terça-feira, 29 de setembro de 2015

UM EXEMPLO DE VIDA? Germano Schneider

Germano tem oitenta e sete anos e jamais adoeceu.

Nao gosta de ser fotogrado

Xingou quando viu que estava sendo fotografado

Mora sozinho, em Arroio, no Sagrado, numa casa construída pelos pais,
 que está caindo aos pedaços






UM EXEMPLO DE VIDA?
Germano Schneider


Talvez, nos últimos cinquenta anos o mundo tem caminhado, célere, ao encontro da sofisticação. Desde que o homem habita a terra nunca criou tanto e inovou com tanta rapidez como agora. Tudo muda tão rapidamente que temos dificuldade de acompanhar essa constante modernização. Então nos esforçamos para não sermos taxados de antigos ou fora da moda.
O Germano Schneider não é assim. Enquanto o mundo caminha para a modernidade ele volta ao passado. Não conhece celular, comunicação por Email, WhatsApp, Facebook e tantas outras novidades a disposição do homem moderno. Tudo isso faz a mínima diferença na vida dele. O que faz diferença é o frio que faz as bergamotas caírem mais cedo, o abacateiro que carregou poucas frutas neste ano ou um vizinho ter derrubado um capoeirão onde ele costumava colher quaresmas e outras frutas silvestres. E, apesar de receber um salário mínimo de aposentadoria, não se importa se a Dilma vai dar ou não um aumento aos aposentados. É verdade que, todos os meses, vai ao banco em Barão retirar sua aposentadoria, mas em vez de gastá-la com algum conforto só retira o troco e o resto deposita numa poupança. Aliás, até bem pouco tempo, caminha até Barão (11 km), para não precisar gastar com passagem. Hoje, pega um ônibus porque já não aguenta mais a caminhada.
Os íntimos garantem que ele tem uma pequena fortuna depositada em poupança. Segundo essas pessoas ele costuma dizer:
“Este dinheiro veio do governo e vai voltar para o governo”.
Germano tem oitenta e sete anos e jamais adoeceu. Ninguém sabe quando tomou seu último banho ou se já fez isso alguma vez na vida. Mora sozinho, em Arroio, no Sagrado, numa casa construída pelos pais, que está caindo aos pedaços. Durante sua vida não precisou de médico, psicólogo, juiz ou advogado. Enquanto a humanidade se afasta da natureza ele convive com ela. Jamais se queixou de stress, insônia ou dor de cabeça. Para ele uma segunda feira vale tanto quanto um sábado. Só presta atenção ao calendário mensal para retirar sua aposentadoria da conta corrente e depositá-la na poupança.
Já falei do Germano há cinco anos. Ele continua bem de saúde levando a sua vida simples. Após relutar, muito aceitou abandonar sua velha casa e veio morar numa casinha construída pelo Dirceu Schnorremberger.
Não quero apresentá-lo como um modelo a ser seguido, porém com certeza lições importantes poderíamos aprender do seu modo simples de encarar a vida.


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