sexta-feira, 26 de julho de 2019

A TRÊS-MARIAS - Poder de encantamento














A TRÊS-MARIAS - Poder de encantamento

Que a cada flor seja dada a oportunidade de ser semente. Quando você a colhe, mesmo que seja para enfeitar o altar do senhor, estará provocando um aborto. Sua beleza e seu encanto não lhe foram dados para o deleite dos homens, mas para atrair insetos para a polinização”.
Esta é uma máxima que não deve ser tomada ao pé da letra. A flor, mesmo sabendo ser um desvio de função, creio que não se importa em emprestar seus encantos para alegrar um ambiente ou prestar uma homenagem para alguém que amamos.
Não sei se o prezado leitor tem uma flor predileta. Eu tenho. É a TRÊS-MARIAS.
 O nome científico da Três-Marias é Bougainvillea spectabilis. Tem esse nome para homenagear o navegador francês Louis Antonie Bougainville.  Foi ele quem descobriu a espécie no Brasil por volta de 1790 e levou-a para a Europa. Ela é, também, conhecida como: Primavera, buganvília, três-marias, ceboleiro e santa-rita.
 Existem flores que são autossuficientes. Elas brilham individualmente. A três-marias tem seu poder de encantamento no conjunto. Ela sabe das suas limitações e por isso se junta aos seus pares para impressionar. Ela aposta na cooperação, no comprometimento, na colaboração. Talvez não nos demos conta, mas acho que o que nos encanta nela é a beleza implícita de comprometimento e o ensinamento que tenta nos passar de colaboração e de trabalho conjunto.
A natureza é uma fonte rica de ensinamentos.  Quando nos encontramos diante de dificuldades façamos uma pausa para observar a natureza que nos rodeia. Ela é perfeita e nos mostra saídas invariavelmente acertadas apesar de, aparentemente infundadas e até cruéis.
A Três Marias reconhece suas limitações e nos ensina a acreditar no comprometimento, no trabalho coletivo, na colaboração.



segunda-feira, 22 de julho de 2019

UM NAVIO CHAMADO EVA. José Hentz



Navio EVA



Porto Rico hoje - província de Missiones - Argentina

José Hentz construtor do navio EVA. José foi primo do meu pai.


















UM NAVIO CHAMADO EVA.
José Hentz


Os imigrantes alemães, e mais tarde também outras etnias, vieram para o Rio Grande do  Sul fugindo das condições adversas nas suas pátrias.
 A história de José é somente mais uma das muitas dessa gente valorosa que a partir do nosso Rio Grande se espalhou por todo Brasil e também Paraguai, Argentina e outros países. 
Hoje o desenvolvimento dessas regiões muito se deve a esses gaúchos que deixaram tudo a procura de novos horizontes.   
José Hentz nasceu em 13-10-1893 em Salvador (hoje Tupandi) e foi batizado nove dias depois na capela Santo Antônio de Salvador, na época, pertencente a paróquia de Hortêncio (S J do Hortêncio). O pai de José Hentz, João Hentz, antes de casar morava em Harmonia com seu pai Miguel Simon Hentz, a mãe Maria Welter e mais 8 irmãos. A mãe Maria morreu cedo por isso Miguel casou de novo. Essa união, porém, não deu certo pois ela também já tinha vários filhos de tal modo que os filhos de Miguel assim que possível saíram de casa.
João, quando casou, foi morar em Tupandi onde nasceu seu filho José.
José não se contentou com a situação aqui no Rio Grande do Sul. Era um homem irrequieto e cheio de sonhos e queria para si mais do que ser um simples agricultor. Aprendera a trabalhar a madeira e se revelou ótimo carpinteiro. Ouviu falar da Argentina e de um grande rio, o Rio Paraná. Ficou sabendo que um tal de Carlos Culmey, uma espécie de prefeito do vilarejo Porto Rico, precisava de um profissional para cuidar da serraria.
Em 1919 José foi sozinho para Porto Rico para examinar as condições da nova terra e das perspectivas de êxito.
 Em 1920 trouxe a mulher e os dois filhos e comprou a serraria que pertencia a Carlos Culmey.
José observou que pelo grande rio singravam barcos que transportavam mercadorias e passageiros. Mas como Porto Rico era muito pequeno, assim como outras pequenas localidades, os navios não faziam escala aí de modo que as mercadorias e passageiros precisavam ser transportadas via terrestre, a pesar de passarem na porta dos lugarejos. 
Com visão de futuro, José viu nesta lacuna de mercado uma oportunidade. Construiria um barco para explorar esse nicho. Como havia gasto todos os seus recursos na compra da serraria conseguiu que Baldoino Junges, velho conhecido dos tempos de Tupandi, se juntasse ao seu empreendimento. Baldoino se responsabilizou pelo motor, cardan, hélice, sistema de embreagem, engrenagens de transmissão e instalação de tudo.  José, como bom marceneiro, e tendo a serraria e a mata nativa para fornecer madeiras nobres em quantidade, se responsabilizou pela construção do bojo do navio. 
Eva foi o nome que deram ao navio.
Depois de pronto colocaram-no sobre trilhos para baixá-lo à água pois fora construído distante uns 500 metros do rio. Para puxá-lo requisitaram todas as juntas de bois da região.
Ao chegar na margem amarraram-no num tronco e com cordas fizeram-no descer lentamente até as águas. 

Desde o início o barco fazia as rotas de Posadas / Puerto Rico / Montecarlo e vice-versa.
Considerando as condições da época, foi um feito grandioso, ter um simples marceneiro se aventurado a construir um navio. Por isso hoje, José Hentz é reconhecido como o primeiro industrial de Porto Rico e em sua homenagem  o acesso ao Parque Industrial da Rota 12 leva seu nome. 

Quero deixar aqui meus agradecimentos á Sra. Leonor kuhn, neta de José Hentz, pelas importantes informações sem as quais não teria sido possível escrever este texto.