domingo, 6 de novembro de 2022

UMA CAÇADA NA PIMENTA 2


 


Ilo Becker e Vilma Abel Becker


Ilo Beker
 

 

 

UMA CAÇADA NA PIMENTA 2

 

Ilo Becker e Vilma Abel Becker moram na Pimenta. Eu fiquei sabendo que ele é um bom contador de histórias e eu queria saber, principalmente, de caso onde seu amigo Hugo Patzlaf pegou uma lebre enfincando o cano da espingarda na coitada da lebre.

Quando me viram chegando ele disse para a mulher:

- Este é aquele homem.

- Que homem? Perguntou ela.

- Aquele que te falei, que escreve aquelas histórias no jornal.

Sentamos na cozinha e enquanto Vilma preparava o chimarrão ele falou que sempre lia as histórias que escrevo no jornal. Disse que lê todas, mas que não gosta muito quando escrevo aquelas bobagens de amor. E deu uma gargalhada. Então Vilma me entregou a cuia com o primeiro chimarrão e disse que, ele gostava sim dos textos românticos. - Aliás, quando era mais novo, ele também, era mais romântico. Agora virou um velho que nem pensa mais naquelas coisas, e deu uma gargalhada enquanto foi abraçar Ilo pelas costas.

Então perguntei se aquela história que contou para o Claudio era verdadeira. Disse que sim e que ele mesmo viu a lebre espetada no cano da espingarda. Tudo começou assim, disse:

- Hugo Patzlaf, hoje falecido, sabia do esconderijo de uma lebre. Era, lá em cima na minha roça, onde se via, todas as manhãs, esterco fresco de lebre.

 Isso faz, pelo menos, trinta anos, disse Ilo, quando, num sábado de noite, tinha baile no salão de Pimenta. Hugo veio falar comigo me convidando para uma caçada no domingo de manhã. Quem é daquele tempo sabe que para caçar lebre o recomendável é sair a campo muito cedo porque as pegadas, nas primeiras horas, são frescas e facilmente percebidas pelo faro dos cachorros lebreiro.

-Ao clarear do dia, Hugo já estava na frente da minha casa. Subimos para o local combinado e aí ele escolheu um lugar estratégico e ficou esperando a caça.

Todo caçador sabe que a lebre sempre foge morro acima. Por isso se postou numa estrada, com sua espingarda, esperando a vítima. Agora, pelo latir dos cachorros, sabia que, sem demora, ela apontaria aí na curva da estrada. De fato, aí vinha ela perseguida pelos cachorros. Quando estava a uma distância ideal para o tiro, Hugo disparou. Mas a arma negou fogo. Disparou de novo e nada. Então, sem uma alternativa mais plausível, procurou atingir a lebre com o cano da espingarda. Por incrível que pareça acertou-a, de modo que ficou espetada no cano da arma.

 Ilo disse que quando chegou, Hugo estava com a arma levantada tentando proteger sua caça, pois os cachorros queriam pegar a vítima espetada no cano.

Depois, examinando a arma, descobrimos que ela falhou porque Hugo havia esquecido de por um cartucho na arma.

Se alguém duvida da veracidade desta história deve procurar o Senhor Ilo Becker que mora na Pimenta, próximo à capelinha, na estrada que vai par Vila Rica. Ele e sua esposa Vilma são muito hospitaleiros e farão questão de recebê-lo para contar esta, e muitas outras histórias que sabem.

Um abraço a toda a comunidade de Pimenta.

 

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