terça-feira, 13 de maio de 2014

O SINO

O sino da minha terra é inconfundível.

desta vez maior e que, até hoje, está dobrando no campanário da igreja.

Nossa igrejinha. Sagrado C. de Jesus










O SINO

A nossa comunidade foi fundada em 1898. Os primeiros moradores construíram uma igrejinha e compraram um sino.
 Em geral, as organizações têm símbolos e através deles são identificados. O símbolo mais importante do cristianismo é a cruz. Mas existem muitos outros como, por exemplo, o sino. Desde os primeiros tempos, os cristãos fizeram do sino um símbolo religioso.
Entre os nossos primeiros colonos, além de símbolo, o sino foi, também, um meio de comunicação. Através dele os fiéis eram chamados para os cultos, anunciava-se o falecimento de alguém da comunidade e três vezes ao dia tocava-se as Ave-marias para lembrar os moradores da sua condição de cristãos.
O nosso primeiro sino foi importado da Alemanha. Mas, ele não tocava suficientemente alto para cumprir com sua função comunicadora. Muitos colonos não o ouviam. Então, imaginaram que aumentando o badalo o som também seria ampliado e todos poderiam ouvi-lo. Havia por aqui um ferreiro de nome João Ernzen, pai de Armándio Ernzen, que executou a reforma. Porém, essa providência redundou num terrível fracasso, pois o sino não fora planejado para suportar as batidas de um badalo mais pesado e, em consequência, rachou. Foi necessário comprar um novo sino, desta vez maior e que, até hoje, está dobrando no campanário da igreja.
Nas comunidades do interior e nas pequenas cidades podem-se ouvir, ainda hoje, os sinos tocando nos campanários. Mas nas grandes cidades as igrejas foram engolidas pela arquitetura moderna e pelo progresso. As que não foram derrubadas estão escondidas entre prédios e enormes edifícios.
O sino da minha terra é inconfundível. Nenhum outro, no mundo, emite som mais bonito. Com certeza muitos dos prezados leitores têm esta mesma opinião a respeito do sino de sua comunidade. É que a nossa memória tem o poder de registrar vivências desde os nossos primeiros anos de vida. 
Quando, no entardecer, ouço tocar as Ave-marias uma agradável sensação de nostalgia me invade. Não há silêncio mais comovente. Tudo para. Depois da última badalada o som ainda ecoa por instantes até cessar por completo.
Aqui na minha terra, ainda, é assim.

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