O MIRAMAR NO AUGE
Transcorriam os “Anos
Setenta” e o “Miramar, antigo”, estava no auge da sua performance. Fazíamos
sucesso, principalmente, na região alemã de Poço das Antas, Teutônia,
Canabarro, Glória, Languiru, São Jacó, Linha Wink, Boa Vista Languiru e muitas
outras localidades do interior de Estrela. O Miramar era sempre garantia de
casa cheia. Analisando, hoje, o fenômeno poder-se-ia estranhar o fato de o
Miramar fazer tanto sucesso justamente nesta região que, já naquele tempo, como
ainda hoje, é um celeiro de músicos brilhantes e bandas qualificadas. Enquanto
lá os músicos todos liam partituras, nós éramos, praticamente, analfabetos em
conhecimentos teóricos. Porém o que nos faltava na teoria tínhamos sobrando no
ouvido musical. A musicalidade corria solta nas veias dos irmãos Chies. Eles
escutavam os últimos sucessos no rádio e com muita facilidade reproduziam as
músicas. Principalmente, o Irani e o Verealdo passavam o dia escutando rádio.
Não tínhamos à disposição gravadores por isso quando tocava uma música que interessava
corriam para anotar a letra. Muitas vezes ela ficava pela metade. Então o jeito
era esperar que a rádio tocasse novamente e assim três quatro e mais vezes até
conseguir anotar toda a letra. Eram épocas difíceis para nós que tínhamos que
aprender as músicas desse jeito. Porém, talvez, aí estava a explicação do nosso
sucesso. Enquanto as bandas da região tocavam “músicas de bandinha” como
dobrados, marchas, valsas etc. nós tocávamos os últimos sucessos tocados nas
rádios. Isso atraia, principalmente, os jovens que vibravam com as constantes
novidades do nosso repertório.
Éramos todos jovens e às
vezes irresponsáveis. Foi o que aconteceu com o Verealdo num baile no salão do
Gastão na linha Wink. Estava ele
cantando o sucesso da época “O VAGABUNDO” Engenheiros do Hawaii. Entusiasmado
com os aplausos e a gritaria das mocinhas arriscou um repente. Em vez de cantar
“um vagabundo como eu” cantou um “F. P. como eu”. Esse verso era cantada justamente
no momento em que todos os instrumentos silenciavam de modo que todo o salão
ouviu, claramente, o nosso cantor repentista ofender sua mãe e por extensão os seus irmãos . O público não se
importou mas nós achamos aquilo imperdoável.
No final do baile fomos
todos ao banheiro urinar. Como é comum, sempre tem uma torneira que larga água
no mictório. Coube ao Lorivaldo urinar bem em frente ao registro. Então como é
natural abriu o registro. Mas aquele registro não era da água do mictório. Era
de um chuveiro bem acima de sua cabeça. Molhou-se todo.
Naquela madrugada, já em
casa, depois de descarregar os instrumentos o Lori teve uma tarefa extra; secar
seu uniforme que estava todo molhado. Mas o Vere teve tarefa mais difícil. Além
de secar o traje precisou se livrar do cheiro forte de urina de tanto xixi que
levou principalmente do Irani e do Marialdo os dois mais sensatos da turma.
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