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segunda-feira, 31 de março de 2014

UMA FÁBRICA DE CANIVETES

foto da inauguraçao da fabriqueta




Brítola, antigo canivete fabricado por " Ico". Cabo de chifre de boi.

Canivete

propriedade que hoje pertence a Claudino Käfer


Casa de Claudino Käfer
Canivete multiuso




UMA FÁBRICA DE CANIVETES EM ARROIO CANOAS



Por volta de 1938 Ludovico Chies, mais conhecido por “Ico”, instalou uma fabriqueta de canivetes em Arroio Canoas na propriedade que hoje pertence a Claudino Käfer. Rosalina Chies e Elina Chies, filhas de Pascoal Antonio Chies “Toni Formaier”, me contaram que, para irem para a escola da Professora Ernestina, passavam na frente da fabriqueta de”Ico”.
De acordo com alguns relatos, a Tramontina teria começado por aqui e depois se transferido para Carlos Barbosa. Sabe-se, no entanto, que isso não é verdadeiro. De acordo com informações de pessoas da época, Ludovico não fabricava todo o canivete. Recebia o material da Tramontina e, aqui, somente fazia o acabamento e montava o utensílio. Sabe-se, também, que os colonos vendiam chifres de bois com os quais “Ico” fazia os cabos dos canivetes.
A fabriqueta localizava-se perto de um arroio cujas águas movimentavam uma roda d’água que acionava um esmerilho, furadeira e outros equipamentos.
Não se sabe ao certo porque a empresa não prosperou. Calcula-se que a escassez de água, principalmente em tempos de seca, fez com que “Ico” desistisse do empreendimento. Na época as fontes de energia eram escassas resumindo-se, praticamente, aos recursos hídricos.
Conforme o depoimento das irmãs Rosalina e Elina, a roda d’água foi vendida para Carlos Tranquilo e, na época da entrevista, por volta de 1998, a roda ainda estava em funcionamento na localidade de São José, interior de Carlos Barbosa.
Infelizmente, alguns empreendimentos sucumbem ao longo do caminho. Outros prosperam e dão origem a grandes empresas como, por exemplo, a Tramontina.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ARLINDO FLACH E SEUS GURIS ARTEIROS




 ARLINDO FLACH E SEUS GURIS ARTEIROS


O Arlindo Flach (Flach Lind) morava em Canoinhas e tinha uma tropinha de guris como, aliás, todos os casais naquele tempo. Eles iam para a aula de manhã e, de tarde, para a roça. Nos sábados de tarde e domingos não tinha aula e nem roça e a tropinha ficava desocupada.  
O cavalo de Arlindo já era um matungo velho e, também, muito assustado. Quando alguma coisa o espantava, corria, a todo galope, para um refúgio nos fundos do potreiro que confrontava com um precipício. Para dar acesso ao refúgio havia uma trilha estreita entre o precipício e uma enorme pedra atrás da qual o cavalo se escondia. Aparentemente aquela passagem era perigosa, mas o animal, de tantas vezes que já passara por aí, vencia, sem dificuldade, aquele estreitamento.  Num sábado de tarde, o capeta estava solto em Canoinhas. A gurizada, por si só, já era medonha imaginem então com a ajuda do “coisa-ruim”. A maldade que planejaram era dar um susto no matungo.
 Todos os guris do interior conhecem, e sabem fabricar certo instrumento com o talo da folha da abobreira que, assoprando nele, emite um som grave e rouco. (Em alemão Pova Thudz).
Debulharam uns grãos de milho num cocho para atrair o cavalo e então, o Juca, que era o mais velho, contou até três e todos, ao mesmo tempo, assopraram no seu instrumento provocando um verdadeiro pânico no coitado do animal que, fugiu numa disparada descontrolada, dando coices no ar, em busca do seu refúgio. Os guris, ainda não contentes, perseguiram o matungo dando gritos, risadas e aquelas buzinadas. O Agostinho, que era o mais velhaco se postou em cima da pedra que tinha que ser contornada e quando o cavalo apareceu assoprou no seu instrumento. Com o novo susto o coitado do animal não venceu a curva e caiu no precipício ficando pendurado em cima de uma árvore. Daí, deram-se conta da maldade que cometeram. Foram procurar o pai que queria saber como isso havia acontecido. Todos tentaram culpar o Agostinho que dera o último susto no animal de cima daquela pedra, mas ele se defendeu e acabou incriminando os demais irmãos de modo que o pai ficou sabendo de toda verdade.
Por castigo, no domingo, os guris, em vez de jogar futebol, tiveram que cavar um buraco no fundo do precipício para enterrar o animal que durante a noite caiu, de cima da árvore, quebrando o pescoço. O castigo foi merecido e os meninos aprenderam a lição. De noite, já na cama, o Dionísio comentou com os irmãos:
-Passamos barato! Eu achava que o “veio” ia pegar mais pesado!
As crianças daquele tempo tinham uma infância saudável a pesar de não conhecerem luxo e nem conforto. E essa vida cheia de dificuldades e limitações foi forjando seu caráter fazendo deles homens de bem.

domingo, 30 de outubro de 2011

LADISLAU.






UMA ATROCIDADE


Hoje vou falar sobre Ladislau. Para os íntimos, o Ládis. Ele era um cachorro absolutamente preto. Preto como breu. Você conhece breu? Eu, também, não. Mas sei que o “dito” é usado quando queremos referir-nos a alguma coisa absolutamente preta. Pois, assim, era Ladislau.
 O destino lhe reservou uma vida bonita, em meio à natureza, numa propriedade rural com espaço para correr atrás de lebres, gambás, gatos de mato, preás e muitos outros bichos selvagens.
Apesar de ser um guaipeca sem raça definida, era amado por todas as pessoas da família.
Quando, na comunidade, uma cadela entrava em cio, ou quando não queriam que ele corresse pelas roças estragando as plantações amarravam-no com uma corda.
Certo dia, Henrique soube que uma das cadelas de Mateus estava “naqueles dias”. Então Enedir, a dona de Ladislau, tratou logo de prendê-lo, amarrando-o na traseira da caminhonete, para poupar que sofresse agressões porque nestas ocasiões a cachorrada toda se reunia e a cadela era disputada ferozmente.
Aí aconteceu uma emergência e Enedir foi atendê-la com a caminhonete onde o Ládis estava amarrado. Ninguém se lembrou do guaipeca que foi levado de arrasto estrada afora. Somente a vó Natalia, que estava na janela, viu a terrível cena do Ladislau sendo arrastado. Correu para o telefone e ligou para a Lúcie, mas a caminhonete já havia passado. Então ligou para a Pelácia que, finalmente, se postou na estrada em tempo de parar o veículo. Quando foram ver o que tinha sobrado do cachorro, só encontraram a corda.
 De noite, Ladislau voltou para casa, mas não sem antes ter passado no Mateus onde a cadela estava em cio.
 Mais tarde, concluiu-se que naquela noite ele conquistou o coração dela, pois vários filhotes nasceram com a cara, ou melhor, com o focinho dele.
 Nos bastidores da família Schommer, desconfia-se, ainda hoje, que Enedir planejara aquela ação para se livrar de Ladislau. Sou vizinho dela e a conheço suficientemente bem para ter certeza que ela seria incapaz de uma atitude com tais requintes de crueldade.
Ladislau viveu, ainda, vários anos, tempo suficiente, para conhecer e curtir seus filhotes, netos e bisnetos.
Meu abraço especial vai à Grande Família Schommer. A família que Hugo nos deixou engrandece a nossa comunidade.