domingo, 26 de setembro de 2021

COFETSCHE Alberto Kochhan

Cofetxe

 


Alberto Kochhan


Pedro Kochhan, professor pai do Cofeschen

Amália




 

 

 COFETSCHE

 

 

Cofetsche era seu apelido. Chamava-se Alberto Kochhan. Era filho de Pedro Kochhan que foi professor em Arroio Canoas, na comunidade do Sagrado.

Alberto era homem pequeno, mas o que lhe faltava na estatura sobrava no talento. Tocava trombone e cantava no coral “Schola Cantorum” de seu pai. Tinha uma fábrica artesanal de foguetes. Para fabricá-los usava uma espécie de bambu que era preparado para receber a pólvora. O material explosivo era adquirido em Porto Alegre na Drogaria Aluysio Pereira e Cia. Os foguetes subiam a uma razoável altura, e lá em cima explodiam.  Foi seu pai que lhe ensinou a fabricá-los e que, por sua vez, deveria fazer o mesmo com, somente, um de seus filhos. Porém, Alberto morreu antes de transmitir o ensinamento a João que seria o herdeiro do segredo.

Alberto tinha, também, muita habilidade para trabalhar a madeira. Fabricava baús, mesas, caixinhas para guardar erva e até caixões para defuntos. Era muito pobre apesar da sua habilidade e talento. Morreu aos 86 anos em 1989 em Carlos Barbosa onde está enterrado.

Alberto é um exemplo, entre tantos, do desperdício de talentos que quando não são desafiados, e não recebem oportunidades para se desenvolver acabam, muitas vezes, se entregando ao vício. Imagino que o sofrimento de uma pessoa assim é muito maior do que de um obtuso porque ele tem consciência do seu potencial sem poder desenvolvê-lo.

 Era casado com Amália e tiveram dez filhos:

Celita, Érica, Alfredo, Silvina, Selma, Elenilda, João, Elda, Inês e Normi. Alguns de seus filhos e descendentes moram em Carlos Barbosa e outros em Gravataí. Apesar de terem tido uma infância muito pobre, hoje, são pessoas trabalhadoras bem sucedidas.

Há alguns anos, fui visitar “Joãozinho”, João Kochhan, o primogênito da família, a quem tive o privilégio de ensinar a ler e escrever num curso de alfabetização de adultos. Quando me apresentou à sua mulher, disse:

- Este é o professor que me ensinou a ler e escrever.

Estes são momentos que não tem preço, e recompensam o trabalho de um professor.

 Fiquei feliz ao vê-lo muito bem. Me recebeu com alegria e falou dos tempos difíceis por que passaram. Eles eram muito pobres e moravam numa casinha humilde que, em certa ocasião, pegou fogo. A comunidade, compadecida, construiu uma casa nova e em melhores condições. 

 João disse que sua mãe foi uma heroína e que a maior alegria dela era quando podia colocar comida na mesa.


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

POLÊMICA - meteorologia

Chuva caindo aos cântaros

Quanto mais raios e trovões, melhor

 

POLÊMICA - meteorologia

 

Se você quer uma polêmica na sua roda de amigos então fale do tempo.

 Há quem diga que a dor que sente no joelho é prenúncio de chuva. A Valmi disse que vai chover por que a cesariana está pinicando. Meu vizinho Fredo diz que o aracuã, quando canta ao meio dia, é prenúncio de chuva próxima. A Lenita observou as saracuras. Segundo ela, quando cantam de manhã, anunciam chuva. Há quem proclama que quando as formigas corredeiras aparecem pelo pátio, a chuva está próxima.

  Assim, muitas pessoas observadoras se valem de sinais da natureza para prever chuva, sol, frio e etc.

“Geada na lama chuva na cama”, diz um ditado.

São observações empíricas fruto de anos de observação, passadas de geração a geração.

 No mundo moderno a ciência teve um grande desenvolvimento e a meteorologia não ficou para trás. Os profissionais modernos tem à disposição uma parafernália de equipamentos e informações através dos quais conseguem prever com significativo acerto as condições do tempo por até vários dias.

Algumas pessoas gostam de dias chuvosos, outros detestam.

Há uma canção que diz:

“Para mim a chuva no telhado
É cantiga de ninar
Mas o pobre meu Irmão
Para ele a chuva fria
Vai entrando em seu barraco
E faz lama pelo chão”.

 "Gostos, cores e amores não se discutem!"

João Royer gosta de tempestade. Quanto mais raios e trovões, melhor. Adora ver nuvens escuras se armando no horizonte e, à medida que avançam, cospem faíscas incessantes. A chuva caindo aos cântaros para ele é um deleite.

Creio que esses gostos adquiridos na infância são inconscientes, porém arraigados profundamente na nossa memória.

Arsenio Royer foi um pai enérgico. Lá, de manhã, era escola, e de tarde, roça. João adorava quando chovia. Não precisava ir pra roça. E mais, todos os irmãos em casa se divertiam com o pai que brincava com eles se rolando pelo chão e todos montando nele como se fosse cavalo. Ele era enérgico, mas também, pai amável e presente.

 Hoje, João gosta dos dias de chuva porque “não precisa ir pra roça”. Pode ficar em casa sem sentir remorsos. Esses dias despertam nele uma sensação familiar de aconchego.

As vivências na nossa infância são determinantes na vida. Ajudam a moldar o caráter, e influenciam nossos gostos. Porém, a pesar disso, temos livre arbítrio, portanto responsáveis pelas nossas atitudes.

 

 

 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

PAPYRUS- Pio Rambo



 

 




PAPYRUS- Pio Rambo

 

Pio Rambo é meu amigo virtual. Conheci-o, pessoalmente, faz algum tempo, quando levei minha prima Elenice que muito queria conhecê-lo. Ele mora em São Sebastião do Caí mas, Apesar de morar há muito tempo na cidade Pio conserva suas raízes firmemente fincadas no interior. Poder-se-ia dizer que ele saiu da colônia, mas a colônia nunca saiu dele. Nasceu em Harmonia e lá passou os primeiros anos da sua vida que deixaram nele marcas indeléveis.

  Depois foi para o mundo, sempre estudando e trabalhando tendo passado uma temporada no seminário de São Salvador.

Pio é muito talentoso e competente naquilo que faz. Ele é um profissional da voz. Tem um programa na rádio comunitária de S S do Caí, empresta sua voz para divulgar eventos e fazer propagandas inclusive para empresas internacionais como companhias aéreas e etc.

Com a devida autorização, vou divulgar um texto dele que achei muito interessante:

 

PAPYRUS

 

 

Esta planta que na antiguidade se encontrava praticamente ao longo de todo o rio Nilo na África, foi uma das primeiras formas de se confeccionar superfícies onde a escrita pudesse ser registrada. E este registro teve início mais de dois mil anos antes de Cristo, no Egito dos faraós, onde os privilegiados escribas eram conhecedores da escrita e leitura.

Aliás, a palavra “papel” tem sua origem no nome da planta, em latim, papyrus.

A maneira de confeccionar os papiros para a escrita era tirar dos talos, que podem medir até mais de 2 metros, camadas finas que eram trançadas e depois unidas e secas, formando uma superfície para a escrita. Com a casca dos caules também eram fabricados cestos e até barcos por ser leve e resistente.

Fazia tempo que estava pensando em ter papiros no jardim.

Então, a ideia reacendeu quando quisemos plantar algo em um tacho antigo daqueles de alumínio, mas que não fosse furado, ficando inteiro.

E a ideia dos papiros voltou. Tanto pela sua beleza quanto a sua história tão rica e de milênios. Procuramos em várias floriculturas da região, mas não encontramos. Até que em Harmonia o André da floricultura na subida para o morro Azul nos conseguiu. Nossa decisão era deixar com que as hastes ficassem no máximo com um metro de altura e então irmos podando, já que o papiro sempre tem brotos novos saindo de seus rizomas.

Com a planta ainda no porta-malas do carro, fomos domingo dar uma volta pelas floriculturas do Areião, bairro aqui do Caí, e eis que conhecemos o papiro anão. Esta espécie é originária da África do Sul e se adapta perfeitamente ao nosso clima por ser igual ao de lá, e atinge em torno de 60 cm de altura. Encontramos a planta perfeita para plantar naquele tacho antigo de mais de sessenta anos.

O conhecimento, a informação e a curiosidade são muito benéficos. Pratique