Mata cerrada por onde passa o Arroio Canoas |
Poço onde fizemos o piquenique. |
O lagarto que atacou Tia Clara. |
Lagarto de papo amarelo |
PIQUENIQUE- segunda parte
(Continuaçao do texto da semana passada)
(Continuaçao do texto da semana passada)
Descemos por uma trilha que levava ao poço onde iríamos acampar.
Mamãe escolheu um local minimamente nivelado e lá estendeu uma toalha sobre a qual colocamos as nossas coisas. Cada um ganhou seu anzol e papai nos ensinou como colocar a isca. As crianças também ganharam uma boia mas que só seria usada mais tarde. Papai ordenou que ninguém entrasse na água para não espantar os peixes. Primeiro iríamos pescar mesmo porque a água nas primeiras horas da manhã estava fria. Quando fizesse mais calor e já tivéssemos pescado o banho seria liberado.
O primeiro peixe que pegamos foi um lambari. Quem o pescou foi meu irmão menor. Ele ficou encabulado com os elogios da Tia e os aplausos de todos. Depois pegamos jundiás, uma carpa e muitos charutinhos.
Antes do lanche do meio dia, o banho foi liberado. Os grandes já se deliciavam com a água refrescante do arroio que neste local formava um poço natural de até dois metros de profundidade em alguns lugares. Papai recomendou muito cuidado e que somente, os que sabiam nadar bem, poderiam se arriscar a nadar nos lugares mais fundos. Nós tivemos que esperar, pacientemente, até que Tia Clara inflasse as nossas boias e colocasse uma em cada antebraço. A festa foi grande e o tumulto maior ainda. Em pouco tempo, aquela água que era límpida, virou um lamaçal. No leito do arroio havia muito entulho depositado e com o agito o barro se misturou com a água. Mas isso não diminuiu a alegria e o prazer desse banho refrescante.
Depois de meia hora foi dada a ordem de sair da água. Lavamo-nos logo acima na água corrente e sem trocar de roupa fomos comer o nosso lanche. Depois papai e mamãe e os irmãos mais velhos deitaram para descansar. Nós e Tia Clara voltamos a pescar porque, disse ela, que os peixes maiores só saem de suas tocas com a água suja. De fato, enquanto a água estava turva, pegamos vários peixes grandes.
Em certo momento a Tia se afastou do acampamento para satisfazer as necessidades. Seguiu por uma trilha feita por caçadores que passavam por aí a procura quatis, pombas, anhangás e outras caças. De repente, ouvimos a tia gritar desesperadamente:
- Um bicho, um bicho!
E lá veio ela correndo pela trilha e atrás dela um enorme lagarto de papo amarelo. Papai agarrou a espingarda e acertou, de raspão, o rabo do animal que assustado deu meia volta e sumiu no mato. O tiro arrancou parte do rabo do lagarto que ficou aí se retorcendo.
Perguntamos para a Tia como isso tinha acontecido.
- O bicho danado veio bisbilhotar enquanto fazia as minhas necessidades. Então joguei uma pedrinha nele para espantá-lo. Ele não deve ter gostado e me atacou.
Tia Clara era manca de uma perna e teve dificuldades para fugir do réptil. Porém, graças a espingarda do pai, ela se safou de levar uma rabanada do lagarto atrevido.
Este foi o último incidente do dia. Recolhemos tudo sem nos esquecer dos peixes que foram limpos e, de noite fritos.
O assunto do resto do dia foi sobre o ataque que tia Clara sofreu. Ela estava chateada porque teve que concordar que foi providencial papai ter levado a espingarda. E disse:
- Em vez de acertar o rabo devia ter acertado a cabeça do desgraçado. Então, todos rimos, inclusive a Tia que já não se incomodava com as provocações de papai que não perdia uma ocasião para debochar dela.
Essa foi uma semana muito especial. Quando a Tia já havia embarcado no ônibus papai falou para que todos ouvissem:
- Conta para o Getúlio a tua aventura com o lagarto de papo amarelo! E deu uma forte gargalhada.
Há um ditado que diz: "Ninguém vive de lembranças".
ResponderExcluirMas, acredito que sao fundamentais para diginificar nossa existência.
Abra....