nossa irmã indo buscar água |
balde antigo para tirar água do poço |
trilha para ir ao poço |
balde antigo |
guanxuma |
O texto da semana passada escrito em alemão hunsrik hoje está reprisado em português.
ÉRAMOS TRÊS
Éramos três. O mais novo, Claudio, tinha seis anos. Eu era o
mais velho e o do meio, Plínio, era o mais velhaco. Um dia me disse:
- Vamos pregar uma peça para as nossas irmãs?
- Qual é o plano?
- Um “xlop”.
Xlop pene é uma expressão que usamos na língua alemão
hunsrik. Algumas expressões e vocábulos são de difícil tradução. Em todos os
idiomas existe disso.
Na época não tínhamos, ainda, água
encanada. Sempre, antes do meio-dia, minhas irmãs iam pegar dois baldes de água
num poço que ficava a uns 50 metros da casa. De tanto passar por aí formou-se
uma trilha e dos dois lados crescia uma vegetação mais alta. Então, para
amarrar o “xlop”, pegamos dois pés de guanxuma, um de cada lado da trilha, e
amarramos um ao outro. Quando as irmãs passassem por aí tropeçariam no “xlop” e
o tombo seria inevitável.
- Vamos amarrar dois “xlop”, disse Plínio, vai que consigam se equilibrar e não caiam.
Por isso, a uns dois passos pra frene,
amarramos mais um.
Um pouco adiante da trilha havia umas capoeirinhas e foi lá que nos escondemos para apreciar o desfecho da nossa
maldade.
Mas eis que o “tiro saiu pela
culatra”. Ao invés das irmãs, neste dia o nosso pai foi buscar água. Se
fugíssemos estaríamos nos incriminando. Estávamos em maus lençóis.
Não foi nem necessário o segundo
“xlop” e o nosso pai despencou no chão. Os dois baldes rolaram até perto do
poço. Então o pai perguntou para o nosso irmão menor que ficou ali sem saber o
que estava acontecendo:
- Quem fez isso?
- Foi o Plínio e o Laurindo.
Era hora de dar no pé. Nosso pai quis
nos pegar, mas já estávamos longe subindo o morro em direção a roça. Ainda
conseguimos ouvi-lo dizendo:
- De noite pego vocês!
Já era escuro e ao entrar vi uma vara
de marmelo num canto a cozinha.
Ainda hoje me arrepio todo lembrando daquela
surra. Duas semanas depois ainda podiam ser vistas as marcas que a vara de
marmelo deixou nas nossas costas.
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