Marcio | ' |
Casa do Guido |
amansavam juntinhas de terneiros para a canga, |
EXPLOSÃO NA COZINHA DE GUIDO II
Quando os filhos de Guido Hentz eram pequenos, não
havia dinheiro para comprar brinquedos. Os tempos eram difíceis e as crianças
tinham que usar a criatividade para brincar. Com bananeiras faziam bois,
carroças e casas. Laranjas se transformavam em bolas de futebol ou pegavam uma
meia velha e a enchiam com panos e palha. Corriam atrás de preás, amansavam juntinhas de terneiros para a canga, procuravam
balões de abelhas para chuparem o mel e caçavam passarinhos. Qualquer coisa era
transformada em brinquedo. Sempre havia algo para ser inventado.
Certe vez, houve uma grande comemoração na
comunidade. Muitos foguetes foram estourados como sinal de alegria pela
conquista.
No dia seguinte, a gurizada foi juntar os foguetes
que haviam sido estourados durante as comemorações. Os guris do Guido foram os
primeiros a se darem conta de que aqueles foguetes estourados poderiam servir
para alguma coisa. De manhã, bem sedo, os quatro subiram ao clube e recolheram
tudo o que conseguiram carregar para casa. Quem comandou a operação foi o
Antenor, o mais velho. Encheram três sacolas e muito felizes foram para casa. Os três guris carregaram as sacolas, e o Fix,
que era ainda pequenino, só levava dois foguetes, um em cada mão.
Aquela
semana foi muito especial porque o Iliseo estava em casa e havia muito pra
fazer. Brincaram de festejar casamentos, aniversários, festas e, também, o
kerb.
Depois de
algum tempo, aquilo já não tinha mais graça. Então, o Eitor teve a ideia de
queimar os foguetes no fogão à lenha onde a mãe estava fazendo a comida. Eram
onze horas quando se ouviu um estrondo. A mãe havia saído para recolher os ovos
e ao voltar, quando entrava pela porta da cozinha com os ovos, aconteceu. Entre
os foguetes havia um que, ainda, não tinha estourado. Os anéis do fogão, a
panela de feijão e todo o almoço foram pros ares. A comida estava
espalhada por toda a cozinha. Um bife estava grudado no teto e outro no vidro
da janela. Com o susto a mãe largou o balaio e todos os ovos se quebraram.
Por sorte ninguém se feriu e o fogão não
sofreu danos significativos. Na casa de Guido, naquele dia, só se comeu pão na
hora do almoço. Sequer, sobrou um ovo para fritar.
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