sexta-feira, 6 de abril de 2012

PIQUENIQUE Segunda parte

Mata cerrada por onde passa o Arroio Canoas
Poço onde fizemos o piquenique.
O lagarto que atacou Tia Clara.

Lagarto de papo amarelo




PIQUENIQUE- segunda parte
(Continuaçao do texto da semana passada)

Descemos por uma trilha que levava ao poço onde iríamos acampar.
Mamãe escolheu um local minimamente nivelado e lá estendeu uma toalha sobre a qual colocamos as nossas coisas. Cada um ganhou seu anzol e papai nos ensinou como colocar a isca. As crianças também ganharam uma boia mas que só seria usada mais tarde. Papai ordenou que ninguém entrasse na água para não espantar os peixes. Primeiro iríamos pescar mesmo porque a água nas primeiras horas da manhã estava fria. Quando fizesse mais calor e já tivéssemos pescado o banho seria liberado.
O primeiro peixe que pegamos foi um lambari. Quem o pescou foi meu irmão menor. Ele ficou encabulado com os elogios da Tia e os aplausos de todos.  Depois pegamos jundiás, uma carpa e muitos charutinhos.
Antes do lanche do meio dia, o banho foi liberado. Os grandes já se deliciavam com a água refrescante do arroio que neste local formava um poço natural de até dois metros de profundidade em alguns lugares. Papai recomendou muito cuidado e que somente, os que sabiam nadar bem, poderiam se arriscar a nadar nos lugares mais fundos. Nós tivemos que esperar, pacientemente, até que Tia Clara inflasse as nossas boias e colocasse uma em cada antebraço. A festa foi grande e o tumulto maior ainda. Em pouco tempo, aquela água que era límpida, virou um lamaçal. No leito do arroio havia muito entulho depositado e com o agito o barro se misturou com a água. Mas isso não diminuiu a alegria e o prazer desse banho refrescante.
Depois de meia hora foi dada a ordem de sair da água. Lavamo-nos logo acima na água corrente e sem trocar de roupa fomos comer o nosso lanche.  Depois papai e mamãe e os irmãos mais velhos deitaram para descansar. Nós e Tia Clara voltamos a pescar porque, disse ela, que os peixes maiores só saem de suas tocas com a água suja. De fato, enquanto a água estava turva, pegamos vários peixes grandes.
Em certo momento a Tia se afastou do acampamento para satisfazer as necessidades. Seguiu por uma trilha feita por caçadores que passavam por aí a procura quatis, pombas, anhangás e outras caças. De repente,  ouvimos a tia gritar desesperadamente:
- Um bicho, um bicho!
E lá veio ela correndo pela trilha e atrás dela um enorme lagarto de papo amarelo. Papai agarrou a espingarda e acertou, de raspão, o rabo do animal que assustado deu meia volta e sumiu no mato. O tiro arrancou parte do rabo do lagarto que ficou aí se retorcendo.
 Perguntamos para a Tia como isso tinha acontecido.
- O bicho danado veio bisbilhotar enquanto fazia as minhas necessidades. Então joguei uma pedrinha nele para espantá-lo. Ele não deve ter gostado e me atacou.
Tia Clara era manca de uma perna e teve dificuldades para fugir do réptil. Porém, graças a espingarda do pai, ela se safou de levar uma rabanada do lagarto atrevido.
Este foi o último incidente do dia. Recolhemos tudo sem nos esquecer dos peixes que foram limpos e, de noite fritos.
O assunto do resto do dia foi sobre o ataque que tia Clara sofreu. Ela estava chateada porque teve que concordar que foi providencial papai ter levado a espingarda. E disse:
- Em vez de acertar o rabo devia ter acertado a cabeça do desgraçado. Então, todos rimos, inclusive a Tia que já não se incomodava com as provocações de papai que não perdia uma ocasião para debochar dela.
Essa foi uma semana muito especial. Quando a Tia já havia embarcado no ônibus papai falou para que todos ouvissem:
- Conta para o Getúlio a tua aventura com o lagarto de papo amarelo! E deu uma forte gargalhada.

Um comentário:

  1. Há um ditado que diz: "Ninguém vive de lembranças".
    Mas, acredito que sao fundamentais para diginificar nossa existência.
    Abra....

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