A Bicicleta de Anselmo
Depois da saída de todos os alunos do turno da tarde, Anselmo começou a limpar o pátio do Colégio Rosário. Esta era uma das suas tarefas diárias.
De repente viu uma bicicleta estacionada num canto do pátio. Quando terminou, foi falar com o diretor.
- Algum aluno deve tê-la esquecido. Leve-a para o depósito, com certeza, amanhã ou depois virão procurá-la, disse o diretor.
O Rosário era um colégio particular, dos Irmãos Marista, de ótima qualidade onde somente a elite de Porto Alegre podia estudar.
O nosso vigário, Padre Plei, a pedido de Valentim, pai de Anselmo, conseguiu um lugar no Rosário onde Anselmo podia estudar em troca de serviços que prestaria no outro turno.
Já se haviam passado dois meses e cada vez que ia ao depósito pegar algum produto de limpeza ou víveres para a cozinha, Anselmo via a bicicleta ainda aí. Foi ter com o diretor
- Senhor, a bicicleta ainda está lá.
- Estranho, disse ele.
- Posso pegá-la emprestada para aprender a andar?
Em questão de duas semanas o rapaz já pilotava, razoavelmente bem a bicicleta.
Um dia o diretor chamou-o:
- Queres ficar com a bicicleta para ti?
O coração do mancebo disparou de alegria.
De noite, na cama, quase não dormiu. Agora ele tinha uma bicicleta.
Mas como fazer para leva-la para Arroio Canoas?
Então lembrou-se que Neumann, motorista da cooperativa, todas as semanas levava para Porto Alegre os produtos coloniais como banha, galinhas, ovos manteiga, batata e outros. Perto do Rosário havia um restaurante onde Neumann fazia entregas. Então foi falar com ele:
- Sem dúvida levo a bicicleta pra ti. Se trouxeres ela pra cá levo ainda hoje.
Alguns dias depois, o pessoal da cooperativa avisou Valentim, pai de Anselmo, para que retirasse uma bicicleta que tinham mandado de Porto Alegre.
Aos dezoito anos Anselmo foi chamado para prestar serviço militar por isso teve que interromper os estudos.
Mas tinha uma bicicleta, a primeira a entrar em Arroio Canoas. Depois outros rapazes também compraram como o Lauro, o Silvério e alguns da comunidade de Navegantes. Na época dava status a quem tivesse uma bicicleta. Os rapazes gostavam de se exibir e as meninas suspiravam quando podiam pegar uma carona no guarda pacotes.
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