A VERDADEIRA HISTORIA DOS BOIS DO REMO
Saímos no domingo, bem cedinho, com nossos cavalos |
Djoanin e esposa. |
Nos fundos o paiol |
A
VERDADEIRA HISTÓRIA DOS BOIS DO REMO
Certo
dia, o Djoanin veio visitar-me para reclamar da história que contei sobre os
bois fujões do Remo. Disse que era uma história bonita, mas tudo mentira.
-
Então você está me chamando de mentiroso? Perguntei.
- Ou
tu ou quem te contou a história. Mas então, se a minha história é uma mentira como
foi que tudo aconteceu?
-
Pra começar, não eram dois bois. Eram cinco! Um mais brabo que o outro. Fugiram
numa sexta feira, antes da noite, e ninguém mais os viu. No sábado procuraram
por tudo mas nada encontraram. E outra coisa, essa história do Gabriel também é
pura mentira. Eu conheci o Gabriel. Sei que caçou muitos bois por aí, mas dessa
vez ele não participou.
-
Mas então, quem pegou os bois?
- Vou
te contar. Foi o meu irmão Gambon e eu. Saímos no domingo, bem cedinho, com
nossos cavalos. Levamos os laços e nada mais. Soubemos que lá em Santo Antônio
de Castro o povo estava apavorado com uns bichos selvagens que apareceram no
mato. Desconfiamos que esses bichos fossem os bois fujões.
Logo que entramos no
mato, vimos as pegadas dos bois. O Gambon preparou o laço e na primeira atirada
já pegou um. Amarramo-lo e fomos atrás dos outros. Então veio um em nossa
direção. Arremessei o laço e peguei aquele também. Depois, eu peguei mais um e
o Gambon o outro. Daí o Remo veio pegar os bois com um caminhão boiadeiro.
-
Mas escuta Djoanim, se não me engano você falou de cinco bois. O que aconteceu
com o outro?
Aí, o Djoanim deu uma tossida, pegou um
palheiro que estava atrás da orelha, pensou um pouco, fez uma pose de
importante e falou:
-
Bem, esse era o mais brabo e nós o pegamos a muque. Eu segurei o bicho pelo
rabo e o Gambon pelos chifres. Daí contei até três e ao mesmo tempo damos um
golpe seco no bicho. O animal caiu esticado no chão. O Gambon deu um golpe tão
forte que desnucou o boi. Por sorte eu tinha comigo a faca e sangrei o bicho ai
mesmo.
Esta
é a verdadeira história. Acho que tu precisa cuidar um pouco mais com esse
pessoal que conta as histórias pra ti. Muitas vezes, contam histórias
mentirosas só para aparecer no jornal.
É...um pouco complicado mesmo reproduzir ou publicar uma história contada por alguém...Tá, mas e aí? Quem garante ser a história do Djoanin a correta? Ele é claro. Mas eu outro? Também contou como sendo a sua versão verdadeira... Particularmente, não vejo problema em publicar, desde que, não se esqueça de acrescentar no texto as clássicas palavras: ...segundo afirma, "fulano de tal...". E a própria publicação dá a qualquer leitor o direito de contestar, como neste caso.
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