terça-feira, 13 de setembro de 2011

GERMANO SCHNEIDER






GERMANO SCHNEIDER


Talvez, nos últimos cinqüenta anos o mundo tem caminhado, célere, ao encontro da sofisticação. Desde que o homem habita a terra nunca criou tanto e inovou com tanta rapidez como agora. Mal nos acostumamos com uma novidade e já nos é apresentada outra. Os nossos gravadores de fita K7, Antigos computadores, máquinas de escrever elétricas, Televisores PeB e tantas outras coisas que há pouco eram a sensação do momento, hoje estão nos museus. Aliás, os museus já não comportam mais toda essa tecnologia “ultrapassada” e o que não é reciclado vai para aterros sanitários ou pior ainda, para os córregos, rios e acaba no fundo dos oceanos. Lembro que minha mãe comprava soda em latinhas de meio kg. Depois de aberta com cuidado e limpa servia para caneca. Tomei muito leite em “Sôdaplechelschen”.(Latinha de soda).
Escrevi toda essa introdução para fazer contraponto com uma realidade antagônica a essa. Trata-se do nosso Germano. Enquanto o mundo caminha para a modernidade ele volta ao passado. Ele não conhece celular, comunicação por Email, Gmail, Orkut e tantas outras novidades a disposição do homem moderno. Tudo isso faz a mínima diferença na vida dele. O que faz diferença é o frio que faz as bergamotas caírem mais cedo, o abacateiro que carregou poucas frutas neste ano ou um vizinho ter derrubado um capoeirão onde ele costumava colher quaresmas e outras frutas silvestres. E, apesar de receber um salário mínimo de aposentadoria não se importa se o Lula deu ou não um aumento aos aposentados. É verdade que ele vai todos os meses ao banco, em Barão, retirar sua aposentadoria, mas em vez de gastá-la com algum conforto só retira o troco e o resto deposita numa poupança. Aliás, para não prejudicar o depósito, caminha até Barão (11 km), para não precisar gastar com passagem. Os íntimos garantem que ele tem uma pequena fortuna depositada em poupança. Segundo essas pessoas ele costuma dizer:
- “Este dinheiro veio do governo e vai voltar para o governo”.
Germano tem oitenta e três anos e jamais adoeceu. Ninguém sabe quando tomou seu último banho ou se já fez isso alguma vez na vida. Mora sozinho, Em Arroio, no Sagrado, numa casa construída pelos pais, que está caindo aos pedaços. Durante sua vida não precisou de médico, psicólogo, juiz ou advogado. Enquanto a humanidade se afasta da natureza ele convive com ela. Jamais se queixou de stress, insônia ou dor de cabeça. Para ele uma segunda feira vale tanto quanto um sábado. Só presta atenção ao calendário mensal para retirar sua aposentadoria da conta corrente e depositá-la na poupança.
Não quero apresentá-lo como um modelo a ser seguido, porém com certeza lições importantes poderíamos aprender do seu modo simples de encarar a vida.

2 comentários:

  1. Como dizia Ana Bonadia
    "Ninguém sabe o que se passa na vida de ninguém, não se sabe das dificuldades, as tristezas, as dores e marcas que da vida deixou. Então não podemos julgar, alguém sem conhecê-la de verdade". O Germano vive sua vida sem se preocupar com o que as pessoas pensam, talvez seja o grande diferencial que o mantem tão bem. Ele é caso a ser estudo. Parabéns pelo lindo texto!
    Lú Hentz

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