sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Contraditório

          O CONTRADITÓRIO

          Como seria a beleza se tudo fosse belo?
Se só conhecêssemos a alegria, nem nome ela teria.
Que nome daríamos à honestidade se todos fossem sempre honestos. Não é verdade?
E a felicidade, como seria se fossemos sempre felizes? Dia após dia.
 E a saúde, se sempre fôssemos saudáveis?
Que nome levaria a virtude se todos fossem sempre virtuosos?
Como tudo seria?

          Por isso é que precisamos do inimigo, da traição, e da desonestidade.
 Do perigo, e da teia.
Da seca, da dor, e da mulher feia.
 Da escuridão, da falsidade, do barulho e da fome...
          Como a luz precisa da escuridão. O alívio da dor de dente. O calor, do frio. A gentileza precisa do estúpido. A ventura, da desgraça. O rico, do pobre. A bonança, da tempestade. O “fundamental” precisa da “sétima dissonante.” O lado de cá, do lado de lá. O criador, da criatura. A paz da desavença.
          O que seria de Bento sem Caxias? Lajeada sem Estrela? São Leopoldo sem Novo Hamburgo? Do Azul sem o vermelho? Do Copa sem o Gaúcho? Do Chimango sem o Maragato? Da mulher sem o homem? E vice versa? Aliás, o que seria do vice sem o versa? Do céu sem o inferno?
          A propósito, como será que é o céu?
         
                                                                                                 



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