terça-feira, 25 de setembro de 2012

SIMBOLOS



SÍMBOLOS


Mais importante símbolo do Cristianismo
Letícia recebendo o sacramento do Crisma
foto de  Augusto Käfer

Os doze crismandos, catequista Rita e Padre José Inácio
Foto de Augusto Käfer


SIMBOLOS


Os símbolos são estereótipos com os quais queremos representar algum valor além da matéria. Assim, clubes, associações, famílias, nações, igrejas, marcas comerciais e outras  usam símbolos para se identificar. A Cruz é o principal símbolo da Igreja Católica mas muitos outros fazem parte do seu ritual: figuras de santos, velas, vestimentas, ritos e outros.
Quero, hoje, me referir especialmente ao ritual do Crisma. Há pouco, doze jovens foram confirmados aqui na nossa comunidade. Uma vez, o bispo vinha crismar os nossos filhos. Desta vez, veio um padre. Não discuto a validade do sacramento ministrado pelo padre. Isso é uma questão de fé religiosa. Falo do símbolo.
 A nossa comunidade se preparou, com esmero, para o evento. Muitas pessoas se empenharam: liturgia, cânticos, ornamentação, limpeza.  Mas o bispo não veio. A catequista se dedicou durante meses preparando os doze adolescentes. Mas o bispo não veio. Veio um padre. Mesmo assim, foi um momento sublime que, certamente, vai marcar a vida destes doze adolescentes. A Letícia, representando a turma, escreveu um lindo texto para homenagear a catequista:

Catequista Rita!
Quando paramos para pensar na vida, são pessoas como você que nos mostram o quanto é importante sonhar sem esquecer a realidade. Que lá fora existe um mundo e nós fazemos parte dele. São pessoas como você que nos obrigam a dizer: "Obrigada por existir e, de alguma forma, fazer parte de nossas vidas"!
É tempo de nascer para a vida, para os sonhos e para os outros. É tempo de celebrar os encontros, as conquistas e as amizades. É tempo de refletir sobre o passado, sobre o futuro e sobre o presente.
Há pessoas que querem ser bonitas para chamar atenção, outras desejam a inteligência pra serem admiradas. Mas há algumas que procuram cultivar a alma e os sentimentos; essas alcançam o carinho de todos, porque além de belas e inteligentes tornam-se realmente pessoas. Você Rita é uma dessas pessoas!
Em nossos encontros você sempre nos falou sobre as sementes que precisam ser semeadas com paz e amor, e assim, podendo gerar o alimento que precisamos para viver. Viver com alegria, coragem e determinação para seguir adiante. Viver o presente com sabedoria e plenitude para que o ontem seja um sonho de felicidade e cada amanhã uma visão de esperança. No envelope que iremos lhe entregar consta o nome das 12 sementes que você lançou nessa caminhada.
Agradecemos pela compreensão, paciência, dedicação e carinho que você teve por nós durante nossos encontros. Esperamos que estas sementes se fortaleçam e se tornem verdadeiros cristãos em Deus, pois foi isso que você nos ensinou.
A Letícia é filha da professora Flavia e de Tarcísio Royer. A pesar da idade, escreve muito bem como mostrou na homenagem que escreveu para a catequista.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

LOJA CHEGA MAIS

CHEGA MAIS










CHEGA MAIS


Já faz quatro anos que escrevo esta coluna. Todas as semanas, chego até você para comungar pensamentos, impressões, anseios, notícias, emoções e sentimentos.  Enfim, desnudo minha alma para compartilha-la com vocês. Nos meus textosprocuro mesclar informação, humor, cultura, arte e emoção.
 São quatro anos de aprendizado. Melhorei meu texto, criei um estilo próprio e hoje, sei que a minha coluna tem seu espaço consolidado. O depoimento de muitos leitores me dá esta certeza quando dizem que esperam o jornal para lerem a minha coluna. Nada mais gratificante para quem escreve do que saber que está sendo lido.
A partir desta edição, inicio uma nova etapa. Duas moças empreendedoras, acreditando no potencial de divulgação desta coluna, estarão me patrocinando.
 A Mirna e a Marcia sabem da importância da publicidade.  Sabem que precisam divulgar o seu empreendimento. Se as pessoas não soubessem, como iriam comprar na nova loja “CHEGA MAIS”?
 Sabiamente, há um ditado que diz: “A propaganda é a alma do negócio”. Com criatividade, competência e bom gosto utilizam as mais variadas formas para divulgarem sua loja. Assim, por exemplo, ouvi a Marcia brincar com uma cliente quando lhe recomendou que saísse pela cidade balançando a sacola da loja para que todos vissem onde tinha comprado.
 Obrigado por acreditarem no potencial de divulgação deste espaço. Ao me patrocinarem estão valorizando esta coluna e contribuindo para a cultura do município.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

OS BOIS FUJÕES DO REMO





OS BOIS FUJÕES DO REMO


De tardezinha, o ônibus parou na frente da nossa casa



 E Tia Clara desembarcou.
 Eram dois bois enormes. 

 Gabriel, com seu rifle, matou os dois com um só tiro.




OS BOIS FUJÕES


De tardezinha, o ônibus parou na frente da nossa casa e a Tia Clara desembarcou. Era o aniversario de papai, data que ela jamais esquecia. Saímos correndo para recebê-la. Papai não gostava dela porque ela se metia nas coisas que não lhe diziam respeito. Mas nós a adorávamos. Sempre nos trazia presentes da cidade.
Quando entrou, foi logo cumprimentar papai e, de presente de aniversário, lhe deu uma lima triangular para afiar o serrote.
 Antes de dormir, combinamos que, no dia seguinte, iríamos apanhar bergamotas numa bergamoteira velha lá no morro, no meio da roça.
Depois do café, a Tia, meu irmão mais novo e eu saímos para pegar as bergamotas. Meu pai aconselhou que a tia não fosse, pois mancava devido à sequela de um tombo de bicicleta. Antes de sairmos de casa, mamãe lembrou-se dos bois que tinham fugido do açougue do Remo. Ficou preocupada, pois se falava que eram brabos. Mas papai nos tranquilizou dizendo que o açougue ficava “Lá Fora” e, certamente, os bois não teriam fugido para cá.
Na subida do morro Tia Clara se convenceu que papai tinha razão. Desistiu de nos acompanhar e que fôssemos sozinhos apanhar as bergamotas.
Quando chegamos perto da bergamoteira ouvimos um berro atrás de nós. Eram os bois fujões do Remo. Por sorte estávamos perto, e quando iam nos alcançar, já estávamos a salvo em cima da árvore. Eram dois bois enormes. Berravam, mugiam e cavavam com as patas dianteiras.
E agora, o que fazer? Pelo menos aqui no alto não corríamos riscos. Então, meu irmão disse que precisava fazer pipi. Falei para fazer daí mesmo.
- Vou “mijar” em cima do boi, disse.
 Tomou posição num galho e mirou bem na fuça. Quando o animal sentiu o gosto salgado da urina, levantou a cabeça e pôs os dentes a mostra. Deu um berro e saiu correndo, dando coices no ar, simultaneamente, com as duas patas traseiras. O outro, não sabendo o que acontecera, saiu correndo também.
Foi o que nos salvou. Descemos, e numa corrida só, fomos até em casa.
   No dia seguinte, soubemos que o Gabriel, com seu rifle, matou os dois com um só tiro. A bala atravessou o crânio do primeiro e ficou alojada na cabeça do outro. Estavam lá em Coblens refugiados num mato. O Remo, o Gambon, o Artêmio, o Djoanim, o Rodrigues, o Lauro e mais alguns homens corajosos acompanharam o Gabriel na caçada.
Quando a Tia embarcou no ônibus lamentou não poder levar para casa um saco cheio de bergamotas deliciosas. Porém deu graças a Deus por ter desistido de nos acompanhar.


  
   



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AKAHOLA

AKAHOLA 
A paz aviltada



 partiu, com sua amada, em busca de um novo lugar 





 Akahola nasceu num vale verdejante cercado por altas montanhas


AKAHOLA

 

 

Akahola nasceu num vale verdejante cercado por altas montanhas que no inverno se vestiam de um branco intenso. Quando cresceu, tornou-se um homem forte, saudável e generoso. Conheceu uma linda jovem e a escolheu para sua companheira. No entanto, a caça, outrora abundante, se tornara escassa. Havia gente demais para o tamanho do vale. Por isso partiu, com sua amada, em busca de um lugar para si. Após dias de caminhada encontrou uma caverna desabitada e a adotou para seu abrigo. Ajudado pela companheira fez dela um lar aconchegante e confortável. Havia caça em abundância, e um manto tênue de paz pairava sobre o lar de Akahola.

Agora já dois filhos enchiam de alegria o coração do casal. Tudo era perfeito e maravilhoso até que dois homens o atacaram para lhe tomar o abrigo e a companheira. A paz fora ferida mortalmente pela ganância e pela inveja dos invasores.

Estamos vivendo uma época em que a paz está ameaçada. Nas comunidades, grandes ou pequenas, os ânimos se acirram. Muitas vezes, o entendimento precisa ceder seu espaço para a discórdia, o bom senso para a ignorância e o equilíbrio para a insensatez. O caminho que convergia para o mesmo destino agora se abre numa bifurcação. Os protagonistas desta situação tentam sorrir o tempo todo, mas, por vezes, não conseguem esconder o ódio que os consome.  

Akahola foi vítima da inveja e da ganância. Por aqui os adversários se digladiam com ofensas pessoais e agressões, muitas vezes, movidos pelo interesse pessoal de garantir um lugar sob a sombra generosa do poder público.

Através desta coluna faço um apelo pela paz. Afinal, somos todos brasileiros. Que a política não ponha abaixo a harmonia entre irmãos dentro das nossas comunidades, muitas vezes, conseguida a duras penas.