domingo, 24 de agosto de 2014

ALMA AVENTUREIRA

Tratado de Tordesilhas

Tratado de Tordesilhas

ALMA AVENTUREIRA


O Sul do Brasil tem uma peculiaridade. Foi o destino de muitas levas de imigrantes europeus. O que os trouxe? Sabe-se que, basicamente, as dificuldades que enfrentavam na velha pátria em guerra. Trocaram o mundo civilizado por uma terra selvagem sem saber, ao certo, o que encontrariam aqui. Vieram acreditando em promessas.
 Porém, talvez, não tenha sido este o único motivo. Veja que, somente, veio uma pequena porcentagem de alemães, italianos, poloneses e franceses. A grande maioria desses povos permaneceu na sua pátria apesar das dificuldades. Por que, então, alguns poucos vieram e os outros não? Certamente, ai tem, também, um componente de personalidade. Quem veio possuía uma alma aventureira. Aquela coisa que impulsiona o indivíduo para a novidade, para a mudança. Aquele que não encontra sossego, que vislumbra um paraíso e vai procurá-lo no desconhecido. Aquele que precisa, sempre, recomeçar, incapaz de fincar raízes. É claro que não podemos generalizar e imputar a todos essa atitude aventureira. Porém, se observarmos os movimentos migratórios da nossa gente, principalmente nos primeiros anos, podemos observar que constantemente trocavam de propriedade, indo, sempre em busca de novas terras. Assim, principalmente, os alemães e italianos, talvez impulsionados pelo espírito aventureiro que já trouxe seus antepassados para cá, foram procurar novas terras na serra gaúcha, “in die serre gewanat” (foi morar na serra) depois o oeste catarinense, Paraná, Mato Grosso e Paraguai. Hoje se encontra agricultores gaúchos no Amazonas, Amapá e outras regiões, desbravando a mata virgem sempre em busca do novo, do desconhecido. É a velha alma ávida por novos horizontes.
Na história do Brasil fala-se muito sobre os bandeirantes. Eram, principalmente, paulistas que penetravam no interior do Brasil a procura de ouro alargando as nossas fronteiras muito além do Tordesilhas.
Os nossos imigrantes não foram procurar ouro. Foram atrás de terras novas para colonizá-las. Se os bandeirantes foram importantes acrescentando um grande território ao Brasil os nossos imigrantes também tiveram sua importância ocupando efetivamente toda esta área e produzindo riquezas.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

IGREJINHAS ANTIGAS NO INTERIOR

igrejinha antiga construída em madeira. Nao sei o nome do lugar. vi-a de passagem na beira do asfalto
 e sua beleza, apesar da simplicidade me chamou a atenção.

Antiga igreja em S. Bernardino S. Catarina
igreja Sagrado C. de Jesus em Arroio Canoas
Igrja em Santo Antonio

Pinturas no interior da igreja S. Antonio

Pinturas no interior da igreja S. Antonio

Pinturas no interior da igreja S. Antonio



                                                  

                               IGREJINHAS ANTIGAS NO INTERIOR


  Uma igrejinha em Santo Antonio de Castro sempre me chamou a atenção. Sua simplicidade lhe empresta um encanto especial. Jamais tive a oportunidade de ver o seu interior.
Então, na sexta feira, dia 16 de setembro, em 2011 convidei o Jandir para um passeio a S. Antonio.
A igrejinha estava aberta. Entramos e fiquei encantado com o que vi.  Apesar de leigo na arte de pinturas, acho que, aí tem coisas de muito valor. Depois perguntei ao Aldo Zilio, hoje falecido, quem tinha feito aquelas pinturas. Disse-me que não sabia, mas que foram pintores de fora, talvez vindos da Itália.
É uma lástima ver essas pinturas se deteriorando. Segundo Aldo, foram feitas em duas etapas: As mais recentes foram pintadas por volta de 1975 e estão em estado razoável de conservação. As mais antigas, no entanto, já estão muito danificadas, quase irreconhecíveis.
Sei que a igreja foi tombada pelo patrimônio público do município e algumas coisas estão sendo feitas.
Foi construída em 1916. Aldo disse que seu pai Francesco Zilio ajudou a construí-la. Amassava o barro com os pés do qual se fazia tijolos. Depois eram cozidos num buraco feito na terra. Eram enormes e pesavam sete ou oito kg. Também ajudaram na construção seus tios José Zanon, Felipe Zanon, e muitos outros. Os profissionais vinham de fora e o pessoal local eram ajudantes.
Por todo esse nosso interior podemos encontrar igrejas assim. Algumas mais conservadas outras abandonadas e muitas, já derrubadas para dar lugar a templos modernos, muitas vezes quadrados de mau gosto, sem beleza estética.
Precisamos fazer um esforço para conservar essas relíquias por que são testemunhas da história de uma comunidade e do seu povo. São referências concretas e o seu valor está na história que encerram.
 Quando entrares numa igreja dessas, tira teu chapéu como sinal de respeito porque aí está o suor dos nossos antepassados. Eles é que construíram o chão firme no qual, hoje, podemos pisar confiantes sem medo de desmoronar. A nossa história tem um valor incalculável por que ela é única e ninguém pode nos tirá-la. As nossas raízes são boas porque produziram um povo valoroso. Se destruirmos os nossos referenciais perderemos a nossa identidade que nos mostra quem somos e de onde viemos. Cito o que já escrevi em outras oportunidades:
Povo que não sabe da onde veio não saberá para onde ir”.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

UM XIXI SALVADOR

 Era uma bergamoteira velha, no meio da roça, e dava umas frutas doces e saborosas.

 Era uma bergamoteira velha, no meio da roça, e dava umas frutas doces e saborosas.
Tia Clara, meu irmão e eu
Joanin
Quando o ônibus parou, nós, a gurizada, saímos correndo para receber a Tia. 
Eram os bois fujões do Remo. Vinham em nossa direção para nos atacar. 

UM XIXI SALVADOR


Era tempo das bergamotas. Tia Clara gostava de vir porque nesta época sempre tinha frutas em abundância aqui em casa. Levava sacolas de laranjas e bergamotas porque, dizia ela, que as frutas daqui são melhores e lá em Porto Alegre custavam caro.
Quando o ônibus parou, nós, a gurizada, saímos correndo para receber a Tia. Papai não gostava dela. Dizia que ela se metia nas coisas que não lhe diziam respeito. Mas nós adorávamos a Tia. Ela sempre trazia presentes, coisas da cidade.
Papai e mamãe conversaram longamente com a Tia naquela noite. Antes de dormir, combinou conosco que, no dia seguinte, iríamos apanhar bergamotas lá no morro. Era uma bergamoteira velha, no meio da roça, e dava umas frutas doces e saborosas.
Depois do café, minha Tia, meu irmão mais novo e eu saímos para pegar as bergamotas. Meu pai aconselhou que a tia não fosse, pois ela mancava devido a uma sequela que ficara quando levou um tombo tentando aprender a andar de bicicleta. Antes de sairmos de casa mamãe nos alertou sobre os bois que tinham fugido do açougue do Remo. Ficou preocupada, pois se falava que eram bois brabos. Então papai disse que não era para se preocupar porque o açougue ficava “Lá Fora” e certamente os bois não teriam fugido para cá.
Na subida do morro Tia Clara se convenceu que papai tinha razão. Disse que ia voltar e que fôssemos sozinhos pegar as bergamotas.
Quando chegamos perto da bergamoteira ouvimos um berro forte atrás de nós. Eram os bois fujões do Remo. Vinham em nossa direção para nos atacar. Por sorte estávamos perto da bergamoteira e quando os bois chegaram, já estávamos a salvo em cima da árvore. Eram dois bois enormes. Berravam, mugiam e cavavam com as patas dianteiras.
E agora, o que fazer? Pelo menos aqui no alto não corríamos riscos. Depois de algum tempo meu irmão disse que precisava fazer xixi. Então falei para ele fazer dali mesmo.
- Vou mijar em cima do boi, disse ele. Tomou posição num galho e mirou bem na fuça do bicho. Quando o animal sentiu o gosto salgado da urina, soltou um berro e saiu correndo dali dando coices no ar com as duas patas traseiras ao mesmo tempo. O outro, não sabendo o que acontecera, saiu correndo também.
Foi o que nos salvou. Descemos e numa corrida só, fomos até em casa.
    No dia seguinte, soubemos que o Gabriel, com o seu rifle, matou os dois bois com um tiro certeiro na cabeça.
Estavam lá em Coblens refugiados num mato. O Remo, o Gambon, o Artêmio, o Djoanim, o Rodrigues, o Lauro da Costa e mais alguns homens corajosos acompanharam o Gabriel na caçada.
Quando Tia Clara embarcou no ônibus lamentou não poder levar para casa uma sacola cheia de bergamotas.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

A BUSCA CONSTANTE DO EQUILIBRIO

Empilhamento  das lenhas na beira das estradas

Plantação de eucalipto 

Acácia negra

Há pouco tempo vivíamos o “ciclo florestal”



A BUSCA CONSTANTE DO EQUILÍBRIO.


Existe uma tendência natural, segundo a qual, tudo sempre tende ao equilíbrio. Esse equilíbrio, porém, é um meio termo ideal que nunca é atingido. Hora estamos acima dessa linha, hora abaixo. Essa tendência se manifesta na natureza, na sociedade, no comércio e em muitos outros segmentos.
 Quando acontece um exagero num sentido, há então, uma reação no sentido contrário que geralmente ultrapassa a linha ideal desejada.
 Em determinada época, do nosso passado, o professor tinha plenos poderes na sua sala de aula. Aplicava o castigo como bem entendia. Os exageros eram tão notórios e frequentes que as autoridades fizeram leis para impedir tais condutas. Só que daí partimos para o outro extremo, tirando toda a autoridade do professor e permitindo desvios de conduta dos alunos, sem que o professor tivesse instrumentos para corrigi-los. O Conselho Estadual de Educação está prestes a aprovar uma norma que impede que as escolas expulsem, suspendam ou castiguem os alunos faltosos. Se um aluno agride uma professora a escola pode fazer nada.
O casamento e a família, hoje, estão em crise. Sabemos que toda crise é salutar e certamente sairemos dela melhores que éramos antes.
 Logo após a ditadura militar, eu era jovem e na época, a moda era: “É proibido proibir”. Aí caímos no outro extremo. A polícia, hoje, não pode agir. Perdemos o respeito pela autoridade. Leis absurdas foram criadas para limitar a ação da polícia favorecendo a bandidagem. Desde pequeninos os filhos aprendem que tem “direitos” e muitos pais são condenados por abuso de autoridade.
Essa lei também se aplica à natureza, naquilo que chamamos de “equilíbrio ecológico”. Quando o predador é muito abundante então o alimento fica escasso e obrigatoriamente o número de predadores diminuirá. Com poucos predadores o alimento cresce novamente criando condições favoráveis para o crescimento do predador.
Na economia essa mesma lei é conhecida como “lei da oferta e da procura”. E em função dela é que ocorrem os “ciclos econômicos”. Quando um negócio é bom, é porque tem muita procura e pouca oferta. Então muitos investem nesse negócio aumentando a oferta e, assim, equilibrando o mercado.
Há pouco tempo vivíamos o “ciclo florestal”. Plantava-se, principalmente, a acácia negra, eucalipto e em algumas regiões pinus. As terras que serviam para as culturas anuais como: milho, batata, aipim, etc. em grande parte, foram ocupadas por matos. Segundo alguns agricultores, esse, seria sempre um bom negócio. Vimos que esses colonos estavam errados.

 Em minha opinião, os agricultores devem sempre aproveitar esses momentos bons de certas culturas , porém ficarem alertas e preparados para uma atividade alternativa.