Monóculo |
Primeiro de abril
Inácio Käfer tinha tudo planejado. Vestiu duas calças bem grossas e em baixo do casaco deixou a sacola com alguns cadernos. Sabia que o professor Kochhan ficaria furioso. De propósito se atrasou um pouco para que ele fosse o último a chegar. Entrou correndo na sala fingindo estar apavorado.
- Professor! Professor! Aí fora tem uma cobra enorme. Quase me mordeu!
Tão rápido quanto pode, o professor Kochhan, agarrou sua bengala que, às vezes, servia para afirmar seus passos quando bebia demais e foi para o pátio onde Inácio o esperava.
- Onde está ela?
Então, bem alto e clara, para todos ouvirem, Inácio gritou:
- P r i m e i r o d e a b r i l!
Houve uma explosão de gargalhadas na sala onde os alunos se apinhoavam nas janelas para assistir ao desfecho da brincadeira.
Inácio sabia que o castigo seria violento, por isso, em vez de voltar para a sala, escapou para casa. Só que Kilian, seu pai, levava a educação muito a sério, aplicou um castigo exemplar no guri que teve a ousadia de se divertir às custas do professor.
A Marta Maria Royer também fez uma brincadeira com um professor em relação ao primeiro de abril.
Pegou um monóculo, tirou a foto e inseriu um bilhetinho dizendo “primeiro de abril” e deixou em cima da mesa dos professores. O primeiro que caiu na brincadeira foi o Professor Mario Osvaldo Matias. Depois, também, todos os demais professores. Aconteceu na E. Senhor do Bom Fim quando Marta era aluna nesta escola. Os professores aceitaram o fato como uma brincadeira sadia e de bom gosto.
Pesquisei no Google sobre o evento:
Existem diferentes versões para a razão da data, mas, o que se sabe, é que não é uma tradição recente e que ela nasceu na Europa em meados do século XII.
A versão mais aceita pelos historiadores diz que mesmo após da adoção do calendário gregoriano pelos reinos europeus, alguns territórios ainda seguiam um calendário antigo, em que o fim do ano acontecia no início de abril. Esses povos faziam uma festa que começava na última semana de março e ia até o dia primeiro de abril.
De forma pejorativa, os franceses chamavam essas pessoas de “poisson d’avril”, que pode ser traduzido como “tolos de abril”, que é a forma como a data é chamada em locais de língua inglesa. No fim do período do renascimento, os reinos do norte da Europa, principalmente França e Inglaterra, começaram a usar a data para fazer pegadinhas
Aqui no Brasil, nós também já fomos vítimas desta tradição. Em 1988, a revista científica New Scientist publicou que cientistas alemães teriam conseguido combinar genes de bois com células de tomate e criado uma espécie de “carne vegetal”. Uma grande revista brasileira caiu e acabou publicando uma reportagem noticiando a pesquisa como se fosse real e chamando-a de “Boimate”.
Hoje, quem mais se diverte com o “primeiro de abril” são as crianças e a brincadeira entre adultos é considerada de mau gosto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário