segunda-feira, 28 de outubro de 2013

RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA

                                                          RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA


 Toda a família se reunia em torno do fogão a lenha.
 Comíamos pinhão assado na chapa

 O horizonte tingia-se de um vermelho intenso
 Foi na casa de Orestes Scottá que ouvi rádio pela primeira vez

 A receita é da Belácia.
Noites frias de inverno quando, sob a luz de um lampião a querosene

 Noites frias de inverno quando, sob a luz de um lampião a querosene

ALGUMAS RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA.


1 - No mês de dezembro, quando o sol se punha, muitas vezes, o horizonte tingia-se de um vermelho intenso. Era uma visão espetacular e nós, crianças, queríamos saber o que fazia o céu ficar assim. Nossos pais diziam que era Papai Noel cozinhando os doces que seriam distribuídos no Natal.
2- Muito cedo, as crianças, na colônia, já ajudavam nas lides da roça. Lembro que uma das minhas atribuições era fechar o breque da carreta ao descermos os morros íngremes da nossa propriedade. Meu irmão maior ia à frente conduzindo os bois e eu, atrás, abria ou fechava o breque conforme necessário. Era um trabalho de grande responsabilidade e eu me sentia orgulhoso.
3 - Lembro, com saudade, das noites frias de inverno quando, sob a luz de um lampião a querosene, toda a família se reunia em torno do fogão a lenha. Comíamos pinhão assado na chapa e os mais velhos tomavam chimarrão.  Cantávamos canções populares e hinos religiosos.
4 - Na escola jogávamos Barra ou Bandeira Velha. Aos domingos, pelos potreiros, procurávamos frutas silvestres: quaresmas (araticum), cerejas, pitangas e guabirobas. Com fundas, caçávamos passarinhos e procurávamos colméias para chupar o mel. Num domingo encurralamos um passarinho numa moita e nos postamos em torno dela disparando tiros de todos os lados. Até que um tiro atravessou a moita e atingiu a cabeça de Flávio no outro lado. O tiro partira da funda de Lauredo Erntzen. Por sorte, nada de grave aconteceu, pois, ao atravessar a moita, a pedra perdeu potência não causando danos significativos na cabeça de Flávio.
5 - Foi na casa de Orestes Scottá que ouvi rádio pela primeira vez. A propriedade de Orestes, hoje, pertence aos descendentes de Hugo Schommer, e parte da casa ainda existe transformada em paiol. Antes, pertencia a Antonio Zan que era o nono (avô) de Teresa Maria Zan Manfredini, minha amiga e escritora. A mãe de Teresa sabia muitas histórias de Arroio Canoas. Orestes era o nosso vizinho e um dia nos convidou para uma audiência no seu rádio. O aparelho estava sintonizado na Rádio Difusora de Garibaldi. Lembro que ouvimos: “As Mocinhas da Cidade”, “Cana Verde” e propaganda de Pepsi-Cola.
 Esses primeiros rádios funcionavam com válvulas (hoje transistores) e por isso consumiam muita energia que era fornecida por uma bateria. (A energia elétrica ainda não chegara a Arroio). Por isso o aparelho ficava ligado o mínimo possível. Para carregar, a bateria tinha que ser levada “lá no Checo”, pai de Reinaldo Deitos que tinha um equipamento para tal fim movido por águas do arroio Canoas. As baterias eram transportadas a cavalo dentro de um saco e se usava uma pedra como contrapeso. Havia, também, quem as transportasse em bicicletas. Mais tarde alguns compraram cata-ventos.
6 -“Oia schmier” (schimier de ovos). Era uma das guloseimas que mamãe preparava de vez em quando.  Podia ser doce ou salgada. A receita é assim: dois ovos, duas colheres de farinha e bastante água, (duas xícaras). Quando salgada, podia se acrescentar “spek kribscha”(toicinho) ou lingüiça frita. Era passada sobre uma fatia de pão, de preferência pão de milho. Lembro que quando tinha “oiaschmier” nós podíamos “carregar”, isso é, passar uma camada bem grossa. A receita é da Belácia.

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