segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

LAURINDO BOENI O contador de histórias

Laurindo Boeni e esposa





LAURINDO BOENI

O contador de histórias

Na entrada do baile pedi que me indicassem alguém que soubesse das histórias de São Vendelino. Então o cobrador de ingressos disse que aquele ali, vestindo um traje de gaúcho, era a pessoa certa para isso.
Laurindo Boeni gosta muito de conversar e sabe muitas histórias. Mora no sopé do Morro da Canastra, o mais alto de toda a região (720m) que em dias límpidos pode ser visto da Volta do Guerino em Porto Alegre.
Segundo Boeni, foram os Jesuítas que descobriram o morro e passaram a trazer, de Porto Alegre, estudantes para fazerem passeios e estudar a natureza da região que era muito rica em fauna e flora. O morro e seu entorno, em épocas passadas, era habitado por bugres. Prova disso são os vários objetos que ainda hoje são encontrados por toda a parte. Boeni achou, no seu potreiro, alguns utensílios que pertenceram aos bugres. Foi nesta região que ocorreu o episódio de “AS VÍTIMAS DO BUGRE”, livro escrito por Matias José Gansweidt sobre o rapto da família Versteg.
Conta-se que os Jesuítas sabem de um segredo do Morro. Que no pé do Canastra há uma caverna de índios cuja entrada fora camuflada com tal perfeição que muitas pessoas já tentaram encontrá-la sem sucesso. Não se sabe, ao certo, se foram os jesuítas ou os bugres que disfarçaram a entrada da caverna. Suspeita-se que aí possam estar escondidos tesouros. Laurindo Boeni não acredita nesta história, mas sabe de gente que acredita. Por enquanto é um mistério que o Canastra guarde nas suas entranhas a sete chaves. Quem sabe um dia tudo possa ser revelado.
Boeni, também, contou-me que um médico de Farroupilha comprou o morro para nele construir um hospital para curar tuberculosos. De acordo com a avaliação do médico o topo do Canastra era um lugar ideal para tais pacientes que precisavam de isolamento por que a doença era altamente contagiosa e ar puro para se curarem. No entanto, antes da concretização do plano, foi descoberta a penicilina, um antibiótico, que facilitou a cura dessa temida doença não sendo mais necessários os cuidados de outrora.
 Quero agradecer ao Laurindo Boeni por ter me contado algumas das muitas histórias que sabe. 
Se você gosta de aventura vá ao pé do Morro Canastra! Quem sabe um tesouro esteja, lá, esperando por você.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Político, uma profissão?





Simbolo de corrupçao.




Político, uma profissão?


Provavelmente, lá no início da humanidade já havia profissões. Imagino que nas aldeias primitivas sempre alguém sabia pescar melhor. Então ele escolhia ser pescador. Outros eram fortes e por isso recebiam a incumbência de defender a aldeia contra invasores. Certamente havia os caçadores, os estafetas e os inventores.
Naqueles tempos a humanidade tinha poucas necessidades: Uma caverna confortável, comida, segurança e convívio social.
 Havia poucas necessidades, por isso, também, poucas profissões.
Na medida em que a humanidade foi se sofisticando as necessidades aumentaram e em consequência, também, o leque de profissões. Hoje, a cada dia, surgem novas profissões. Há uma necessidade cada vez maior de especialistas nas mais diversas áreas da atividade humana. Na mesma medida em que surgem profissões novas, desaparecem outras. Um profissional que há pouco tempo era importante, de repente ficou sem trabalho. Quem, ainda hoje, põe no seu currículo que tem curso de datilografia? Ou um mecânico, que é especialista em carburador? Você sabe o que faz o lixólogo? Já existe faculdade do lixo.

Exercer uma profissão é algo nobre. Na medida do possível as pessoas devem procurar profissões que combinem com seus talentos, gostos e aptidões.

Você acha que “político” deve ser uma profissão? Talvez um dos nossos maiores males seja a profissionalização da política. Conheço pessoas que entraram para a vida pública recentemente e ficaram surpresos com as possibilidades e facilidades de haver corrupção. Acredito nessas pessoas e tenho certeza que não são corruptas. Mas um dia a necessidade aperta e aí ao ver a oferta escancarada e a convivência com os já mais experientes ele sucumbe à tentação. E como diz o ditado; “Onde passa um boi...”

 Por isso é que entendo que a renovação na política seria algo muito salutar para a sociedade. Entendo que, o cidadão, ao fim do seu mandato, deveria voltar para casa e exercer sua profissão de antes. Aliás, ter uma profissão deveria ser uma das exigências para alguém que quisesse se candidatar a algum cargo político. Mas essas coisas provavelmente nunca vão mudar porque são eles que fazem as leis. Não iriam legislar contra seus interesses.

Criam-se então grupos fechados que se locupletam nos órgãos governamentais e não permitem a oxigenação nas administrações públicas. Os vícios se instalam e, aos poucos, esses grupos se sentem donos quando na verdade deveriam ser servidores passageiros.




segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

HIDROMANCIA

Leopoldo Weschenfelder 
Armando kuhn conheceu Guilherme
 Lindolfo Käfer






  HIDROMANCIA

 Nesses últimos anos, a humanidade está vivenciando um desenvolvimento espantoso. Os avanços da eletrônica e da cibernética nos deixam maravilhados e achamos que eles podem resolver todas as nossas questões. Essa explosão tecnológica e científica nos deixou insensíveis a muitos valores da cultura popular que atravessaram séculos mostrando resultados inquestionáveis. Acho que tudo isso deixou nossa sociedade doente. Não descansamos. Constantemente estamos de olho no vizinho: seu carro do ano, televisão, geladeira, seu tênis e na pintura moderna da sua casa. Quando não podemos apresentar, constantemente, uma novidade, nos sentimos desconfortáveis e depressivos, e enchemos os consultórios dos psicólogos e psiquiatras.
                        Conheço, aqui na minha pequena comunidade, Arroio Canoas, pessoas que sabem achar veios de água subterrânea utilizando somente uma forquilha de pessegueiro. Tenho um poço cavado na minha propriedade que fornece água boa graças à habilidade do Lindolfo Käfer. Muitos outros poços foram cavados com um percentual de êxito espantoso, localizados por pessoas com esse dom munidos unicamente de uma forquilha de pessegueiro.
 Pesquisando no Google pude ver que essa aptidão é conhecida em todo mundo e alguns países dedicam esforços para aprimorar esse dom que, sabemos, somente algumas pessoas possuem. Essa habilidade chama-se radiestasia ou hidromancia.
Em Boa Vista, Poço das Antas, morava Guilherme Luft, “Luft Wilam”, que também tinha a habilidade de procurar veios de água.
 Conta-se que certa vez Leopoldo Weschenfelder chamou Luft para procurar água na sua propriedade em Arroio Canoas. Wilam, andou pela propriedade esperando que a forquilha lhe desse um sinal. Então percebeu que na medida em que andava para trás o sinal da forquilha ia intensificando. Sempre atento ao sinal, não percebeu que logo atrás dele havia um poço onde acabou caindo. Gritou por socorro mas quando Leopoldo chegou ao local ele já estava a salvo. Por sorte o poço não era profundo o que permitiu que saísse ileso do acidente.
Essa história foi me contada por Silfredo Weschenfelder. São histórias antigas que são contadas e não sabemos da exata veracidade dos detalhes mas, que, em geral, há sempre um fundo de verdade.
Armando kuhn conheceu Guilherme. Disse que ele era um homem muito religioso e que todos os domingos, montado em seu burrinho, ia até Poço das Antas, distante 12 km, para assistir à missa.
Talvez seja hora de voltarmos. De, novamente, prestarmos atenção nas coisas que a ciência não pode comprovar. De aprendermos que temos necessidades além dos bens de consumo que podem nos anestesiar, porém, só por algum tempo.