domingo, 31 de maio de 2020

A DISSEMINAÇÃO DAS ESPÉCIES II

graxaim

vi fezes de algum animal selvagem, provavelmente um graxaim.

flor de pata de boi

Osmar

semente de pata de boi

uva japonesa









A DISSEMINAÇÃO DAS ESPÉCIES II

A natureza é sábia. Se observarmos com atenção as coisas que nos rodeiam podemos ver como ela se utiliza de artifícios surpreendentes para procriar e disseminar as espécies. Assim, a flor produz o néctar não com a intenção generosa de alimentar abelhas ou nos fornecer o saboroso mel, mas com o único intuito de atrair os insetos que, enquanto se alimentam, também, levam o pólen de uma flor à outra fecundando-a.
 Há alguns dias, ao caminhar por aí, vi fezes de algum animal selvagem, provavelmente um graxaim. Com surpresa observei que havia grande quantidade de sementes de uva japonesa. O animal comeu o fruto, mas juntamente engoliu as pequenas sementes que depois germinarão dando origem a uma nova planta em algum lugar, muitas vezes, distante da árvore mãe. Nada é planejado ou premeditado. O animal se alimenta do fruto e sem se dar conta retribui a gentileza disseminando a espécie.
Algumas espécies utilizam outras estratégias. Suas sementinhas são dotadas com uma espécie de paraquedas. Vem o vento e as leva para lugares, muitas vezes, distantes.
No início da primavera, quando passamos por uma árvore de “pata de boi”, podemos escutar os estalos das vagens que, ao abrir, lançam as sementes a uma considerável distância. Primeiro se ouve o estalo e em seguida as sementes caindo.
Nas espécies vegetais essas estratégias de disseminação são muito comuns e necessárias por serem espécies sem mobilidade. Entre os animais isso é mais raro. No entanto, creio que algumas aves pescadoras fazem esse trabalho quando se alimentando de peixes com ovos já maduros. Como se explicaria a presença de peixes em pequenos riachos que para terem acesso teriam que subir por cascatas enormes.
Um dia desses, meu amigo Horário me ligou. Encontrou, no seu açude, varias ostras. Como essas ostras poderiam ter chegado ao açude?
A natureza age no silêncio, sem pressa e sem alarde.
 Quando você se encontra numa floresta então poderá ouvir o verdadeiro silêncio. Mas essa aparente inatividade é somente ilusão. Na floresta há vida em abundância. As árvores incessantemente estão crescendo. Há um mundo microscópico e uma diversidade de seres vivos e cada um cumprindo com sua função. As leis da natureza na floresta selvagem são obedecidas rigorosamente. Aí a natureza é soberana. Somente o homem, através do seu livre arbítrio, é capaz de ferir esta ordem natural.




domingo, 24 de maio de 2020

UMA BRINCADEIRA COM LINDOLFO












UMA BRINCADEIRA COM LINDOLFO II


Há muitos anos, quando eu ainda era criança, muitas coisas eram diferentes. Por exemplo, naquele tempo não havia restrição à caça.
 Nas nossas colônias, praticamente, todas famílias, tinham, em casa, uma arma de caça. As armas são classificadas pelo calibre. Em geral os colonos tinham armas de calibre 36 ou 32. Alguns, porém, tinham armas mais poderosa como calibre 28, 20 e até de calibre 12. Havia, também armas de cano duplo mas essas eram mais raras.
Certo dia, Lindolfo Käfer foi visitar o Alvis. Lindolfo tinha fama de bom atirador. Para mexer com ele Alvis disse que iria por sua fama à prova.
Eis que, na época, os Bergonsi tinham um bando enorme de pombas domésticas. O bando crescia a cada ano. Já não havia como controlar a proliferação dessas aves. Como em casa não havia comida para tantas pombas, elas, em enormes bandos, voavam para as roças na vizinhança procurando restos de cultura ou algum inseto.
 O Alvis acabara de fazer a colheita de um pedaço de arroz. Como é normal, sempre se perde algum grão durante a colheita. E as pombas descobriram isso. Enormes bandos vinham para a roça do Alvis.
- Hoje eu quero ver se tu é realmente bom no tiro como dizem por aí, disse Alvis. Quero ver quantas pombas tu consegues pegar com um só tiro.
Como as pombas andavam muito próximas uma da outra Lindolfo avaliou que pelo menos dez ele mataria com um tiro.
Mas, naquele dia, o Alvis estava mesmo afim de brincar com Lindolfo. Foi pro quarto e carregou um cartucho até a boca mas só com pólvora. Não colocou chumbo. Lindolfo esgueirou-se por entre a plantação de milho para chegar o mais próximo possível do bando. Quando já estava a uma distância que ele julgava ideal, mirou e disparou. O tiro saiu poderoso. Formou-se uma grande confusão. As pombas levantaram voo batendo umas nas outras. Era um reboliço, um bater de asas, uma confusão total. Então foram ver. Nenhuma pomba morta. Todas haviam fugido.
Lindolfo hoje é falecido. Fazia de tudo na nossa comunidade. Era construtor, encanador, eletricista, agricultor e tinha um salão de bailes. Chegou a construir casas mas era mais solicitado para construções mais simples como paióis chiqueiros e etc. Lindolfo era muito prestativo. Estava sempre pronto para prestar pequeno trabalhos no salão da comunidade, na igreja e na escola. Provavelmente não há morador na nossa comunidade que não tenha uma obra de Lindolfo. Seja uma casa, uma ligação elétrica ou hidráulica, um forno de pão, um galinheiro, estrebaria ou um banheiro. Munido com uma forquilha de pessegueiro sabia localizar veios d’água.

domingo, 17 de maio de 2020

UMA FÁBRICA DE CANIVETES

foto da fabriqueta de Ico cedida por Claudino käfer


Canivete fabricado por Ico com cabo de chifre de boi

foto da fabriqueta de Ico cedida por Claudino käfer









UMA FÁBRICA DE CANIVETES EM ARROIO CANOAS II



Por volta de 1938 Ludovico Chies, mais conhecido por Ico, instalou uma fabriqueta de canivetes em Arroio Canoas na propriedade que hoje pertence a Claudino Käfer. Rosalina Chies e Elina Chies, filhas de Pascoal Antonio Chies “Toni Formaier”, me contaram que, para irem para a aula da Professora Ernestina, passavam na frente da fabriqueta de Ico.
De acordo com alguns relatos, a Tramontina teria começado por aqui e depois se transferido para Carlos Barbosa. Sabe-se, no entanto, que isso não é verdadeiro. Segundo informações de pessoas da época, Ludovico não fabricava todo o canivete. Recebia material da Tramontina e aqui somente fazia o acabamento e montava o utensílio. Sabe-se que os colonos vendiam chifres de boi com os quais “Ico” fazia os cabos dos canivetes.
A fabriqueta localizava-se perto de um arroio cujas águas movimentavam uma roda d’água que acionava um esmeril, furadeira e outros equipamentos necessários para a pequena indústria.
Não se sabe ao certo porque a empresa não prosperou. Calcula-se que a escassez de água, principalmente em tempos de seca, fez com que Ico desistisse do empreendimento. Na época as fontes de energia eram escassas resumindo-se, praticamente, aos recursos hídricos.
Conforme o depoimento das irmãs Rosalina e Elina, a roda d’água foi vendida para Carlos Tranquilo e, na época da entrevista, por volta de 1998, a roda ainda estava em funcionamento na localidade de São José, interior de Carlos Barbosa.
Infelizmente, alguns empreendimentos sucumbem ao longo do caminho. Outros prosperam e dão origem a grandes empresas como, por exemplo, a Tramontina.