segunda-feira, 2 de agosto de 2021

BAHITO

 

 

 


 

 

 

 

 

BAHITO

 

Creio que nunca antes seu nome foi escrito mas, achei que “BAHITO” tem muito a ver com nome de cachorro.

Quando Pedro Chies nos avisou, fomos a Linha São João buscá-lo. Meu irmão Plinio e eu, pegamos um atalho via Cafundó para encurtar o caminho.

 O nome já fora escolhido uma semana antes. Foi uma escolha nossa, meus dois irmãos mais novos e eu.

Ele era muito sensível e por isso durante várias noites chorou de saudades. Bahito cresceu em tamanho, mas, no comportamento nunca deixou de ser criança. Era brincalhão, afável e jamais teve uma atitude agressiva com quem quer que fosse. O Criador, ao projetá-lo, caprichou no coração, mas se descuidou do cérebro. Bahito tinha uma inteligência limitadíssima. Era uma ótima companhia para nós, mas meus irmãos mais velhos e o pai estavam decepcionados. Fazia coisas que provocavam risadas dos adultos como, correr atrás da sombra dos urubus quando estes passavam voando.

Certa noite de inverno, sentados ao redor do fogão, o pai sugeriu matá-lo.

-Serve para nada burro do jeito que é.

Mas nós protestamos veementemente e o assunto ficou por isso mesmo, até que um dia, de madrugada, ele estava latindo feito um desesperado aí perto de casa.

- Será que finalmente ele virou cachorro pensou papai?

 Pegamos uma lanterna e a espingarda e fomos ver. Ele latia e rosnava. Se aproximava da “fera” e em seguida recuava. Depois, corajosamente, voltava ao ataque dando a impressão que, desta vez, iria abocanhar o bicho. Por mais que olhássemos, nada podíamos ver o que deixava Bahito tão enfurecido até que meu irmão percebeu que havia uma folha que se mexia quando soprava uma lufada de vento. Era a hora que ele recuava. Quando o vento parava, criava coragem e voltava ao ataque.  Para a sorte dele a espingarda não estava com papai porque, com certeza desta vez ele teria matado o nosso Bahito.

Numa outra ocasião, indo para roça, vimos um gato do mato atravessar a estrada. Chamamos o Bahito e lhe indicamos o local onde o gato tinha passado para que ele farejasse e seguindo o rastro fosse perseguir o gato. Bahito farejou e começou a cavar um buraco no meio da estrada.

Lembro com saudade do nosso Bahito que, mesmo com um QI limitado foi, para nós uma ótima companhia e motivo de muitas risadas para os adultos. Com certeza, ao ler este texto, muitos dos prezados leitores se lembrarão de algum cachorro especial que fez parte da sua infância.

 

 

 

 

 

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