domingo, 8 de março de 2020

EXPLOSÃO NA COZINHA DE GUIDO II

 Marcio











'

Casa do Guido

amansavam juntinhas de terneiros para a canga,










EXPLOSÃO NA COZINHA DE GUIDO II



Quando os filhos de Guido Hentz eram pequenos, não havia dinheiro para comprar brinquedos. Os tempos eram difíceis e as crianças tinham que usar a criatividade para brincar. Com bananeiras faziam bois, carroças e casas. Laranjas se transformavam em bolas de futebol ou pegavam uma meia velha e a enchiam com panos e palha. Corriam atrás de preás, amansavam juntinhas de terneiros para a canga, procuravam balões de abelhas para chuparem o mel e caçavam passarinhos. Qualquer coisa era transformada em brinquedo. Sempre havia algo para ser inventado.
 Certe vez, houve uma grande comemoração na comunidade. Muitos foguetes foram estourados como sinal de alegria pela conquista.
No dia seguinte, a gurizada foi juntar os foguetes que haviam sido estourados durante as comemorações. Os guris do Guido foram os primeiros a se darem conta de que aqueles foguetes estourados poderiam servir para alguma coisa. De manhã, bem sedo, os quatro subiram ao clube e recolheram tudo o que conseguiram carregar para casa. Quem comandou a operação foi o Antenor, o mais velho. Encheram três sacolas e muito felizes foram para casa.  Os três guris carregaram as sacolas, e o Fix, que era ainda pequenino, só levava dois foguetes, um em cada mão.
 Aquela semana foi muito especial porque o Iliseo estava em casa e havia muito pra fazer. Brincaram de festejar casamentos, aniversários, festas e, também, o kerb.
 Depois de algum tempo, aquilo já não tinha mais graça. Então, o Eitor teve a ideia de queimar os foguetes no fogão à lenha onde a mãe estava fazendo a comida. Eram onze horas quando se ouviu um estrondo. A mãe havia saído para recolher os ovos e ao voltar, quando entrava pela porta da cozinha com os ovos, aconteceu. Entre os foguetes havia um que, ainda, não tinha estourado. Os anéis do fogão, a panela de feijão e todo o almoço foram pros ares. A comida estava espalhada por toda a cozinha. Um bife estava grudado no teto e outro no vidro da janela. Com o susto a mãe largou o balaio e todos os ovos se quebraram.
 Por sorte ninguém se feriu e o fogão não sofreu danos significativos. Na casa de Guido, naquele dia, só se comeu pão na hora do almoço. Sequer, sobrou um ovo para fritar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário