Danilo e esposa Aldoina |
Danilo e esposa Aldoina |
MINHA MULHER FICOU VIRGEM NOVAMENTE.
Era uma manhã típica de inverno em Arco Verde. A umidade escorria das paredes do banheiro. Uma serração densa encobria toda a região a ponto de não permitir ver um palmo diante dos olhos.
O casal Mocelin ficou mais algum tempo na cama.
- Levantar pra quê? Com esse tempo nada tem pra fazer, disse Danilo em resposta a uma cotovelada da mulher que queria que ele levantasse.
Já eram dez horas, quando finalmente se animou a sair debaixo das cobertas.
A mesa, sempre farta, já estava posta para o café: queijo, salame, pão feito em casa, e “un bel bicchiere de vino”
Conheci Danilo Mocelin quando, numa certa ocasião, veio animar uma festa aqui no Sagrado. Danilo era um bom gaiteiro e graças ao seu talento sempre era convidado para comemorações, pequenos bailes e festas, coisa que ele adorava pois era um homem muito social. Em geral nada cobrava.
- Pra mim é uma diversão, dizia ele.
As vezes eu o acompanhava fazendo a segunda voz em algumas canções que ele cantava.
No final da festa, aqui no Sagrado, nos convidaram para um café. Tinha linguiça cozida na água, cuca e café preto. Foi aí que me contou a aventura que ele e sua mulher vivenciaram:
- Quando sentei à mesa para o café ouvi um barulho ensurdecedor. Corri para a janela e no campo de futebol do Auriverde, que fica contíguo à minha casa, alguma coisa havia pousado. Era um helicóptero do exército brasileiro. Teve que pousar por causa da forte neblina, e por sorte vislumbrou um campo de futebol.
Desci até o campo, e como todo bom italiano do interior, convidei os dois militares:
- Entrem, o café já está na mesa.
Os militares ficaram impressionados com a acolhida, coisa muito comum entre nós, italianos do interior.
Já eram dez horas e a neblina cedeu seu lugar para uma linda e ensolarada manhã. Então, o piloto, em agradecimento pela gentil acolhida, convidou a mim e minha mulher para um rápido passeio no seu helicóptero.
Aldoina disse que não ia andar naquela coisa, mas depois de tanto insistir, cedeu aos apelos e argumentos do piloto.
Sobrevoamos o vale do Cafundó e Boa Vista. O passeio estava espetacular. Agora, já sem a neblina, o sol iluminava todo o vale que já conhecíamos, mas nunca imaginávamos tudo isso visto de cima. Minha mulher estava extasiada e, não parava de reconhecer os locais que sobrevoávamos:
- Olha aí a igrejinha de Cafundó. Lembra que viemos a uma festa de Santa Luzia?
Tudo era maravilhoso até que o piloto começou a fazer manobras. O Helicóptero subia e descia, inclinava para um lado e para o outro. Aldoina se agarrava a qualquer coisa que estivesse ao alcance, e gritava desesperada.
De noite na cama, contou Danilo, tive uma grande surpresa. Aldoina, minha mulher, tinha ficado virgem de novo. Com as manobras do helicóptero ela fechou as pernas com tanta força que novamente ficou virgem.
Danilo só contou o que aconteceu com a mulher. Quando perguntei- e tu?-, me disse:
- Eu nada.
Mas alguns vizinhos contam que dias depois encontraram uma cueca borrada na lata de lixo.
Danilo foi um homem muito sociável. Gostava de estar entre amigos e familiares. Nos fins de semana frequentava as bodegas em Arco Verde enquanto sua mulher o esperava em casa.
Solange, uma das sobrinhas e minha amiga, disse que Aldoina era uma santa. Sua maior alegria era ver o marido se divertindo. E arrematou:
- Não se fazem mais mulheres como antigamente.
Obrigado, Solange, pelas importantes informações, sem as quais não seria possível este texto.
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