A brasilia de Serginho |
Tia Clara colhendo laranjas |
AS LINDAS FILHAS DO MEU VIZINHO.
Meu
vizinho Fredo tinha uma porção de lindas moças. Depois do almoço elas gostavam
de sentar ao sol na frente da casa para saborear bergamotas.
Era uma fria manhã de julho e o Serginho resolveu estrear sua brasilia.
Houve uma época em que a maior virtude que as mocinhas procuravam nos
rapazes era estarem motorizados. Quando aparecia um rapaz, com automóvel, era
logo paquerado e todas queriam namorar com ele.
Naquela época o Serginho devia ter seus dezoito anos. Como todos os
rapazes, também, fez o possível e o impossível para comprar seu automóvel. De
fato, um dia, conseguiu comprar uma brasília. Hoje a brasília é um carro
ultrapassado, mas na época dava status. No primeiro fim de semana, no domingo
de manhã, Serginho saiu para mostrar para as mocinhas a sua virtude mais
cobiçada, a brasília. Todo prosa desfilou pela comunidade dirigindo com uma só
mão e o outro braço apoiado sobre a porta. Tudo teria sido maravilhoso não
fosse um contratempo.
Justamente naquele domingo, Tia Clara estava colhendo laranjas
para levar para casa, quando veio correndo, apavorada, e gritando: um acidente!
Um acidente! Fui ver, era o Serginho com sua brasília. Atropelara a laranjeira
onde a Tia colhia laranjas.
Acontece que as três moças estavam sentadas no pátio e atraíram a
atenção do mancebo. Quando voltou a prestar atenção na estrada viu que estava
indo direto para um bueiro. Então, violentamente, virou a direção para trazer o
carro de volta, só que, daí, cruzou a estrada e foi bater, no outro lado, na
laranjeira onde a Tia Clara colhia laranjas.
Logo juntou muita gente curiosa e então ajudamos pôr a brasília de
volta pra a estrada. Por sorte ninguém se machucou e a brasília sofreu somente
alguns arranhões.
Antes de o Serginho partir Tia Clara, ainda muito nervosa, não
perdeu a oportunidade para repreender o pobre rapaz que cabisbaixo ouviu todos
os impropérios da Tia. Depois, mais calma, recomendou-lhe que tivesse
mais cuidado ao dirigir automóvel.
Quando o Serginho já tinha partido olhou para papai e disse:
- O automóvel nas mãos desses jovens irresponsáveis se torna uma arma
perigosa.
As moças do meu vizinho, hoje, estão casadas e quando lembram o fato dão
risadas gostosas.
O Serginho é um rapaz muito querido pelas pessoas que convivem com ele.
Foi meu aluno e é um amigo muito especial.
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