdade e autodeterminação para que cada
espécie vivesse de acordo com sua natureza.
A domesticação é sempre uma
violência. É um jogo de interesses. Um jogo de “toma lá e dá cá”. De dominação
e submissão, é uma espécie de corrupção. Nós somos os corruptos e os animais,
os corrompidos
Há alguns dias, apareceu, aqui em
casa, um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas. Quando
domesticamos um animal lhe tiramos a habilidade de sobreviver por si. Ele
desaprendeu a se bastar. Depende do alimento e abrigo do homem. Primeiro lhe
tiramos a capacidade de sobreviver por si e depois, o abandonamos.
Então existem as “ASSOCIAÇÕES DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS”. São pessoas voluntárias que tem como objetivo coibir os
maus tratos a animais.
Vi um vídeo onde um grupo de pessoas
estava salvando uma baleia encalhada na praia. Aí por perto havia um tonel
cheio de água e repleto de peixinhos. Uma criança se divertia olhando aqueles
peixinho nadando no tonel. Então, um dos homens, com um balde, pegou uma
quantidade daqueles peixinhos e derramou dentro da boca da baleia. A criança
desatou a chorar desesperada.
Será que a vida de uma baleia vale
mais que a de um peixinho?
Nos preocupamos com o nosso
cachorrinho mas exterminamos as pulgas que num processo de simbiose habitam um
lugar que a natureza lhes reservou. Vejo gente gritando contra maus tratos a cachorros,
mas nunca vi alguém protestar contra o extermínio de pulgas, moscas, mosquitos,
rãs... Tudo são vidas. Quem somos nós para sentenciar que uma vale mais que a
outra?
Somos prepotentes e intervimos na
natureza irresponsavelmente.
Escrevi no meu livro “REENCONTRO”:
“. Nesse momento percebeu que a natureza soberana estava retomando o seu
lugar depois de agredida e, aparentemente, subjugada. Ah o tempo! O que importa
o tempo? A natureza tem mil caminhos para trilhar. Anos e séculos para esperar!
Se a prepotência do homem cria obstáculos, com toda a paciência, ela os
contorna. Sem pressa e sem alarde elege outro caminho. Ela é perfeita e
insubjugável. Ela irá retomar a soberania mesmo que para isso tenha que se
valer de crueldade. Sofre calada, os abusos de mil gerações e se vinga de uma
só porque somos um tecido único desde o princípio. Quando parece derrotada
ressurge vigorosa onde ninguém podia imaginar.
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