A SAGA DOS NOSSOS IMIGRANTES
Família Salvi
O Sul do Brasil tem uma peculiaridade. Foi o destino de muitas levas de imigrantes europeus. O que os trouxe? Sabe-se que, basicamente, as dificuldades que enfrentavam na velha pátria em guerra. Trocaram o mundo civilizado por uma terra selvagem sem saber, ao certo, o que encontrariam aqui. Vieram acreditando em promessas. Porém, eu desconfio que não foi este o único motivo. Veja que uma pequena porcentagem de alemães, italianos, poloneses, franceses e etc. vieram. A grande maioria desses povos permaneceu na sua pátria apesar das dificuldades. Por que alguns poucos vieram e os outros não? Certamente, ai tem, também, um componente de personalidade. Quem veio possuía uma alma aventureira. Aquela coisa que impulsiona o indivíduo para a novidade, para a mudança. Aquele que não encontra sossego, que vislumbra um paraíso e vai procurá-lo no desconhecido. Aquele que precisa, sempre, recomeçar, incapaz de fincar raízes. É claro que não podemos generalizar e imputar a todos essa atitude aventureira. Porém, se observarmos os movimentos migratórios da nossa gente, principalmente nos primeiros anos, podemos observar que constantemente trocavam de propriedade, indo, sempre em busca de novas terras. Assim, principalmente, os alemães e italianos, talvez impulsionados pelo espírito aventureiro que já trouxe seus antepassados para cá, foram procurar novas terras na serra gaúcha, “in die serre gewanat” (foi morar na serra) depois o Oeste Catarinense, Paraná, Mato Grosso e Paraguai. Hoje se encontra agricultores gaúchos no Amazonas, Amapá e outras regiões, desbravando a mata virgem sempre em busca do novo, do desconhecido. É a velha alma aventureira que herdamos dos nossos antepassados.
Neste fim-de-semana, houve mais um encontro da “Família Salvi” em Cobléns. O Agostinho me convidou para participar. Estive lá no domingo. Pude, então, comprovar a teoria acima. Veio gente de toda parte. Sabe-se que os primeiros Salvi se estabeleceram em Arcoverde, Cobléns e Três Arroios e de lá se espalharam pelo Brasil a fora. Conversei com gente da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e até teve um Argentino que, ao discursar, não conseguiu disfarçar o sotaque e usou o “portunhol” para se fazer entender.
Foi uma festa tipicamente italiana. Centenas de “Salvi” compareceram deixando transparecer a verdadeira alma italiana de alegria, espontaneidade, da fala alta e da cantoria. Conheço os Salvi de Cobléns, nossos vizinhos, e uma das suas virtudes que admiro muito é o talento musical que lhes corre nas veias. Então, pude ver que não só os Salvi de Cobléns sabem cantar. O palco encheu de gente que cantou várias canções, entre elas o “Segundo Hino Rio-grandense”, “Quem Quiser Saber Quem Sou” do nosso eterno Teixeirinha. Emocionei-me ao ouvir essa linda canção, e ver gente enxugando lágrimas que teimosamente rolavam pela face.
No domingo, foram servidos mais de novecentos almoços e, no sábado à noite, seiscentas pessoas participaram do Filó. Isso demonstra a pujança dessa grande família que engrandece a nossa região e nos enche de orgulho. Parabéns a todos os Salvi e, principalmente, aos de Cobléns pela organização da festa.
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