segunda-feira, 10 de junho de 2019

DESCARTÁVEIS












 DESCARTÁVEIS

Os historiadores costumam dar nomes próprios a determinados períodos da nossa caminhada aqui na terra. Temos, por exemplo, a “Idade da Pedra Lascada” assim denominada porque lá nos primórdios, o homem fazia objetos de corte com lascas de pedras. Depois veio a “Idade da Pedra Polida”, a “Idade dos Metais”, “Era do Gelo”, “Revolução Industrial”, e assim por diante. Talvez, no futuro, a época atual seja conhecida como “Era dos Descartáveis”.
Nos últimos trinta anos a tecnologia evoluiu com tanta rapidez que mal nos acostumamos com uma novidade e já nos é apresentada outra tornando obsoletas coisas que há bem pouco tempo eram a expressão máxima da tecnologia. Vejam, hoje, já estão nas prateleiras dos museus o disco de setenta e oito RPM, o disco de vinil, a fita K7. Até CDs e DVDs estão sendo substituídos por Pen Drives.
As pessoas mais antigas têm dificuldade para se adaptar a esta nova realidade. Consideram um desperdício, por exemplo, milhares de copos descartáveis serem usados uma única vez e depois jogados no lixo.
Conheço pessoas que remendam chinelos de dedo quando a tira arrebenta. Trago comigo a lembrança de um amigo muito especial, o Astor Haubenthal, hoje falecido. Quando fui visitá-lo ele remendou meu chinelo porque a tira havia arrebentado. Já faz mais de dois anos e continuo usando o chinelo.
Estive na casa de um rapaz de trinta. Ele tinha uma coleção de mais de vinte pares de tênis. Em épocas passadas as pessoas tinham um par de sapatos. A cada pouco, a moda muda, o celular recebe um acréscimo, o automóvel vem com novos detalhes ou recebe uma nova tecnologia. Sabemos que por trás de tudo isso estão os meios de produção. A economia precisa girar, disse um sobrinho meu adepto dessa modernidade toda.
Mas essa ânsia por mudanças não ficou só no plano material. Uma mocinha me disse que ia casar. Não tinha muita certeza se o amava mas que se não desse certo separaria. Uma vez os relacionamentos eram duráveis. O prezado leitor deve conhecer pessoas que já estão no seu terceiro ou quarto relacionamento.
A palavra desapego está na moda. Alguém inventa uma frase e todos aceitam isso como definitivo e certo. Somos imitadores e, por aceitação social, procuramos acompanhar a boiada.
Este texto não tem a pretensão de julgar, mas sim constatar fatos. Acho que estamos numa crise, mas como sempre sairemos dela melhores do que entramos.



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