segunda-feira, 15 de julho de 2019

A MULINHA EMPACOU

Josezinho montado na sua mulinha

Ele moravam na rua Dr Hofer perto do hospital.

lAURO KAFER










A MULINHA EMPACOU

Então Pedro falou para o Josezinho:
- Meu filho, agora que completaste dezoito anos, vou te comprar um cavalo.
Isso era uma tradição entre a nossa gente que quando o rapaz completasse dezoito anos ganharia um cavalo. Mas, ele não queria um cavalo, queria uma mulinha.
Quem me contou essa historia foi o Lauro, hoje falecido, que morava em Barão, e era filho de Josezinho.
Na região havia um vendedor de cavalos. Quando ele soube da perspectiva de um negócio tratou logo de oferecer uma mula para negociar
Era mesmo um belo animal. Disse que era manso a ponto de poder ser montado por qualquer mulher velha.
Pôs o dinheiro no bolso e tratou de se mandar daí.
Depois do meio dia, Pedro foi tirar um cochilo enquanto a rapaziada inventou de encilhar a mula: cela, pelego, arreios e os demais apetrechos pertinentes. Josezinho vestiu a domingueira e montou. Para registrar o momento lembrou-se de tirar um retrato. Quem tirou o retrato foi o Kewa Álwis, retratista na região. Quando o mancebo ia dar uma voltinha com sua montaria, a mulinha não se moveu. Nenhum passo pra frente e nem pra trás. Estimulou o animal com palavras de ordem, bateu com o chicote, fincou os calcanhares na barriga dela, mas a mula nada.
- Empacou, disse Josezinho. Vai chamar o pai, falou para sua irmã Hulda
Pedro já era um homem brabo. Imaginem quando soube que fora enganado por um vendedor de cavalos. Com o relho açoitou a mula varias vezes. Ela encolhia o rabo e se entortava toda, mas nada de se mover. Então viu aí um monte de dorsos de folha de coqueiro (palm reis em alemão) pegou um e com toda a força atingiu as nádegas da mula. Ela deu um salto e disparou na direção da estrada com o josezinho montado nela. Um pouco adiante encontrou o Nani Zam que tentou atacá-la, mas ela subiu um barranco e o Josezinho caiu quebrando duas costelas.
 A mula aprendeu a lição porque depois disso virou uma ótima montaria. Somente havia um problema, bastava ela ouvir a voz de Pedro para virar o diabo. Era um “Deus nos acuda”.
Interessante registrar que, certa vez, Lauro me chamou para mostrar a foto do seu pai montado na mula. Ele era casado com a Valeria e moravam na rua Dr Hofer perto do hospital. Na sua casa havia uma sacada onde ficava sentado observando o movimento. Lauro foi um homem muito querido na comunidade de Barão e conhecido por todos.




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