segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ARLINDO FLACH E SEUS GURIS ARTEIROS




 ARLINDO FLACH E SEUS GURIS ARTEIROS


O Arlindo Flach (Flach Lind) morava em Canoinhas e tinha uma tropinha de guris como, aliás, todos os casais naquele tempo. Eles iam para a aula de manhã e, de tarde, para a roça. Nos sábados de tarde e domingos não tinha aula e nem roça e a tropinha ficava desocupada.  
O cavalo de Arlindo já era um matungo velho e, também, muito assustado. Quando alguma coisa o espantava, corria, a todo galope, para um refúgio nos fundos do potreiro que confrontava com um precipício. Para dar acesso ao refúgio havia uma trilha estreita entre o precipício e uma enorme pedra atrás da qual o cavalo se escondia. Aparentemente aquela passagem era perigosa, mas o animal, de tantas vezes que já passara por aí, vencia, sem dificuldade, aquele estreitamento.  Num sábado de tarde, o capeta estava solto em Canoinhas. A gurizada, por si só, já era medonha imaginem então com a ajuda do “coisa-ruim”. A maldade que planejaram era dar um susto no matungo.
 Todos os guris do interior conhecem, e sabem fabricar certo instrumento com o talo da folha da abobreira que, assoprando nele, emite um som grave e rouco. (Em alemão Pova Thudz).
Debulharam uns grãos de milho num cocho para atrair o cavalo e então, o Juca, que era o mais velho, contou até três e todos, ao mesmo tempo, assopraram no seu instrumento provocando um verdadeiro pânico no coitado do animal que, fugiu numa disparada descontrolada, dando coices no ar, em busca do seu refúgio. Os guris, ainda não contentes, perseguiram o matungo dando gritos, risadas e aquelas buzinadas. O Agostinho, que era o mais velhaco se postou em cima da pedra que tinha que ser contornada e quando o cavalo apareceu assoprou no seu instrumento. Com o novo susto o coitado do animal não venceu a curva e caiu no precipício ficando pendurado em cima de uma árvore. Daí, deram-se conta da maldade que cometeram. Foram procurar o pai que queria saber como isso havia acontecido. Todos tentaram culpar o Agostinho que dera o último susto no animal de cima daquela pedra, mas ele se defendeu e acabou incriminando os demais irmãos de modo que o pai ficou sabendo de toda verdade.
Por castigo, no domingo, os guris, em vez de jogar futebol, tiveram que cavar um buraco no fundo do precipício para enterrar o animal que durante a noite caiu, de cima da árvore, quebrando o pescoço. O castigo foi merecido e os meninos aprenderam a lição. De noite, já na cama, o Dionísio comentou com os irmãos:
-Passamos barato! Eu achava que o “veio” ia pegar mais pesado!
As crianças daquele tempo tinham uma infância saudável a pesar de não conhecerem luxo e nem conforto. E essa vida cheia de dificuldades e limitações foi forjando seu caráter fazendo deles homens de bem.

domingo, 30 de outubro de 2011

LADISLAU.






UMA ATROCIDADE


Hoje vou falar sobre Ladislau. Para os íntimos, o Ládis. Ele era um cachorro absolutamente preto. Preto como breu. Você conhece breu? Eu, também, não. Mas sei que o “dito” é usado quando queremos referir-nos a alguma coisa absolutamente preta. Pois, assim, era Ladislau.
 O destino lhe reservou uma vida bonita, em meio à natureza, numa propriedade rural com espaço para correr atrás de lebres, gambás, gatos de mato, preás e muitos outros bichos selvagens.
Apesar de ser um guaipeca sem raça definida, era amado por todas as pessoas da família.
Quando, na comunidade, uma cadela entrava em cio, ou quando não queriam que ele corresse pelas roças estragando as plantações amarravam-no com uma corda.
Certo dia, Henrique soube que uma das cadelas de Mateus estava “naqueles dias”. Então Enedir, a dona de Ladislau, tratou logo de prendê-lo, amarrando-o na traseira da caminhonete, para poupar que sofresse agressões porque nestas ocasiões a cachorrada toda se reunia e a cadela era disputada ferozmente.
Aí aconteceu uma emergência e Enedir foi atendê-la com a caminhonete onde o Ládis estava amarrado. Ninguém se lembrou do guaipeca que foi levado de arrasto estrada afora. Somente a vó Natalia, que estava na janela, viu a terrível cena do Ladislau sendo arrastado. Correu para o telefone e ligou para a Lúcie, mas a caminhonete já havia passado. Então ligou para a Pelácia que, finalmente, se postou na estrada em tempo de parar o veículo. Quando foram ver o que tinha sobrado do cachorro, só encontraram a corda.
 De noite, Ladislau voltou para casa, mas não sem antes ter passado no Mateus onde a cadela estava em cio.
 Mais tarde, concluiu-se que naquela noite ele conquistou o coração dela, pois vários filhotes nasceram com a cara, ou melhor, com o focinho dele.
 Nos bastidores da família Schommer, desconfia-se, ainda hoje, que Enedir planejara aquela ação para se livrar de Ladislau. Sou vizinho dela e a conheço suficientemente bem para ter certeza que ela seria incapaz de uma atitude com tais requintes de crueldade.
Ladislau viveu, ainda, vários anos, tempo suficiente, para conhecer e curtir seus filhotes, netos e bisnetos.
Meu abraço especial vai à Grande Família Schommer. A família que Hugo nos deixou engrandece a nossa comunidade.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Contraditório

          O CONTRADITÓRIO

          Como seria a beleza se tudo fosse belo?
Se só conhecêssemos a alegria, nem nome ela teria.
Que nome daríamos à honestidade se todos fossem sempre honestos. Não é verdade?
E a felicidade, como seria se fossemos sempre felizes? Dia após dia.
 E a saúde, se sempre fôssemos saudáveis?
Que nome levaria a virtude se todos fossem sempre virtuosos?
Como tudo seria?

          Por isso é que precisamos do inimigo, da traição, e da desonestidade.
 Do perigo, e da teia.
Da seca, da dor, e da mulher feia.
 Da escuridão, da falsidade, do barulho e da fome...
          Como a luz precisa da escuridão. O alívio da dor de dente. O calor, do frio. A gentileza precisa do estúpido. A ventura, da desgraça. O rico, do pobre. A bonança, da tempestade. O “fundamental” precisa da “sétima dissonante.” O lado de cá, do lado de lá. O criador, da criatura. A paz da desavença.
          O que seria de Bento sem Caxias? Lajeada sem Estrela? São Leopoldo sem Novo Hamburgo? Do Azul sem o vermelho? Do Copa sem o Gaúcho? Do Chimango sem o Maragato? Da mulher sem o homem? E vice versa? Aliás, o que seria do vice sem o versa? Do céu sem o inferno?
          A propósito, como será que é o céu?
         
                                                                                                 



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

FESTA DA FAMÍLIA SALVI EM COBLÉNS









A SAGA DOS NOSSOS IMIGRANTES
Família Salvi

O Sul do Brasil tem uma peculiaridade. Foi o destino de muitas levas de imigrantes europeus. O que os trouxe? Sabe-se que, basicamente, as dificuldades que enfrentavam na velha pátria em guerra. Trocaram o mundo civilizado por uma terra selvagem sem saber, ao certo, o que encontrariam aqui. Vieram acreditando em promessas. Porém, eu desconfio que não foi este o único motivo. Veja que uma pequena porcentagem de alemães, italianos, poloneses, franceses e etc. vieram. A grande maioria desses povos permaneceu na sua pátria apesar das dificuldades. Por que alguns poucos vieram e os outros não? Certamente, ai tem, também, um componente de personalidade. Quem veio possuía uma alma aventureira. Aquela coisa que impulsiona o indivíduo para a novidade, para a mudança. Aquele que não encontra sossego, que vislumbra um paraíso e vai procurá-lo no desconhecido. Aquele que precisa, sempre, recomeçar, incapaz de fincar raízes. É claro que não podemos generalizar e imputar a todos essa atitude aventureira. Porém, se observarmos os movimentos migratórios da nossa gente, principalmente nos primeiros anos, podemos observar que constantemente trocavam de propriedade, indo, sempre em busca de novas terras. Assim, principalmente, os alemães e italianos, talvez impulsionados pelo espírito aventureiro que já trouxe seus antepassados para cá, foram procurar novas terras na serra gaúcha, “in die serre gewanat” (foi morar na serra) depois o Oeste Catarinense, Paraná, Mato Grosso e Paraguai. Hoje se encontra agricultores gaúchos no Amazonas, Amapá e outras regiões, desbravando a mata virgem sempre em busca do novo, do desconhecido. É a velha alma aventureira que herdamos dos nossos antepassados.
Neste fim-de-semana, houve mais um encontro da “Família Salvi” em Cobléns. O Agostinho me convidou para participar. Estive lá no domingo. Pude, então, comprovar a teoria acima. Veio gente de toda parte. Sabe-se que os primeiros Salvi se estabeleceram em Arcoverde, Cobléns e Três Arroios e de lá se espalharam pelo Brasil a fora. Conversei com gente da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e até teve um Argentino que, ao discursar, não conseguiu disfarçar o sotaque e usou o “portunhol” para se fazer entender.
Foi uma festa tipicamente italiana. Centenas de “Salvi” compareceram deixando transparecer a verdadeira alma italiana de alegria, espontaneidade, da fala alta e da cantoria. Conheço os Salvi de Cobléns, nossos vizinhos, e uma das suas virtudes que admiro muito é o talento musical que lhes corre nas veias. Então, pude ver que não só os Salvi de Cobléns sabem cantar. O palco encheu de gente que cantou várias canções, entre elas o “Segundo Hino Rio-grandense”, “Quem Quiser Saber Quem Sou” do nosso eterno Teixeirinha. Emocionei-me ao ouvir essa linda canção, e ver gente enxugando lágrimas que teimosamente rolavam pela face.  
No domingo, foram servidos mais de novecentos almoços e, no sábado à noite, seiscentas pessoas participaram do Filó. Isso demonstra a pujança dessa grande família que engrandece a nossa região e nos enche de orgulho. Parabéns a todos os Salvi e, principalmente, aos de Cobléns pela organização da festa.

domingo, 16 de outubro de 2011

O QUEBRA-GALHO






O QUEBRA-GALHO

 Não conheço a origem desse termo. Existem outras palavras com o mesmo significado: O Faz Tudo, Pau-Pra-Toda-Obra, Severino, Bombril, e para usarmos um termo menos vulgar, o Polivalente.
Muitas instituições têm em seus quadros essa figura. Nas escolas, muitas vezes, existe aquele professor que sempre é chamado quando uma lâmpada precisa ser trocada, para instalar um equipamento eletrônico, abrir uma porta que enguiçou, uma gaveta que não abre, hastear a bandeira, ou quando uma professora distraída chaveou o carro com a chave dentro e muitas outras situações que ocorrem no dia a dia de uma escola.
 Muitas prefeituras, também, contam com algum funcionário assim. Em geral, esses profissionais não recebem o devido valor, mas são imprescindíveis para o bom funcionamento dessas instituições.
Quero citar, como exemplo, o Dique. Dique é apelido. Seu nome é Henrique Dai Prá filho da professora Léa.
Na prefeitura de Barão, o Dique faz qualquer coisa. Jamais rejeita um trabalho que alguém solicita. Está sempre disposto a colaborar seja onde e quando for. Para ele é uma alegria poder ajudar. Trabalha na prefeitura desde a criação do município e por isso conhece todos os meandros lá dentro. Ele é um funcionário exemplar e muito bem quisto pelos colegas porque trata a todos com cordialidade. Segundo me contaram só tem um defeito: É colorado. Mas todos nós temos o direito de ter um defeito. O dele é ser colorado.(brincadeirinha Dique.) Ele, também é desportista e já atuou nos dois clubes de Barão como goleiro e dirigente. Sempre se dedica com paixão às coisas que faz e por isso tem o respeito e a admiração dos próprios adversários.
Quero cumprimentar a grande família Dai Prá onde, além do Dique, tenho vários amigos. Cumprimentar, também, na pessoa de Henrique, todos os funcionários da prefeitura que, muitas vezes, são mal-vistos em consequência dos descaminhos verificados em outros escalões. Sei que o nosso quadro é competente e dedicado.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

KANOA KERB FEST-2011




     Hino do Kanoa Kerb Fest:
Grupo de Cantos do Sagrado
Trombone :Lucas Eduardo Grave
 Composição: Laurindo Hentz,


Muita animação. Tudo é festa e alegria

Alegria estampada em cada rosto

Olha que bela companhia

O primeiro Kerb de Arthur. Michele e Décio

Essa turma fez muita festa

O kerb é uma festa tradicional da cultura alemã  Em Arroio Canoas, a comunidade se esforça para  mantê-la viva, apesar das dificuldades para se adaptar aos tempos modernos.

Ocorreu neste sábado dia 8 de outubro e transcorreu num clima alegre e festivo. Recebemos visitas de muitos lugares como: Carlos Barbosa, Garibaldi, Bento Gonçalves, Brochier, Maratá, Esperança, Boa vista, Campo do Meio, Barao, Salvador do Sul, Montenegro, Porto Alegre, Coblens, Arcoverde, Sao Vendelino e muitos outros lugares. A comunidade agradece aos visitantes. Esperamos ter agradado a todos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

KORAL KANOAS de crianças



Ensaio Coral Canoinhas







Ensaio, Coral Canoinhas




Natal de 2010. Em Arroio Canoas, Barao, Rio grande do Sul, Brasil. Capela Sagrado C. de Jesus.





O RECOMEÇAR

Sinto, no meu entorno, tudo desmoronando.  Das coisas lindas de outrora ficou somente a saudade. Na minha frente vejo um paredão feio que delimita uma área cheia de entulhos e escombros, sinal do ocaso de um tempo lindo que vivi. Tento olhar para além do muro, mas enxergo nada. Uma tristeza profunda de desesperança, então, toma conta do meu coração.
Sou obrigado a assistir ao fim de algo que aprendi a amar e ajudei a construir. É como um cometa brilhante e formoso que, porém, teve uma passagem efêmera. Acostumei-me com a sua beleza e quando tudo está desmoronando deixa, no meu coração, um sentimento de tristeza e saudade.
Porém, ainda, enquanto meus pensamentos vagam por este mar de amarguras, eis que do meio do pedregulho vejo talentos emergirem. É o renascimento! É como a natureza nos ensina: as cinzas oportunizam o surgimento do novo.
São sete crianças talentosas que já cantam belas canções a ponto de emocionarem as pessoas da minha comunidade. Me orgulho delas. Elas são a minha salvação! Elas me mostraram que nem tudo está acabado. O Sagrado tem o privilégio de ver surgindo um grupinho entusiasmado, alegre e recheado de talentos.
Quero agradecer a um jovem professor que espalha por todo o nosso município o conhecimento da música ensinando às nossas crianças a tocarem instrumentos e desenvolvendo nelas o gosto por essa arte que é capaz de elevar o nosso coração a Deus. Obrigado Lucas. Em cima da base que edificaste é que desponta este grupinho.
 A dor e a saudade precisam ficar para trás. No horizonte desponta um recomeço. A vida, e tudo é assim.              

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Contra-capa de : ELIS, Mae de Dois Mundos.


Contra-capa de: “ELIS, Mãe de Dois Mundos”

Feira do Livro de Caxias do Sul



“ELIS, Mãe de Dois Mundos” é o segundo livro da trilogia que relata a aventura da espécie humana no universo. É uma narrativa de ficção científica onde o autor procura alertar sobre a trajetória equivocada que a humanidade está trilhando.
O primeiro livro foi lançado em 2009 e se intitula: “HOMO SAPIENS no Planeta Azul”. A continuação é este que foi lançado na Feira do Livro de Caxias do Sul e Carlos Barbosa. Haverá um terceiro, “O REENCONTRO”, que encerrará a trilogia e será lançado num futuro próximo.
Laurindo Hentz, por enquanto, encara essa atividade como um hobby, porém os seus escritos têm qualidade abrindo-se a perspectiva de sucesso no mundo da literatura.  
É dotado de uma imaginação fértil e seus textos têm a capacidade de prender o leitor á narrativa.
A obra é direcionada aos jovens, porém contem reflexões importantes sobre ecologia, ciências, religião e filosofia que podem suscitar questionamentos, polêmicas e reflexões, portanto, interessar a qualquer pessoa, independente da idade.
Falando sobre sua opção pela ficção Hentz diz:
“Conto mentiras com as quais tento ensinar verdades”.
Elis mãe de dois mundos é a continuação de Homo Sapiens no Planeta Azul. utilizando um estilo enxuto e de fácil leitura, o autor narra as peripécias de uma mulher e sua luta pela sobrevivência da espécie humana. Mostra que ela encontrou, no amor materno, forças para superar dificuldades aparentemente intransponíveis.
Acostumada e treinada para atuar num mundo altamente civilizado e com avanços tecnológicos e científicos importantes, teve que se adaptar, de repente, à vida simples de uma tribo selvagem. Todos os seus conhecimentos científicos, treinamentos e experiências nada mais valiam.
Elis mãe de dois mundos narra o reinício da aventura humana. Após ter sido quase extinta em conseqüência de abusos e agressões contra a ordem natural, a espécie humana reinicia a sua trajetória em dois planetas: na Terra com duzentos embriões humanos implantados em fêmeas de hominídeos, e em ORUS onde uma pequena comunidade de selvagens conseguiu se salvar da extinção total.

Dia 15 de outubro, às 16 horas, na Feira do Livro de Caxias do Sul foi feito o  lançamento de “ELIS, Mãe de Dois Mundos”, Na sala de autógrafos, e no dia 13 de outubro, às 9 horas, na Feira do livro de Carlos Barbosa.