Cofetxe |
Alberto Kochhan |
COFETSCHE
Cofetsche era seu apelido. Chamava-se
Alberto Kochhan. Era filho de Pedro Kochhan que foi professor em Arroio Canoas,
na comunidade do Sagrado.
Alberto era homem pequeno, mas o que
lhe faltava na estatura sobrava no talento. Tocava trombone e cantava no coral
“Schola Cantorum” de seu pai. Tinha uma fábrica artesanal de foguetes. Para
fabricá-los usava uma espécie de bambu que era preparado para receber a
pólvora. O material explosivo era adquirido em Porto Alegre na Drogaria Aluysio
Pereira e Cia. Os foguetes subiam a uma razoável altura, e lá em cima
explodiam. Foi seu pai que lhe ensinou a
fabricá-los e que, por sua vez, deveria fazer o mesmo com, somente, um de seus
filhos. Porém, Alberto morreu antes de transmitir o ensinamento a João que
seria o herdeiro do segredo.
Alberto tinha, também, muita
habilidade para trabalhar a madeira. Fabricava baús, mesas, caixinhas para
guardar erva e até caixões para defuntos. Era muito pobre apesar da sua
habilidade e talento. Morreu aos 86 anos em 1989 em Carlos Barbosa onde está
enterrado.
Alberto é um exemplo, entre tantos,
do desperdício de talentos que quando não são desafiados, e não recebem
oportunidades para se desenvolver acabam, muitas vezes, se entregando ao vício.
Imagino que o sofrimento de uma pessoa assim é muito maior do que de um obtuso
porque ele tem consciência do seu potencial sem poder desenvolvê-lo.
Era casado com Amália e tiveram dez filhos:
Celita, Érica, Alfredo, Silvina,
Selma, Elenilda, João, Elda, Inês e Normi. Alguns de seus filhos e descendentes
moram em Carlos Barbosa e outros em Gravataí. Apesar de terem tido uma infância
muito pobre, hoje, são pessoas trabalhadoras bem sucedidas.
Há alguns anos, fui visitar
“Joãozinho”, João Kochhan, o primogênito da família, a quem tive o privilégio
de ensinar a ler e escrever num curso de alfabetização de adultos. Quando me
apresentou à sua mulher, disse:
- Este é o professor que me ensinou a
ler e escrever.
Estes são momentos que não tem preço,
e recompensam o trabalho de um professor.
Fiquei feliz ao vê-lo muito bem. Me recebeu com alegria e falou dos tempos difíceis por que passaram. Eles eram muito pobres e moravam numa casinha humilde que, em certa ocasião, pegou fogo. A comunidade, compadecida, construiu uma casa nova e em melhores condições.
João disse que sua mãe foi uma heroína e que a
maior alegria dela era quando podia colocar comida na mesa.