DESCARTÁVEIS
Os historiadores
costumam dar nomes próprios a determinados períodos da nossa caminhada aqui na
terra. Temos, por exemplo, a “Idade da Pedra Lascada” assim denominada porque
lá nos primórdios, o homem fazia objetos de corte com lascas de pedras. Depois
veio a “Idade da Pedra Polida”, a “Idade dos Metais”, “Era do Gelo”, “Revolução
Industrial”, e assim por diante. Talvez, no futuro, a época atual seja
conhecida como “Era dos Descartáveis”.
Nos últimos trinta anos
a tecnologia evoluiu com tanta rapidez que mal nos acostumamos com uma novidade
e já nos é apresentada outra tornando obsoletas coisas que há bem pouco tempo
eram a expressão máxima da tecnologia. Vejam, hoje, já estão nas prateleiras
dos museus o disco de setenta e oito RPM, o disco de vinil, a fita K7. Até CDs
e DVDs estão sendo substituídos por Pen Drives.
As pessoas mais antigas
têm dificuldade para se adaptar a esta nova realidade. Consideram um
desperdício, por exemplo, milhares de copos descartáveis serem usados uma única
vez e depois jogados no lixo.
Conheço pessoas que
remendam chinelos de dedo quando a tira arrebenta. Trago comigo a lembrança de
um amigo muito especial, o Astor Haubenthal, hoje falecido. Quando fui visitá-lo
ele remendou meu chinelo porque a tira havia arrebentado. Já faz mais de dois
anos e continuo usando o chinelo.
Estive na casa de um
rapaz de trinta. Ele tinha uma coleção de mais de vinte pares de tênis. Em
épocas passadas as pessoas tinham um par de sapatos. A cada pouco, a moda muda,
o celular recebe um acréscimo, o automóvel vem com novos detalhes ou recebe uma
nova tecnologia. Sabemos que por trás de tudo isso estão os meios de produção.
A economia precisa girar, disse um sobrinho meu adepto dessa modernidade toda.
Mas essa ânsia por
mudanças não ficou só no plano material. Uma mocinha me disse que ia casar. Não
tinha muita certeza se o amava mas que se não desse certo separaria. Uma vez os
relacionamentos eram duráveis. O prezado leitor deve conhecer pessoas que já
estão no seu terceiro ou quarto relacionamento.
A palavra desapego está
na moda. Alguém inventa uma frase e todos aceitam isso como definitivo e certo.
Somos imitadores e, por aceitação social, procuramos acompanhar a boiada.
Este texto não tem a
pretensão de julgar, mas sim constatar fatos. Acho que estamos numa crise, mas
como sempre sairemos dela melhores do que entramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário