segunda-feira, 26 de maio de 2014

O ESPARADRAPO

Reclina tua cabeça angustiada sobre o peito de quem te quer bem

É como um balão que ameaça explodir e tapamos o furo com um esparadrapo.
Ou então compra um rolo de esparadrapo.

Ou então compra um rolo de esparadrapo.


O ESPARADRAPO

Nós somos, essencialmente, “Espírito”. Há quem prefere “Alma”, “Não Manifesto” ou outras denominações. O que menos importa é o nome. Somos eternos, porém imperfeitos e com uma necessidade absoluta de desenvolver o nosso crescimento. Mas para isso precisamos do nosso corpo porque somente através dele nos manifestamos e podemos agir. Ele é a nossa morada e o canal de comunicação com mundo além de nós.
Creio que no inicio da nossa existência por aqui, éramos mais felizes. O que queríamos mais do que comida, uma caverna aconchegante e convivência social? Mas somos ambiciosos por natureza. Nada basta. A caverna do vizinho, os rebanhos alheios, o ouro e as riquezas das Américas, as ciências dos nazistas o petróleo dos árabes...
Você sonhava com uma bicicleta para ser feliz. Não era bicicleta, era uma moto. Também não era moto! Um carro 1.0. Com ar e direção, um Picasso(hehehehhe),Helicóptero, avião...
Os homens que dominam o mundo moderno, conscientemente ou não, criam, constantemente, novas necessidades materiais de tal modo que nos esquecemos da nossa essência. Então precisamos de coisas e mais coisas para aliviar a pressão social que nos leva de roldão. Não podemos ficar pra trás! Daí o estresse, a depressão.
-Um comprimidozinho resolve, recomendam os psiquiatras.
-Somente paliativa.
É como um balão que ameaça explodir e tapamos o furo com um esparadrapo. Logo surge outro, e então mais esparadrapo.
Somos seres sociais e precisamos de carinho e aconchego. A sociedade perversamente controla e inibe intimidades que aliviariam a pressão que infla o balão de nossas vidas. Não nos damos conta que, muitas vezes, um ombro amigo esvaziaria a pressão que nos consome. Mas quanta dificuldade para nos abandonarmos! Um comprimido é tão mais fácil! Porém, daqui a pouco, dois, e depois mais poderosos...
Reclina tua cabeça angustiada sobre o peito de quem te quer bem. Não precisarás mais de sapatos, carros ou aviões. É lá que encontrarás a paz.
Ou então compra um rolo de esparadrapo.

terça-feira, 20 de maio de 2014

UM HINO AO AMOR DE PAI

Afinal, o bebê cresce e bate asas.

Era uma rua sem saída com casas humildes e porões.


Meu amigo Edson Wolfart e filha











UM HINO AO AMOR DE PAI



Num dia desses, estive em Florianópolis visitando Décio Hentz, meu sobrinho. Então me disse:
- Vou apresentar-te a uma família muito especial. São meus amigos e me acolheram quando vim transferido para Florianópolis e precisava de um lugar, provisório, para morar.
Era uma rua sem saída com casas humildes e porões. No alto a casa de João Elemar Wolfart e Ana Wolfart Forester os donos do cortiço.
 João disse que já perdeu a conta de quantas pessoas já se alojaram, provisoriamente, aí. Pessoas que vinham do interior, geralmente conhecidos, ficavam hospedadas aí até acharem um lugar definitivo. Sempre havia lugar para mais um, disse Ana.
Quando chegamos fomos muito bem recebidos pelo casal. Ana conversava, com desenvoltura, sobre os mais variados assuntos aparentando ser pessoa letrada. Perguntei-lhe que faculdade havia cursado. Então me disse:
 -Frequentei, durante dois anos, a aula. Aprendi a ler e depois disso tudo foi por minha conta.
 Ela é a mãe de Edson. Tornamo-nos amigos, também, virtuais e nos correspondemos com frequência.
Há poucos dias deparei-me com uma verdadeira pérola. Edson escreveu um texto para homenagear sua filha que estava aniversariando. Eis o texto:

“Dezoito!
Não preciso escrever livro nem plantar árvore coisa nenhuma.
Fiz a tarefa mais importante que se espera de um homem: Deixei alguém melhor que eu no mundo!
Das coisas que a vida poderia me dar, você é a mais grata e importante. Sei que o vento vai te levar para longe, outros caminhos, afinal, o bebê cresce e bate asas. Talvez volte prá perto, talvez não... Mas mesmo do outro lado da montanha, eu saberei que estará lá, carregando o caráter e a retidão que tentamos ensinar. E estarei orgulhoso de você, como sempre fui.
Que a luz não te falte, e que, quando sentir medo ou dúvida, saiba que o porto estará aqui para te ancorar.
Muitas felicidades minha menina birrenta e carinhosa!
Viva a vida com intensidade e cautela, a vida não nos dá a chance de refazer algumas escolhas.
Te amo muito
Keyth Wolfart !”

 Edson, me chamas de poeta. Sem querer deixar a impressão de “trocar figurinhas” quero dizer que és muito mais que um poeta. Guardas, no fundo do teu ser, a natureza humana, ainda, não corrompida.
Edson, és, verdadeiramente, um pai.


terça-feira, 13 de maio de 2014

O SINO

O sino da minha terra é inconfundível.

desta vez maior e que, até hoje, está dobrando no campanário da igreja.

Nossa igrejinha. Sagrado C. de Jesus










O SINO

A nossa comunidade foi fundada em 1898. Os primeiros moradores construíram uma igrejinha e compraram um sino.
 Em geral, as organizações têm símbolos e através deles são identificados. O símbolo mais importante do cristianismo é a cruz. Mas existem muitos outros como, por exemplo, o sino. Desde os primeiros tempos, os cristãos fizeram do sino um símbolo religioso.
Entre os nossos primeiros colonos, além de símbolo, o sino foi, também, um meio de comunicação. Através dele os fiéis eram chamados para os cultos, anunciava-se o falecimento de alguém da comunidade e três vezes ao dia tocava-se as Ave-marias para lembrar os moradores da sua condição de cristãos.
O nosso primeiro sino foi importado da Alemanha. Mas, ele não tocava suficientemente alto para cumprir com sua função comunicadora. Muitos colonos não o ouviam. Então, imaginaram que aumentando o badalo o som também seria ampliado e todos poderiam ouvi-lo. Havia por aqui um ferreiro de nome João Ernzen, pai de Armándio Ernzen, que executou a reforma. Porém, essa providência redundou num terrível fracasso, pois o sino não fora planejado para suportar as batidas de um badalo mais pesado e, em consequência, rachou. Foi necessário comprar um novo sino, desta vez maior e que, até hoje, está dobrando no campanário da igreja.
Nas comunidades do interior e nas pequenas cidades podem-se ouvir, ainda hoje, os sinos tocando nos campanários. Mas nas grandes cidades as igrejas foram engolidas pela arquitetura moderna e pelo progresso. As que não foram derrubadas estão escondidas entre prédios e enormes edifícios.
O sino da minha terra é inconfundível. Nenhum outro, no mundo, emite som mais bonito. Com certeza muitos dos prezados leitores têm esta mesma opinião a respeito do sino de sua comunidade. É que a nossa memória tem o poder de registrar vivências desde os nossos primeiros anos de vida. 
Quando, no entardecer, ouço tocar as Ave-marias uma agradável sensação de nostalgia me invade. Não há silêncio mais comovente. Tudo para. Depois da última badalada o som ainda ecoa por instantes até cessar por completo.
Aqui na minha terra, ainda, é assim.

terça-feira, 6 de maio de 2014

IRMÃOS NA ORIGEM

Igreja Sagrado C. De jesus. Casamento de Lucia Käfer

Casa do pioneiro Pedro Käfer

Dormentos para a estrada de ferro

Ginasio de Cobléns


estádio de futebel-Cobléns





IRMÃOS NA ORIGEM



Hoje, são quatro comunidades que formam a “Grande Arroio Canoas”. A partir de um núcleo inicial, formaram-se as comunidades de Navegantes, Cobléns, Canoinhas e Sagrado coração de Jesus.

Segundo Aldo Migot, no seu livro História de Carlos Barbosa, o pioneiro a se estabelecer nesta região foi Pedro Käfer, por volta de 1892, onde hoje fica a comunidade do Sagrado Coração de Jesus. Em seguida, mais colonos vieram povoar a região, todos de origem alemã. Em Navegantes, se estabeleceram os Käfer e Riter; em Canoinhas Bösing e Koling; em Cobléns Vogt, butzen, Bervian e Gräf; e no Sagrado Käfer, Vogt e Schofen. Sete anos depois alguns evangélicos fundaram, em Navegantes, uma comunidade religiosa que não prosperou.

Em 1917, vieram os primeiros italianos que foram se estabelecendo em toda a região, porém sempre associados à comunidade religiosa do Sagrado Coração de Jesus. Segundo o Livro Caixa da Capela, os seis primeiros foram: Egidio Lucini, Miguel Chies, Antonio Gastaldo, Albino Zucatti, Andrea Chies e Marco Mocellin. No livro eles foram inscritos sob o título “ Einteil Von den Italiener” ( sócios italianos). Este pequeno detalhe leva no bojo um certo grau de preconceito quando os italianos foram inscritos à parte e não junto com todos.

 Em 1940 foi criada a Capela Nossa Senhora dos Navegantes,e em 1950 a Capela São Miguel na comunidade de Cobléns. Canoinhas, ainda não forma uma comunidade religiosa.

O povo desta região passou por muitas dificuldades de relacionamento. No início, aconteceram atitudes preconceituosas entre alemães e italianos. Estas feridas, mesmo hoje, não estão, totalmente, cicatrizadas. A rivalidade ainda perciste, principalmente, no futebol o que, aliás, é muito natural.

Muitas vezes brigamos, discutimos e nos desentendemos. Mas essas coisas fazem parte do relacionamento entre irmãos.