terça-feira, 5 de maio de 2015

O MIRAMAR NO AUGE




O MIRAMAR NO AUGE

Transcorriam os “Anos Setenta” e o “Miramar, antigo”, estava no auge da sua performance. Fazíamos sucesso, principalmente, na região alemã de Poço das Antas, Teutônia, Canabarro, Glória, Languiru, São Jacó, Linha Wink, Boa Vista Languiru e muitas outras localidades do interior de Estrela. O Miramar era sempre garantia de casa cheia. Analisando, hoje, o fenômeno poder-se-ia estranhar o fato de o Miramar fazer tanto sucesso justamente nesta região que, já naquele tempo, como ainda hoje, é um celeiro de músicos brilhantes e bandas qualificadas. Enquanto lá os músicos todos liam partituras, nós éramos, praticamente, analfabetos em conhecimentos teóricos. Porém o que nos faltava na teoria tínhamos sobrando no ouvido musical. A musicalidade corria solta nas veias dos irmãos Chies. Eles escutavam os últimos sucessos no rádio e com muita facilidade reproduziam as músicas. Principalmente, o Irani e o Verealdo passavam o dia escutando rádio. Não tínhamos à disposição gravadores por isso quando tocava uma música que interessava corriam para anotar a letra. Muitas vezes ela ficava pela metade. Então o jeito era esperar que a rádio tocasse novamente e assim três quatro e mais vezes até conseguir anotar toda a letra. Eram épocas difíceis para nós que tínhamos que aprender as músicas desse jeito. Porém, talvez, aí estava a explicação do nosso sucesso. Enquanto as bandas da região tocavam “músicas de bandinha” como dobrados, marchas, valsas etc. nós tocávamos os últimos sucessos tocados nas rádios. Isso atraia, principalmente, os jovens que vibravam com as constantes novidades do nosso repertório.
Éramos todos jovens e às vezes irresponsáveis. Foi o que aconteceu com o Verealdo num baile no salão do Gastão na linha Wink.  Estava ele cantando o sucesso da época “O VAGABUNDO” Engenheiros do Hawaii. Entusiasmado com os aplausos e a gritaria das mocinhas arriscou um repente. Em vez de cantar “um vagabundo como eu” cantou um “F. P. como eu”. Esse verso era cantada justamente no momento em que todos os instrumentos silenciavam de modo que todo o salão ouviu, claramente, o nosso cantor repentista ofender sua mãe e por extensão os seus irmãos . O público não se importou mas nós achamos aquilo imperdoável.
No final do baile fomos todos ao banheiro urinar. Como é comum, sempre tem uma torneira que larga água no mictório. Coube ao Lorivaldo urinar bem em frente ao registro. Então como é natural abriu o registro. Mas aquele registro não era da água do mictório. Era de um chuveiro bem acima de sua cabeça. Molhou-se todo.
Naquela madrugada, já em casa, depois de descarregar os instrumentos o Lori teve uma tarefa extra; secar seu uniforme que estava todo molhado. Mas o Vere teve tarefa mais difícil. Além de secar o traje precisou se livrar do cheiro forte de urina de tanto xixi que levou principalmente do Irani e do Marialdo os dois mais sensatos da turma.







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