Certo dia apareceu um comprador com um aero willys |
Familia Royer |
Pedro e Paulo. |
casal Ignacio Leopoldo e celita Royer |
UM GOLPISTA VINDO DE TEUTÔNIA
Por volta de 1970
Arroio Canoas descobriu que tinha solo e clima propícios para o cultivo da
batatinha (bata inglesa). A batatinha sempre foi cultivada pelos nossos
colonos, mas em pequena escala, somente para consumo próprio.
Aloysio Schneider e Geocondo Chies foram os
primeiros a cultivar a batata inglesa com objetivo comercial, e foram eles,
também, os pioneiros a usar adubação química na cultura. Essa prática, além de
ajudar na recuperação das terras, elevou substancialmente a produtividade.
No início, a
utilização de fertilizantes químicos teve resistências entre alguns colonos e,
somente depois de verem os bons resultados, começaram a aderir à prática.
Na época, a maioria
das famílias eram numerosas. Esse fato veio a calhar pois, antes da
mecanização, a cultura exigia muita mão de obra.
Foi uma época de
fartura em Arroio Canoas e, éramos vistos como privilegiados pelas localidades
vizinhas.
O fato aconteceu com a
família de Ignácio Royer. A colheita, naquele ano, tinha sido farta e os porões
dos colonos estavam cheios. (O porão era o melhor lugar para armazenar a batatinha).
De todas as partes vinham compradores com caminhões que levavam até 100 sacos.
Certo dia apareceu um
comprador com um aero willys na casa de Royer. Vinha de Teutônia e queria 7
sacos pois era o que cabia no seu velho automóvel. Depois de carregado propôs
pagar tudo na próxima semana quando viria pegar outra remeça. Royer não
conhecia o comprador e nem tinha referências sobre sua honestidade. Por isso
não aceitou o proposto. Falou que pagasse os 7 sacos e que na semana seguinte
negociariam novamente. Como esta tentativa não deu certo o golpista partiu para
o plano B. Pediu um copo de água.
Enquanto Ignácio foi buscar a água o gatuno se mandou.
Como o automóvel
estava carregado e a estrada para Cafundó era estreita não pode desenvolver
muita velocidade. Pedro, o filho mais velho, chamou seu irmão Paulo e desceram
por um atalho. Era um pique aberto no meio do mato e, segundo seus cálculos,
chegariam a Cafundó antes do golpista. E foi o que aconteceu. Tentaram atacá-lo,
mas ele fez sinal que saíssem da estrada pois vinha para cima deles a toda
velocidade. Sem alternativa saíram da estrada, mas ao passar por eles
arremessaram as pedras que haviam recolhido imaginando que não iam conseguir
parar o carro.
Pedro acertou a
primeira pedra no para-brisa do Willys deixando-o esmigalhado. Mesmo assim ele
não parou e seguiu rumo a Teutônia.
Os nossos colonos
estavam sempre desprotegidos e sujeitos a todo tipo de adversidades. Dependiam
do clima, do preparo do terreno, da qualidade das sementes, do ataque de
insetos e de doenças como a “muchadeira” que, muitas vezes, punha a perder toda
a plantação. E quando, finalmente, a colheita estava garantida, ainda vinham
comerciantes inescrupulosos como aconteceu neste caso. Mas este foi um caso
isolado e, em geral os comerciantes eram pessoas honestas.
Foi bem assim.
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