Nikolaus Butzen |
Familia Vogt |
A REUNIÃO
Por volta de 1916, quando Ottilia tinha 10 anos, os quatro
moradores de Morgens Land tinham uma reunião marcada na casa dos Vogt. O assunto
seria a preocupação com os italianos. Eles já ocupavam as terras de Boa Vista
(Arco Verde) e estavam comprando propriedades cada vez mais próximas.
- Daqui a pouco são nossos vizinhos, disse a Senhora Vogt
abrindo a reunião. E o que faremos
então?
A senhora Vogt fizera
cuca no dia anterior e, como anfitriã, serviu aos visitantes. A farinha de
trigo normalmente era rara, mas naquele ano a colheita fora boa.
A senhora Butzen concordou com Margarida Vogt e, também,
achava que a situação era preocupante.
- Nós não ficaremos morando aqui, disse a Senhora Bervian.
Daqui a pouco vão querer namorar com nossas filhas e isso seria o fim.
Todas as mulheres concordaram com a Senhora Bervian. Se não
houvesse outro jeito voltariam para Badenzerthahl, sua terra natal. Os homens
já não eram tão radicais e mesmo não gostando da presença dos italianos achavam
que não havia motivo para abandonarem tudo e procurar outras terras.
- Vocês homens acham que tudo está bem, disse a Senhora
Bervian. Depois que acontecer alguma coisa grave ai será tarde.
- O que pode acontecer de tão grave com a presença deles,
disse o Senhor Gräf?
- Eu já ouvi falar muita coisa dessa gente disse a Sra Vogt.
Na última visita, meu irmão Florian contou que, não sei aonde, mataram uma
pessoa a marteladas. Sabemos que são atrevidos e namoradores, e não respeitam
as mulheres. Já pensaram o que pode acontecer com as nossas filhas?
Então o Senhor Pedro
Gräf disse que ele não sairia de Morgens Land.
- trabalhei muito nas minhas terras. Derrubei muito mato, fiz
roças e agora que posso começar a plantar e colher... Não vão me fazer correr
daqui com o rabo no meio das pernas. Então, a Senhora Gräf, que até agora
ficara calada, disse:
- Como podes pensar tão pouco nas nossas filhas?
- Penso nelas. E se um dos filhos desses italianos chegar
perto delas vai levar chumbo. Mas daqui eu não vou sair.
Estava claro que as mulheres eram mais radicais em relação à
presença dos italianos que os homens. Eles não viam tanto motivo de
preocupação.
Então tomaram uma
decisão; na próxima visita do padre falariam com ele e pediriam um conselho.
Afinal ele era um homem estudado e devia conhecer melhor essa gente.
Durante o resto da reunião conversaram sobre amenidades. As
mulheres aproveitaram para colocar as fofocas em dia e os homens discutiam
sobre assuntos de roça.
Junto com a cuca
corria a roda de chimarrão. Os imigrantes alemães se acostumaram rapidamente
com esta bebida, e ela passou a fazer parte dos seus costumes.
Das quatro famílias pioneiras de Morgens Land três voltaram para
Badenserthal. Somente Pedro Gräf ficou por aqui. E por ironia do destino, Gräf
teve uma família numerosa e a grande maioria dos seus filhos e filhas casaram
com italianos. Os Vogt e os Bervian voltaram para Badenserthahl. O Senhor
Butzen faleceu muito cedo mesmo antes de voltar para sua terra natal, mas sua
família, depois do seu falecimento, também voltou. Nikolaus Butzen está
enterrado no cemitério do Sagrado Coração de Jesus, em Arroio Canoas-Barão
Morgens Land foi a primeira denominação da localidade que
depois passou a chamar-se Cobléns, devido terem sido seus 4 pioneiros oriundos
de Koblenz, Alemanha.
Os Gräf, hoje, formam uma família
numerosa e sua influência e atuação foi relevante no contexto social e
econômico de Cobléns.
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