domingo, 28 de março de 2021

SOMOS ÚNICOS NA NATUREZA


 

SOMOS ÚNICOS NA NATUREZA

 

O desequilíbrio é um instrumento que a natureza usa para estimular-nos. Provoca um desconforto que nos impele para novos enfrentamentos tirando-nos do marasmo. O problema resolvido, a vitória, o título provoca a apatia.

A natureza, da qual fazemos parte, constantemente, promove desequilíbrios fomentando ações em busca de uma nova ordem. Não fosse assim a nossa permanência por aqui não faria sentido, pois viemos para crescer e evoluir.

Se observarmos a espécie humana podemos ver que somos únicos na natureza. O João de Barro, por exemplo, é um verdadeiro artista na construção da sua casa, mas desde todos os tempos nada mudou no seu projeto arquitetônico. Somente o ser humano pode evoluir em grupo. Não há parâmetros para comparar uma casa moderna, da atualidade, com a caverna onde habitávamos na pré-história. Não faltam evidências para comprovar a nossa evolução como espécie.

Evoluímos porque a natureza nos fez assim. O jovem é irrequieto, anseia por mudanças, quer inovar, construir seu próprio mundo, ao passo que o adulto é comedido e analisa com cuidado os passos rumo às mudanças. Se deixássemos somente os jovens conduzir os nossos destinos, perderíamos ensinamentos valiosos acumulados de geração em geração. Se, pelo contrário, entregássemos o mundo nas mãos dos mais velhos não haveria evolução na sociedade. Isso fica patente em muitas empresas. O pai trabalhou duro durante anos para estabelecer um negócio próspero. Quando o filho assume quer introduzir mudanças. Sem o filho a empresa não iria evoluir para acompanhar tendências e tecnologias inovadoras. Mas a presença do pai também é salutar para que não sejam dados passos maiores que o tamanho das pernas. A prudência do velho pai é um elemento importante para estabelecer um ponto de equilíbrio entre as duas forças.

Conheço firmas que, a partir da segunda geração, mostraram um desenvolvimento admirável. Por outro lado, empresas bem-sucedidas foram a falência por falta de controle ou investimentos irresponsáveis.

"Uma sociedade saudável é aquela que sabe dosar com equilíbrio os anseios dos jovens pela mudança e o empenho dos adultos para manter o Status Quo".

 


 

segunda-feira, 22 de março de 2021

A MOSCA AZUL

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abra o link acima.
 

 

A MOSCA AZUL

 

No meu alpendre eu tomava meu chimarrão matutino. Aliás é o que faço todas as manhãs antes das lides diárias. São instantes mágicos que eu me proporciono antes do sol, do barulho, das preocupações. São momentos de transição entre a noite e o dia.

Bem na minha frente, a uns 50 cm, pairava uma mosca azul. É incrível como ela consegue ficar totalmente imóvel no ar. A única coisa perceptível é o rufar das asas que batem com tanta velocidade que a visão não consegue perceber.

 Tentei agarrá-la, mas quando minha mão se aproximou ela se afastou a uma distância de uns 2 metros. Aí ela começou a fazer movimentos para cima, para baixo e para os lados. Movia-se de um ponto a outro com uma rapidez impressionante quase imperceptível e novamente pairava. Como um ser tão insignificante é capaz de reações tão instantâneas! A rapidez de seus movimentos me fez lembrar de relatos de OVNIS que são vistos em algum local e no instante seguinte estão a dezenas de metros distante.

Creio que cada um dos prezados leitores já tenha presenciado fato semelhante.

Imaginem a anatomia. Músculos para acionar as asas permitindo movimentos impressionantes. Com certeza há um cérebro que toma as decisões. Imaginem o tamanho do cérebro. Uma rede de neurônios que transmitem os comandos. Aparelho circulatório para transportar combustível e comburente. Aparelho digestivo, respiratório, visão, audição, memória, instinto e toda a complexa estrutura necessária para equipar esse ser, aparentemente, tão insignificante. E tudo isso para sustentar a vida de uma minúscula mosca azul, de uma pulga, um borrachudo, de mosquitinhos quase imperceptíveis a olho nu. Seres unicelulares vivendo até dentro de nós alguns úteis e necessários outros causando doenças.

  Se você prestar atenção verá que está rodeado de fatos extraordinários. Verá que não damos um passo na natureza sem tropeçar em algum milagre. Talvez não sejam milagres, somente a manifestação da natureza. Ou quem sabe tudo seja um grande milagre.

Peguei o mata-moscas. Ainda não estava morta, então pisei nela.

A vida ao nosso redor é tão abundante que a menosprezamos. Damos cabo de seres sem motivo algum. Precisamos nos educar para perceber a vida e valorizá-la.

Se você não conhece a mosca azul não fique decepcionado, o mundo está cheio de pequenos milagres.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 15 de março de 2021

PRIMEIRA BICICLETA em Arroio Canoas




 

A Bicicleta de Anselmo

 

Depois da saída de todos os alunos do turno da tarde, Anselmo começou a limpar o pátio do Colégio Rosário. Esta era uma das suas tarefas diárias.

 De repente viu uma bicicleta estacionada num canto do pátio. Quando terminou, foi falar com o diretor.

- Algum aluno deve tê-la esquecido. Leve-a para o depósito, com certeza, amanhã ou depois virão procurá-la, disse o diretor.

O Rosário era um colégio particular, dos Irmãos Marista, de ótima qualidade onde somente a elite de Porto Alegre podia estudar.

 O nosso vigário, Padre Plei, a pedido de Valentim, pai de Anselmo, conseguiu um lugar no Rosário onde Anselmo podia estudar em troca de serviços que prestaria no outro turno.

 Já se haviam passado dois meses e cada vez que ia ao depósito pegar algum produto de limpeza ou víveres para a cozinha, Anselmo via a bicicleta ainda aí. Foi ter com o diretor

- Senhor, a bicicleta ainda está lá.

- Estranho, disse ele.

- Posso pegá-la emprestada para aprender a andar?

Em questão de duas semanas o rapaz já pilotava, razoavelmente bem a bicicleta.

Um dia o diretor chamou-o:

- Queres ficar com a bicicleta para ti?

O coração do mancebo disparou de alegria.

De noite, na cama, quase não dormiu. Agora ele tinha uma bicicleta.

Mas como fazer para leva-la para Arroio Canoas?

Então lembrou-se que Neumann, motorista da cooperativa, todas as semanas levava para Porto Alegre os produtos coloniais como banha, galinhas, ovos manteiga, batata e outros. Perto do Rosário havia um restaurante onde Neumann fazia entregas. Então foi falar com ele:

- Sem dúvida levo a bicicleta pra ti. Se trouxeres ela pra cá levo ainda hoje.

Alguns dias depois, o pessoal da cooperativa avisou Valentim, pai de Anselmo, para que retirasse uma bicicleta que tinham mandado de Porto Alegre.

Aos dezoito anos Anselmo foi chamado para prestar serviço militar por isso teve que interromper os estudos.

Mas tinha uma bicicleta, a primeira a entrar em Arroio Canoas. Depois outros rapazes também compraram como o Lauro, o Silvério e alguns da comunidade de Navegantes. Na época dava status a quem tivesse uma bicicleta. Os rapazes gostavam de se exibir e as meninas suspiravam quando podiam pegar uma carona no guarda pacotes.