A correntinha está guardada na casa de Dona Normi viúva de Alvis, que faleceu em 2016. |
CRUELDADE com um macaquinho
O fato aconteceu há muitos anos. Alvis, meu irmão, ainda era piá quando os Gräf, lá em Coblens, tinham um macaco domesticado preso numa corrente. Ele foi capturado ainda filhote quando a mãe foi morta por um caçador.
O ser humano, desde sempre, domesticou animais. Alguns aceitam com facilidade a domesticação como, por exemplo, o cachorro, o gato, boi, elefante, para citar somente alguns. Mas o macaco, por mais que pareça domesticado, jamais perde o seu instinto selvagem. Quando tem oportunidade, agride seu dono ou foge, de volta, para a natureza.
O macaquinho chorou muito nos primeiros dias, mas aos poucos foi se ambientando a essa nova situação. Deram-lhe leite com mamadeira e ele se criou forte e saudável. Certo dia, por um descuido dos Gräf, o macaco fugiu. Conseguiu se soltar e fugiu com a corrente presa no pescoço. A gurizada dos Gräf ficou muito chateada porque gostavam do macaco e das macaquices que fazia. Procuraram pelo bichinho nos matos da redondeza durante vários dias porém, do macaco fujão não se teve mais notícias.
Muitos anos depois, o Alvis achou a correntinha do macaco. Num domingo de manhã, foi ao mato caçar pombas. Na época as pessoas não tinham, ainda, a consciência ecológica como hoje e era muito natural caçar-se pombas, lebres e outros animais pelos matos da redondeza. De repente, deparou-se com algo inusitada. Aí estava a correntinha do macaco fujão incrustada no tronco de um açoita-cavalos. Conta Alvis que, no mesmo instante que viu a correntinha, se lembrou do macaco de estimação dos Gräf fato que havia acontecido há tantos anos. Certamente, pulando de galho em galho, a corrente ficou presa na forquilha do açoita e o macaco morreu enforcado. O Alvis guardou o acontecido na memória e quando viu a correntinha veio à tona o passado distante.
A correntinha está guardada na casa de Dona Normi viúva de Alvis, que faleceu em 2016.
A natureza nos presenteou com esse dom vital para sobrevivência. A nossa memória é algo fantástico.
Segundo o meu entendimento, toda a domesticação é um ato de violência. Seja um passarinho preso numa gaiola, um boi puxando o arado, um cachorro, um gato ou qualquer animal. Retiramo-lo do ambiente para o qual foi criado. Muitos animais estão tão condicionados que já não sobreviveriam sozinhos na natureza.
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