domingo, 19 de julho de 2020

OS LINDOS DIAS DA INFÂNCIA DE OTILIA V Chegada dos Butzen





OS LINDOS DIAS DA INFÂNCIA DE OTILIA  V


A chegada dos Butzen


Estávamos em novembro, sábado de tarde, e as crianças de Morgensland estavam alvoroçadas. Ansiosamente esperavam a chegada da família Butzen que viria se juntar às três, que já moravam aí. Os adultos, também, aguardavam a chegada dos novos moradores prontos para ajudar no que fosse preciso. Os homens ajudariam a descarregar a mudança e as mulheres se encarregariam de organizar os poucos pertences no paiol que seria a residência provisória. Os Butzen estavam vindo de Badenserthal (Julio de Castilhos) e traziam a mudança numa carreta puxada por uma junta de bois. O pai vinha montado no cavalo e a mãe com seus dois filhos em cima da carreta junto com a mudança.
O Senhor Butzen, já durante alguns meses, vinha para Morgensland preparar os primeiros roçados e construir um paiol enquanto a família permanecia em Badenserthal na casa dos pais aguardando o dia da mudança.
Com a chegada dos Butzen eram quatro as famílias moradoras de Morgensland. Gräf, Vogt, Berwian e os Butzen. Escolheram esta linda e ensolarada terra para dela fazerem a sua “Heimad”. E denominaram a localidade de “Morgensland” que pode significar a “terra do porvir” ou a “terra do sol nascente”, e aí plantariam seus sonhos e esperanças. E a terra foi generosa retribuindo-lhes com abundantes frutos todo amor que lhe dedicaram.
Esses foram os quatro pioneiros de Morgensland todos oriundos de Koblens, Alemanha. Por esse motivo, mais tarde, a região passou a denominar-se Cobléns. Porém, muitos antigos, ainda, usavam a denominação “Morgensland” para se referirem à localidade como, por exemplo Pedro Käfer e Erma Vogt esposa de Francisco Hentz.
Mais tarde vieram os italianos. Os Butzen, Berwian e os Vogt retornaram para Badenserthal. Conta-se que essas três famílias abandonaram Cobléns porque não simpatizavam com os italianos. Principalmente as mulheres não queriam os italianos por perto porque temiam que fossem namorar com suas filhas ou por simples preconceito. Mas a família Gräf não arredou pé.
- Trabalhei muito para preparar essa terra e agora não vou fugir daqui com o rabo no meio das pernas. Se algum filho desses italianos pisar no meu pátio vai levar chumbo.
A família Gräf foi a única dos quatro pioneiros, que permaneceu.
Hoje, os Gräf, formam uma família numerosa e sua influência foi relevante no contexto social e econômico de Cobléns.
Apesar do medo inicial, o preconceito cedeu seu lugar para uma convivência fraterna e harmoniosa a tal ponto que a grande maioria dos Gräf,  acabou se casando com italianos.
Esses relatos que conto são baseados em fatos reais colhidos em livros, cemitérios e, principalmente, fruto de muitas conversas que tive com os antigos que foram testemunhas da história de Cobléns.


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