segunda-feira, 30 de abril de 2012

DE VOLTA A S. BERNARDINO


O arroio maltratado

Erosao, sem a vegetaçao ciliar.


Minha Flor Amarela




DE VOLTA A SÃO BERNARDINO



Depois de cinco meses, voltei a São Bernardino. A cidadezinha continua um encanto. Caminhei pelas ruas e vi duas obras em construção.

 Quando já era noite, vi crianças andando pelas ruas. Ao passar por elas me cumprimentaram com um “Boa-noite” e sorriram ainda que, provavelmente, nunca me tivessem visto antes. Acho que em São Bernardino as pessoas, ainda, vivem conforme a natureza que pulsa no mais íntimo de cada ser humano. Nas grandes cidades, os indivíduos passam uma vida toda sem ter conversado uma palavra com o vizinho do seu apartamento e mesmo sendo um aglomerado de milhões de pessoas, cada um, egoisticamente, se fecha no seu mundo. No povo de São Bernardino o atributo de “ser social” ainda está vivo e palpitante.

A Alana pediu que eu escrevesse sobre “Educação”. Querem fundar um jornal. Parabéns Alana e colegas e também, professora. Então, educar vem da palavra latina “dúcere”, que significa conduzir, orientar, mostrar o caminho.

As crianças aprendem dos adultos. Formalmente, primeiro nas famílias e depois na escola. Mas desde pequenas, lhes ensinamos, através de exemplos, a respeitar, a brigar, a tolerar, a promover a paz, a serem gentis ou grosseiras, educadas ou estúpidas, a odiar, a amar. Cada ser humano leva para a vida de adulto uma enorme bagagem fruto do aprendizado informal que lhe transmitimos através de exemplos desde a mais tenra idade. Eu me arriscaria a dizer que é aí que forjamos a personalidade que o indivíduo carrega para o resto da vida. Quando uma criança me cumprimenta, gentilmente, ao passar por mim na rua, isso é fruto de educação. Na família e na escola, podemos ensinar-lhe como agir, mas certamente, os exemplos dos adultos serão o parâmetro principal para a sua conduta.

Percorri trechos de um arroio que atravessa a cidade. Talvez esteja aí o maior desafio de São Bernardino. Ele parece estar descuidado com a vegetação ciliar destruída. Tive a impressão de muita sujeira. Vi casas construídas muito perto do leito, pocilgas e estrebarias que provavelmente despejam o esgoto sem o tratamento adequado nas águas do pequeno córrego.

 Porém, a natureza é forte. Sempre que parece subjugada ela ressurge quando lhe damos uma trégua. Bernardinenses, Façam as pazes com o arroio! Ele está doente!
 Mas, apesar dos maus tratos, nas suas margens castigadas vi lindas flores desabrochando e entre elas uma amarela, tão linda como não existe outra no mundo. A minha flor e o pequeno rio necessitam de cuidados. Mas, sei que irão triunfar por que ambos são fortes como a natureza. Somente precisam de um pouco de cuidado e de carinho.










terça-feira, 17 de abril de 2012

CORAL DE CRIANÇAS DO SAGRADO



HINO OFICIAL DAS MISSOES.

CORAL DE CRIANÇAS DE ARROIO CANOAS-SAGRADO CORAÇAO DE JESUS. Ensaiados por Laurindo Hentz. Sao crianças muito talentosa. Nao conheciam o canto. Fiz a gravaçao após o primeiro ensaio.

COMPOSIÇAO DE JORGE TREVISOL. Este canto nao foi criado para ser o "HINO DAS MISSOES". Foi adotado.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

CHURRASCO

AS FACILIDADES DE HOJE


Giocondo Chies. nosso 1º churrasqueiro oficial

Ervino Käfer, churrasqueiro durante muito tempo.

Armando kuhn, auxiliar de Giocondo.

Nossas mulheres, competentes cozinheiras.



CHURRASCO


O churrasco é um prato cujo preparo é altamente diversificado. Porém todos concordam que se trata de carne assada. Em geral, há uma concordância de que teve sua origem nos pampas que compreende uma área do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. É uma extensa área, no sul do Brasil, Argentina e Uruguai com pastagens naturais e foi aí que se criou, por primeiro, gado de forma extensiva na América do Sul. Por ser um prato de fácil preparo, os vaqueiros, conhecidos com Gaúchos, tornaram o churrasco famoso e típico.
Em geral, nas comunidades interioranas, existe uma pessoa que é o churrasqueiro oficial. Aqui, na minha comunidade, todos concordam que, nos tempos antigos, foi Giocondo Chies o primeiro e o mais conhecido churrasqueiro. Ele não vive mais, porém alguns de seus auxiliares ainda estão aí para contar as histórias daquele tempo. Hugo Schommer, Reinoldo Schommer, Jandir Käfer, Armando Kuhn e Lindolfo Käfer foram alguns dos seus auxiliares.
Armando lembra, que nas festas de Igreja, a equipe de Giocondo era convocada para preparar o churrasco.
Então, cavavam um valo num lugar próximo à festa que era enchido com lenha de batinga ou angico. Giocondo era exigente e não aceitava outro tipo de lenha.
De manhã, antes de clarear o dia, já se ateava fogo na lenha porque na hora de por a carne as brasas deviam estar no ponto.
Depois de Giocondo, Ervino Käfer foi o nosso churrasqueiro oficial.
 Ele já assava em churrasqueira de tijolo coberta com telhado. Contam, os que se lembram desse tempo, que numa ocasião, quando o churrasco já estava iniciado, sobreveio um temporal e arrancou o telhado e a chuva apagou todo o fogo. Tiveram que improvisar um novo telhado e recomeçar tudo.
- Foram épocas difíceis, mas que lembramos com muita saudade, concluiu Armando.
A evolução das churrasqueiras é evidente. Precisamos enaltecer as pessoas que, ainda hoje, cumprem essa função nas comunidades, porém se compararmos as dificuldades de antigamente os de hoje tem seu trabalho facilitado. As churrasqueiras rotativas executam, em grande parte, o trabalho dos churrasqueiros.



sexta-feira, 6 de abril de 2012

PIQUENIQUE Segunda parte

Mata cerrada por onde passa o Arroio Canoas
Poço onde fizemos o piquenique.
O lagarto que atacou Tia Clara.

Lagarto de papo amarelo




PIQUENIQUE- segunda parte
(Continuaçao do texto da semana passada)

Descemos por uma trilha que levava ao poço onde iríamos acampar.
Mamãe escolheu um local minimamente nivelado e lá estendeu uma toalha sobre a qual colocamos as nossas coisas. Cada um ganhou seu anzol e papai nos ensinou como colocar a isca. As crianças também ganharam uma boia mas que só seria usada mais tarde. Papai ordenou que ninguém entrasse na água para não espantar os peixes. Primeiro iríamos pescar mesmo porque a água nas primeiras horas da manhã estava fria. Quando fizesse mais calor e já tivéssemos pescado o banho seria liberado.
O primeiro peixe que pegamos foi um lambari. Quem o pescou foi meu irmão menor. Ele ficou encabulado com os elogios da Tia e os aplausos de todos.  Depois pegamos jundiás, uma carpa e muitos charutinhos.
Antes do lanche do meio dia, o banho foi liberado. Os grandes já se deliciavam com a água refrescante do arroio que neste local formava um poço natural de até dois metros de profundidade em alguns lugares. Papai recomendou muito cuidado e que somente, os que sabiam nadar bem, poderiam se arriscar a nadar nos lugares mais fundos. Nós tivemos que esperar, pacientemente, até que Tia Clara inflasse as nossas boias e colocasse uma em cada antebraço. A festa foi grande e o tumulto maior ainda. Em pouco tempo, aquela água que era límpida, virou um lamaçal. No leito do arroio havia muito entulho depositado e com o agito o barro se misturou com a água. Mas isso não diminuiu a alegria e o prazer desse banho refrescante.
Depois de meia hora foi dada a ordem de sair da água. Lavamo-nos logo acima na água corrente e sem trocar de roupa fomos comer o nosso lanche.  Depois papai e mamãe e os irmãos mais velhos deitaram para descansar. Nós e Tia Clara voltamos a pescar porque, disse ela, que os peixes maiores só saem de suas tocas com a água suja. De fato, enquanto a água estava turva, pegamos vários peixes grandes.
Em certo momento a Tia se afastou do acampamento para satisfazer as necessidades. Seguiu por uma trilha feita por caçadores que passavam por aí a procura quatis, pombas, anhangás e outras caças. De repente,  ouvimos a tia gritar desesperadamente:
- Um bicho, um bicho!
E lá veio ela correndo pela trilha e atrás dela um enorme lagarto de papo amarelo. Papai agarrou a espingarda e acertou, de raspão, o rabo do animal que assustado deu meia volta e sumiu no mato. O tiro arrancou parte do rabo do lagarto que ficou aí se retorcendo.
 Perguntamos para a Tia como isso tinha acontecido.
- O bicho danado veio bisbilhotar enquanto fazia as minhas necessidades. Então joguei uma pedrinha nele para espantá-lo. Ele não deve ter gostado e me atacou.
Tia Clara era manca de uma perna e teve dificuldades para fugir do réptil. Porém, graças a espingarda do pai, ela se safou de levar uma rabanada do lagarto atrevido.
Este foi o último incidente do dia. Recolhemos tudo sem nos esquecer dos peixes que foram limpos e, de noite fritos.
O assunto do resto do dia foi sobre o ataque que tia Clara sofreu. Ela estava chateada porque teve que concordar que foi providencial papai ter levado a espingarda. E disse:
- Em vez de acertar o rabo devia ter acertado a cabeça do desgraçado. Então, todos rimos, inclusive a Tia que já não se incomodava com as provocações de papai que não perdia uma ocasião para debochar dela.
Essa foi uma semana muito especial. Quando a Tia já havia embarcado no ônibus papai falou para que todos ouvissem:
- Conta para o Getúlio a tua aventura com o lagarto de papo amarelo! E deu uma forte gargalhada.

domingo, 1 de abril de 2012

PIQUENIQUE- primeira parte

Molinete, o presente da tia para papai
Tia Clara
Uma mata densa e exuberante, ainda hoje, encobre a regiao do Cafundó por onde passa o "Arroio Canoas".





PIQUENIQUE - primeira parte.

Era uma segunda feira de um verão escaldante. Estávamos almoçando quando o assunto do “piquenique” entrou em pauta. Papai já sabia há vários dias, que Tia Clara viria para fazer o tal do piquenique, mas esperou até o último momento para falar a respeito como, aliás, sempre fazia quando o assunto a ser discutido o deixava incomodado.
- Agora essa! Fazer um piquenique! Tem mais nada para inventar? Resmungou papai em resposta à explosão de euforia da criançada.
Então, quisemos saber oque era piquenique.
- Sei lá, disse papai. Ela ouve essas bobagens lá na cidade e quer trazer a modo pra cá. Se  quer fazer piquenique que o faça lá em Porto Alegre!
  Sempre que a Tia vinha ele ficava mal humorado. Eram irmãos, mas não conseguiam “comer no mesmo cocho”. Nós crianças, pelo contrário, adorávamos Tia Clara porque jamais se esqueceu de nos trazer presentes, coisas da cidade que, apesar de simples, faziam o maior sucesso entre a gurizada da colônia. Dessa vez trouxe anzóis, linha de pescar, e boias coloridas para não afundarmos nas águas do arroio, pois nenhum de nós sabia nadar. Para papai trouxe um molinete. Na noite anterior tirou-o da caixa para montá-lo. Meio contrariado, mas vencido pela curiosidade, papai se aproximou e acompanhou a montagem do equipamento. Até, em certa ocasião, arriscou um palpite quando a Tia encaixou de maneira errada uma pecinha. Quando tudo estava montado quis saber para que servia esse tal molinete.
- Hora, para pescar disse ela educadamente.
- Porque não usa simplesmente um anzol, perguntou papai com ar de entendido.
- É para arremessar o anzol para longe, coisa que não se consegue somente com anzol e linha. Papai riu e para debochar da tia disse:
- Para onde quer jogar o anzol se o arroio onde vamos pescar tem no máximo três ou quatro metros de largura?
Dessa vez papai tinha razão e tia Clara ficou sem resposta. Então, meu irmão mais velho salvou a Tia da situação vexatória em que se metera dizendo que seria um equipamento útil para quando fôssemos à praia.
- É isso aí, concordamos todos.
- E quando vamos à praia? Perguntou papai, rindo novamente.
- Um dia levo as crianças. É claro, somente as crianças porque não quero que gente grande como tu fique agarrada na minha saio, alfinetou tia Clara.
O assunto “molinete” acabou por aí porque mamãe, percebendo que os ânimos estavam acirrados, disse que estava tudo preparado para o piquenique e que fôssemos dormir porque já era tarde.
Demoramos um pouco para pegarmos no sono pois estávamos ansiosos com o tal piquenique que não sabíamos oque era e sequer tínhamos ouvido falar.
No dia seguinte partimos sedo para o arroio Canoas.
Toda a família foi. Papai meio a contragosto teve que ceder, pois queria que meus irmãos mais velhos e ele ficassem em casa para capinar na roça de milho. Mas diante do protesto deles e os argumentos de mamãe ele capitulou e concordou que todos fossem ao tal piquenique.
Quando íamos partir meu irmão mais velho disse:
- E as minhocas? 
Então tirei da minha mochila uma latinha e me fazendo de importante falei:
- Se não fosse eu! Fiquei todo prosa porque a Tia me deu um elogio deixando os meus outros irmãos com inveja.
O dia estava lindo e mesmo antes do nascer do sol partimos levando lanches, equipamentos e água potável. Apesar dos protestos de Tia Clara papai levou a espingarda com vários cartuchos carregados.
- Nunca se sabe, disse. Alguma cobra ou outro bicho perigoso...

O final dessa história vou contar na próxima edição desse jornal. Aguardem!