OS LINDOS DIAS DA INFÂNCIA DE OTILIA V
A chegada dos Butzen
Estávamos
em novembro, sábado de tarde, e as crianças de Morgensland estavam alvoroçadas.
Ansiosamente esperavam a chegada da família Butzen que viria se juntar às três,
que já moravam aí. Os adultos, também, aguardavam a chegada dos novos moradores
prontos para ajudar no que fosse preciso. Os homens ajudariam a descarregar a
mudança e as mulheres se encarregariam de organizar os poucos pertences no
paiol que seria a residência provisória. Os Butzen estavam vindo de
Badenserthal (Julio de Castilhos) e traziam a mudança numa carreta puxada por
uma junta de bois. O pai vinha montado no cavalo e a mãe com seus dois filhos
em cima da carreta junto com a mudança.
O Senhor
Butzen, já durante alguns meses, vinha para Morgensland preparar os primeiros
roçados e construir um paiol enquanto a família permanecia em Badenserthal na
casa dos pais aguardando o dia da mudança.
Com a
chegada dos Butzen eram quatro as famílias moradoras de Morgensland. Gräf,
Vogt, Berwian e os Butzen. Escolheram esta linda e ensolarada terra para dela
fazerem a sua “Heimad”. E denominaram a localidade de “Morgensland” que pode
significar a “terra do porvir” ou a “terra
do sol nascente”, e aí plantariam seus sonhos e esperanças. E a terra foi
generosa retribuindo-lhes com abundantes frutos todo amor que lhe dedicaram.
Esses foram
os quatro pioneiros de Morgensland todos oriundos de Koblens, Alemanha. Por
esse motivo, mais tarde, a região passou a denominar-se Cobléns. Porém, muitos
antigos, ainda, usavam a denominação “Morgensland” para se referirem à
localidade como, por exemplo Pedro Käfer e Erma Vogt esposa de Francisco Hentz.
Mais tarde
vieram os italianos. Os Butzen, Berwian e os Vogt retornaram para Badenserthal.
Conta-se que essas três famílias abandonaram Cobléns porque não simpatizavam
com os italianos. Principalmente as mulheres não queriam os italianos por perto
porque temiam que fossem namorar com suas filhas ou por simples preconceito. Mas
a família Gräf não arredou pé.
- Trabalhei
muito para preparar essa terra e agora não vou fugir daqui com o rabo no meio
das pernas. Se algum filho desses italianos pisar no meu pátio vai levar
chumbo.
A família
Gräf foi a única dos quatro pioneiros, que permaneceu.
Hoje,
os Gräf, formam uma família numerosa e sua influência foi relevante no contexto social e
econômico de Cobléns.
Apesar do
medo inicial, o preconceito cedeu seu lugar para uma convivência fraterna e
harmoniosa a tal ponto que a grande maioria dos Gräf, acabou se casando com
italianos.
Esses
relatos que conto são baseados em fatos reais colhidos em livros, cemitérios e,
principalmente, fruto de muitas conversas que tive com os antigos que foram
testemunhas da história de Cobléns.
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