segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

DE MÃO EM MÃO Chimarrão.



DE MÃO EM MÃO

 Chimarrão.

 

O chimarrão, talvez seja o símbolo que melhor identifica o gaúcho.

 Roberto Ave-Lallemant(1812-1884) visitando o Rio Grande do sul em março de 1858 quando, num artigo, fez um registro sobre a importância folclórica do chimarrão: “O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento!”

 “Todos os presentes tomaram. Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua cuia própria; nada disso. Assim perderia, o chimarrão, toda a sua mística significação.

Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem, um pardo decente, depois eu, depois o “Spahi”, depois um mestiço de índio e finalmente um português, todos pela ordem. Não há nisso nenhuma pretensão de precedência; nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo, uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualizada. Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o chimarrão em comum. (Viagem pelo Sul do Brasil. Rio de Janeiro 1953).”

 

O importante que, de MÃO EM MÃO, o chimarrão, qual cachimbo da paz, une todas as culturas e constrói paz, união, companheirismo, circularidade de relações e o serviço de dar e receber. Enquanto você passa o chimarrão para o próximo bebê-lo, ele vai ficando melhor, mais suave. Isso é interpretado, poeticamente, como você desejar algo de bom para a pessoa ao lado e, consequentemente, às outras pessoas que também irão beber.

Centenas de gaúchos saíram daqui em busca de novas terras. O oeste catarinense foi o destino de muitos agricultores que dali partiram para o Paraná, Goiás, Mato Grosso e até o Paraguai e Argentina. Esta gente toda continua ligada ao Rio Grande do Sul através dos seus hábitos.

 Pela internet conheci parentes no Paraguai que continuam falando o hunsrik, um dialeto alemão que se falava quando partiram daqui. Guido Hentz com sua família, e muitos outros, há mais de setenta anos, estão estabelecidos no Paraguai. Na Argentina, Missiones, me correspondo com Leonor kuhn, Nanci Vier e muitos outros. Todos esses anos não fizeram com que esquecessem o chimarrão e a língua materna.

Que ele continue unindo, ligando nossos corações, ligando nossas famílias porque o chimarrão é, também, um pouco evangelho vivo: o que ele significa ele realiza.

 

 


 

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