sábado, 21 de março de 2020

UM GOLPISTA VINDO DE TEUTÔNIA

Certo dia apareceu um comprador com um aero willys
Familia Royer

Pedro e Paulo.

casal Ignacio Leopoldo e celita Royer






UM GOLPISTA VINDO DE TEUTÔNIA

Por volta de 1970 Arroio Canoas descobriu que tinha solo e clima propícios para o cultivo da batatinha (bata inglesa). A batatinha sempre foi cultivada pelos nossos colonos, mas em pequena escala, somente para consumo próprio.
 Aloysio Schneider e Geocondo Chies foram os primeiros a cultivar a batata inglesa com objetivo comercial, e foram eles, também, os pioneiros a usar adubação química na cultura. Essa prática, além de ajudar na recuperação das terras, elevou substancialmente a produtividade.
No início, a utilização de fertilizantes químicos teve resistências entre alguns colonos e, somente depois de verem os bons resultados, começaram a aderir à prática.
Na época, a maioria das famílias eram numerosas. Esse fato veio a calhar pois, antes da mecanização, a cultura exigia muita mão de obra.
Foi uma época de fartura em Arroio Canoas e, éramos vistos como privilegiados pelas localidades vizinhas.
O fato aconteceu com a família de Ignácio Royer. A colheita, naquele ano, tinha sido farta e os porões dos colonos estavam cheios. (O porão era o melhor lugar para armazenar a batatinha). De todas as partes vinham compradores com caminhões que levavam até 100 sacos.
Certo dia apareceu um comprador com um aero willys na casa de Royer. Vinha de Teutônia e queria 7 sacos pois era o que cabia no seu velho automóvel. Depois de carregado propôs pagar tudo na próxima semana quando viria pegar outra remeça. Royer não conhecia o comprador e nem tinha referências sobre sua honestidade. Por isso não aceitou o proposto. Falou que pagasse os 7 sacos e que na semana seguinte negociariam novamente. Como esta tentativa não deu certo o golpista partiu para o plano B. Pediu um copo de água. Enquanto Ignácio foi buscar a água o gatuno se mandou.
Como o automóvel estava carregado e a estrada para Cafundó era estreita não pode desenvolver muita velocidade. Pedro, o filho mais velho, chamou seu irmão Paulo e desceram por um atalho. Era um pique aberto no meio do mato e, segundo seus cálculos, chegariam a Cafundó antes do golpista. E foi o que aconteceu. Tentaram atacá-lo, mas ele fez sinal que saíssem da estrada pois vinha para cima deles a toda velocidade. Sem alternativa saíram da estrada, mas ao passar por eles arremessaram as pedras que haviam recolhido imaginando que não iam conseguir parar o carro.
Pedro acertou a primeira pedra no para-brisa do Willys deixando-o esmigalhado. Mesmo assim ele não parou e seguiu rumo a Teutônia.
Os nossos colonos estavam sempre desprotegidos e sujeitos a todo tipo de adversidades. Dependiam do clima, do preparo do terreno, da qualidade das sementes, do ataque de insetos e de doenças como a “muchadeira” que, muitas vezes, punha a perder toda a plantação. E quando, finalmente, a colheita estava garantida, ainda vinham comerciantes inescrupulosos como aconteceu neste caso. Mas este foi um caso isolado e, em geral os comerciantes eram pessoas honestas.
                                                                                  

Um comentário: