segunda-feira, 28 de outubro de 2019

O ESCONDERIJO DA CHAVE



há quem guarde a chave numa cuia














O ESCONDERIJO DA CHAVE

Muitas famílias tem um lugar combinado para guardar a chave da casa. Desse modo não há perigo de extravios ou esquecimento e não é necessário que cada um tenha sua. Quem chega primeiro sabe onde procurar.
Na sua família tem um esconderijo para a chave da casa? 
Conheço muitos que a guardam debaixo do segundo vaso de flores. Talvez houvesse lugares menos óbvios. Sei de alguém que que a guarda no bojo de uma estátua de Santo Antônio. No pátio tem uma capelinha dedicada a Santo Antônio. Outro lugar muito comum é a soleira da porta.
As chaves, assim como os muros e cercas agridem a natureza humana. Hoje, em nome de segurança, nos enclausuramos nas casas com trancas, cercados e muros limitando o convívio social.
Mas as chaves que mais agridem são as que fecham o nosso coração. Fracassos, decepções amorosas, traições e amizades não correspondidas levam muitos a se retraírem. E para não sofrerem novamente esquecem-se da onde guardaram a chave.
Se você extraviou a chave do seu coração, não desista. Vire sua alma do avesso. Talvez a encontre no bojo de algum Santo Antônio, no baú da sua memória, ou atrás de algum rosto por aí. 
Ou quem sabe, bem ali debaixo do seu nariz.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Aloisio José Ludwig

Aloisio José Ludwig

Era casado com Imelda Clara Ludwig




kafimihl”













Aloisio José Ludwig

No dia 28 de fevereiro de 2018 fui visitar Aloísio Ludwig que morava em Boa Vista, município de Poço das Antas. Na ocasião, ele me contou que seu pai tinha uma marcenaria e que, quando era guri, pediu para aprender o oficio de marceneiro pois, desde pequeno, gostava de trabalhar a madeira. Seu pai, no entanto, não aprovou a ideia por que, segundo ele, Aloisio era muito fraco e magricela para esta atividade. Mas o rapaz não se deu por vencido e, às escondidas do pai, construiu sozinho uma carreta. Isso foi suficiente para convencer o pai do seu potencial e, a partir daí se tornou marceneiro “tischler” na marcenaria de Edmundo Ludwig.       
 Aloisio José Ludwig faleceu nesta sexta-feira, dia 18 de outubro de 2019 e foi enterrado no cemitério de Boa Vista no sábado. Era casado com Imelda Clara Ludwig e tiveram nove filhos entre eles, Padre Asabido que hoje é pároco em Roca Sales.
Ludwig Alvis, assim era conhecido em Boa Vista, trabalhou por muitos anos na marcenaria do pai. Fazia carretas, pipas, cangas, canzis, bancadas de marceneiro e toda sorte de objetos de madeira que os colonos encomendavam. Me contou que fabricou mais de vinte bancadas “huwelbänke”. Para fabricá-las usava um modelo que com certeza os imigrantes trouxeram da Alemanha pois é um equipamento muito comum nas colônias alemãs. “huwelbank” é um termo usado no alemão hunsrik e em alemão gramatical significa “tischlerbank ou hobelbank” e em português bancada de marceneiro.
Tenho aqui em casa um equipamento desses. Segundo Nelson Ludwig, esta bancada já deve ter mais de cento e cinquenta anos. Ela pertencia a seu pai Edmundo e antes a seu avô Pedro Ludwig. É um equipamento simples, porém de muita utilidade para profissionais do ramo de madeira. Muitos colonos, principalmente da região alemã, tinham um “huwelbank”. Servia para prender a madeira e aplainar um cabo de enxada ou executar tarefas das mais variadas.
 Antes dos eletroeletrônicos modernos foram inventadas verdadeiras maravilhas. São instrumentos fabricados há mais de cem anos e que ainda funcionam perfeitamente.
. Na casa de Astor Haupenthal, hoje falecido, vi um apetrecho para picar fumo. Vi, também, um utensílio para moer batatas e outros tubérculos. Havia um moedor de café “kafimihl” que os colonos utilizavam para moer pimenta, canela e etc. Se pudéssemos dar uma espiadinha no mundo de trinta anos atrás, certamente os jovens se perguntariam como essa gente conseguia viver. Era uma época em que não havia máquina de lavar roupa, celular, computador, ceifadeira, trator. Lembro de quando as terras eram aradas com juntas de bois. O automóvel é coisa recente. Inventos que foram úteis há trinta anos, hoje são obsoletos.
Há nisso tudo um paradoxo. As modernas máquinas nos libertaram de muitas tarefas. Deveria haver mais tempo para ocupações sociais e lúdicas, porém, sabemos que não é assim. Estamos sempre correndo, sempre atrasados. A desculpa mais em moda hoje é:
- “Não tenho tempo. ”