segunda-feira, 29 de abril de 2013

BENO E ERNO KÄFER


Beno e Erno são os filhos mais novos do casal Reinoldo e Verônica Käfer.

Familia de Reinoldo Käfer


A AVENTURA DE BENO E ERNO KÄFER

Beno e Erno são os filhos mais novos do casal Reinoldo e Verônica Käfer. Beno tinha dez e Erno sete quando a mamãe Verônica os chamou para uma tarefa. Era uma sexta feira, dia em que os colonos iam comprar carne. A mãe falou em alemão:
- Zwei kg Fleisch und fünfzig Gramm coalhen. (Dois kg de carne e cinquenta gramas de coalho). Era oque deveriam comprar na venda de Vitório Chies. Então Beno quis saber como se dizia coalhen em português porque Vitório era italiano e não falava alemão.
- Coalho disse o pai Reinoldo que estava ouvindo a conversa. O pequeno Erno prestou atenção e enquanto iam para a venda ficou repetindo a palavra para não esquecer.  
- Co a lho, co a lho, co a lho...
Quando chegaram, Beno fez o pedido. Dois kg de carne e quinhentos gramas de... Coalho, disse o pequeno Erno, se intrometendo no assunto.
Mas, Vitório estranhou o pedido. Certamente, os dois meninos não iriam comprar meio kg de coalho. Se quer ele tinha essa quantidade em estoque. Alguma coisa não estava batendo. Por sorte estava aí o Schneider Alvis que falando em alemão com os meninos descobriu que a quantidade não era quinhentos gramas, mas sim cinquenta. Resolvida esta questão puseram-se a caminho de casa.
Perto da onde, hoje, mora o Getúlio um córrego atravessava a estrada e logo após há um aclive acentuado. Antes de chegarem ao córrego um caminhão passou por eles. Era o Floriano. Para atravessar o córrego ele baixou a velocidade quase parando. Entao o Beno teve a ideia de subirem no caminhão para pegarem uma carona até em casa. Sem muita dificuldade os dois subiram no caminhão. Acomodaram-se bem na frente da carroceria, colocaram as compras no chão e se seguravam com as duas mãos. Já perto de casa, as condições da estrada melhoraram e o caminhão aumentou a velocidade. Com o vento, o chapéu de Beno voou para baixo. Ele não teve dúvidas. Correu, a toda, até o fim da carroceria e apoiando uma mão na tampa saltou para baixo. Quem já pulou de um veículo em movimento sabe muito bem o que deve ter acontecido. O Coitado do menino levou um tombo fenomenal, mas sem demora se recuperou e foi pegar seu chapéu. O pequeno Erno, agora sozinho, se apavorou e imitando o irmão também saltou do caminhão.
 Aí, se lembraram das compras que  haviam ficado no caminhão.
 O que fazer?
- Vamos correr atrás dele, disse Beno.
Para sorte deles Floriano tinha um negocia a resolver com Osvino Käfer. A parada foi suficiente para que Beno subisse no caminhão e resgatasse o saquinho com as compras.
Um pouco adiante, sentaram num barranco e examinaram os joelhos que, em função do tombo, sofreram arranhões significativos.
Jamais os pais dos garotos souberam do acontecido e nem o Floriano que, sem saber, deu carona aos dois aventureiros.































domingo, 21 de abril de 2013

TIA CLARA E O VEXAME


Mais tarde a prefeitura de Montenegro forneceu
 máquinas modernas tocadas a motor







 Tia Clara

 Um homem numa colheitadeira, faz o trabalho
de centenas de trabalhadores braçais.
Depois surgiu uma máquina tocada à força humana ou animal.
Mais tarde a prefeitura de Montenegro
forneceu máquinas modernas tocadas a motor

mas o ônibus já estava partindo e a porta fechada



 TIA CLARA E O VEXAME



Em épocas passadas, por todo este interior, os colonos, além de muitas outras coisas, também, semeavam trigo. As propriedades precisavam bastar-se tanto quanto possível. Hoje, ninguém mais pensa em cultivar este cereal. Os agricultores compram a farinha e muitas vezes, até o pão.
Lá no início da colonização, o trigo era trilhado com mangual. Depois, surgiu uma máquina tocada à força humana ou animal. Dois homens fortes giravam um equipamento que debulhava as espigas. O trigo saía junto com a palha sendo necessário, depois, separar a sujeira dos grãos. Era, ainda, um processo primitivo, trabalhoso e árduo.
Mais tarde, a prefeitura de Montenegro forneceu máquinas modernas tocadas a motor facilitando a vida dos colonos. Hoje, um homem, sentado com todo o conforto em sua ceifadeira, faz o trabalho de centenas de trabalhadores braçais.
Em Arroio Canoas, Valentim Hentz era o responsável pela trilhadeira. Depois do trigo recolhido na roça, a máquina passava pela comunidade e, mediante o pagamento de uma taxa, cada um podia trilhar seu trigo. 
Quando Tia Clara soube em que dia a trilhadeira passaria lá em casa deu um jeito de vir.
 Ela adorava estas ocasiões e sempre se mostrava muito prestativa.  Recolhia algumas espigas que os trabalhadores deixavam cair e recomendava que tivessem mais cuidado e abria o saco para despejar o trigo debulhado.
 Na trilhadeira havia um ventilador que sugava o ar para produzir uma correnteza que separava os grãos da palha. Tia Clara, num momento de descuido, passou perto do ventilador que, juntamente com o ar, sugou, também, seu vestido e a saia de baixo (una rock) deixando-a só em trajes íntimos. Ela tinha muito pudor e ficou extremamente vexada com a situação. Todos tínhamos um grande carinho pela Tia, mas ninguém conseguiu segurar-se e a gargalhada foi geral. Diante da atitude de todos, ela saiu daí o mais rápido que pode. Não conseguia correr porque estava manca devido a uma sequela que ficara de um tombo que levou quando ia aprender a andar de bicicleta. Minha mãe acudiu-a e a conduziu para dentro de casa.
Depois de muito trabalho, meu pai conseguiu desvencilhar o vestido do ventilador, porém não sem deixá-lo todo despedaçado. Tia Clara não saiu mais de dentro de casa naquele dia. Mais tarde, nós gurizada fomos consolá-la. Dissemos que foi uma fatalidade. Que ela não teve culpa e que não ficasse aborrecida. Dissemos que a amávamos muito e que aquilo para nós significava nada.
 –Pois é, disse ela, mas todos riram de mim. Então, pedimos desculpas.
 No dia seguinte, ela já esquecera o fato e voltou a ser a Tia de sempre. O vestido que mamãe teve de emprestar-lhe ficou apertado nela, mas não houve outro jeito.
Quando embarcou no ônibus meu pai disse que ela deveria fazer um regime por que seu vestido estava apertado. Ela ainda quis responder, mas o ônibus já estava partindo e a porta fechada. Papai esperou o momento certo para mexer com ela. Nós só vimos o dedinho dela apontando na direção de papai, mas não pudemos mais ouvir os seus impropérios.
Quando o ônibus já havia partido, tivemos que rir. Mamãe disse:
-Coitada!

domingo, 14 de abril de 2013

COMO ANTIGAMENTE

 Plinio Schneider preparando o terreno para plantar bata doce. 
 Eram os gritos de um lavrador
 que estava lavrando numa roça aí por perto:



 e, também, do cachorro que, como antigamente,
estava acompanhando seu dono.

encontrei o Ademir Pagliarini
 e sua esposa Marivete cortando pasto de elefante

teve licença do Nico para cortar o pasto.

os dois subiram na carreta



Ele fez a colheita do modo tradicional, como antigamente

A safra foi boa e vai ter feijão para toda a família.


Na casa do Cláudio ninguém vai passar fome neste ano.



COMO ANTIGAGAMENTE

Uma jovem, conversando comigo, falava sobre antigamente. Então lhe perguntei:
- Sabes, que quando a expressão “antigamente” começa a aparecer, com frequência, nas nossas conversas é porque estamos ficando velhos? Beirando os setenta, brinquei com ela. Olhou-me sem compreender no início, mas logo seu sorriso confirmou que havia entendido.
Quando eu era criança, adorava ouvir os mais velhos falando de antigamente. Hoje, troquei de posição e aqui estou eu falando das minhas recordações e aprendizados. Conto casos, falo sobre costumes, tradições, crendices e superstições.
Num dia desses, estava cuidando do meu pequeno pomar quando um som familiar me fez lembrar os tempos de criança. Eram os gritos de um lavrador que estava lavrando numa roça aí por perto:
 -“Prá cima! Prá baixo! Hoit! Har! Astra! No rego!” e outras expressões do vocabulário pertinente.
 Antes do advento da agricultura moderna, toda a terra era arada com tração animal. Então, principalmente na primavera, ouvia-se, por toda parte, a gritaria dos colonos preparando as terras para o plantio.
Peguei a minha máquina fotográfica e fui procurar o lavrador. Era meu vizinho, Plinio Schneider preparando o terreno para plantar bata doce. Tirei várias fotos da junta e, também, do cachorro que, como antigamente, estava acompanhando seu dono.
Há alguns dias, enquanto fazia a minha caminha, encontrei o Ademir Pagliarini e sua esposa Marivete cortando pasto de elefante num barranco na beira da estrada. Pagliarini teve licença do Nico para cortar o pasto. E, como antigamente, depois de carregado todo o pasto, os dois subiram na carreta e puxados por uma junta de bois levaram a carga para casa. Ademir está engordando uma novilha. Certamente, em breve, o freezer estará, novamente, abastecido e para a alegria da Franciele e de toda a família os churrascos de fim de semana estarão garantidos por um bom tempo.
Nos tempos modernos, os agricultores têm colheitadeiras para trilharem sua produção de cereais. Claudio Käfer plantou uma rocinha de feijão. Ele fez a colheita do modo tradicional, como antigamente. Depois de maduros, arrancou os pés de feijão deixando-os secar ao sol.  Em seguida espalhou tudo sobre um pano e malhou com um mangual para debulhar os grãos. A safra foi boa e vai ter feijão para toda a família. Na casa do Cláudio ninguém vai passar fome neste ano. E, quem sabe, ainda sobre um ou dois kg para que ele possa cumprir a promessa que me fez quando estive lá para bater as fotos. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A LUZINHA PISCANTE







A LUZINHA PISCANTE

Então a mãe foi á escola levar uma queixa:
No desfile do dia Sete de Setembro seu filho marchara certo e todos os outros alunos estavam com o passo trocado.
- Isto é uma vergonha! E ameaçou transferir seu filho para outro colégio. As professoras de Educação Física deveriam ser repreendidas e os alunos punidos exemplarmente. Claro que com exceção de seu filho que, ao contrário, deveria receber uma recompensa por ter sido o único a marchar certo.
Quando você acha que todos estão errados menos você, então deve procurar uma luzinha vermelha, piscando no painel de sua vida. É um sinal de alerta. Provavelmente é necessária uma correção de rumo.
Há outras evidências que disparam a luzinha no painel: quando, no convívio com os seus, você xinga mais do que é xingado; quando você é mais exigente em cobrar as dívidas do que em pagar as suas; quando grita mais com os outros do que eles com você; quando os outros o aceitam com paciência e você os trata com estupidez; quando ninguém aprova o seu modo de agir a não ser você mesmo e os seus íntimos. quando você é mais problema que solução; quando a sua opinião, obrigatoriamente, tem que prevalecer; quando toda a comunidade não o aceita e por isso se sente injustiçado; quando a sua oração lhe mostra um caminho e as atitudes o levam a outro; Então você deve prestar atenção na luzinha vermelha. Alguma coisa na sua vida precisa de um novo rumo.
 Talvez você seja o único a marchar com o passo certo.