segunda-feira, 26 de agosto de 2013

WOH GEHT´S NAUS?


Woh geht´s naus?






Licínio Poersch que veio do Paraná com sua esposa Vera
 e duas lindas netinhas

Anisia Hentz Fell e Paula Fell Sieben

As mulheres no encontro dos Vogt



Na igreja. Celebrante: Padre Irineu




tronco para ajudar as mulheres
 a montar nos cavalos




WOH GEHT´S NAUS?



O caso desta semana aconteceu com os Schlindwein, agricultores que moravam em Babilônia, município de São Pedro da Serra.
  Se compararmos a agricultura da época com as modernas práticas de hoje, diríamos que era uma agricultura atrasada. Porém, naqueles tempos, era normal lavrar com uma junta de bois, plantar milho com a plantadeira manual, trilhar cereais com mangual, tirar manualmente o leite das vacas, e muitas outras práticas que hoje estão abandonadas devido a chegada da mecanização na agricultura.
 Muitas vezes, os agricultores precisavam se valer da criatividade para equacionar as dificuldades que encontravam. Estas soluções, geralmente, eram geniais, porém, algumas vezes, acabavam em verdadeiros desastres como o que aconteceu com os Schlindwein.
A vaca não deixava tirar o leite. Era só a Senhora Schlindwein sentar no banquinho para começar a ordenha e a vaca pulava, se debatia e dava coices para todos os lados. Depois de muitas tentativas para amansar o animal, o pai Schlindwein propôs uma solução para o problema. Montaria na vaca enquanto a mãe tentaria ordenhá-la. Mas a vaca era rebelde. Pulou feito uma maluca a ponto de derrubar o pai que se sujou todo ao cair na estrebaria que ainda não tinha sido limpada naquele dia. Mas o Senhor Schlindwein não se deu por vencido. Trouxe a vaca para fora da estrebaria e a amarrou num tronco que fora plantado aí, com a finalidade de ajudar às mulheres a subirem nos cavalos. Montou, novamente, na vaca e pediu que amarrassem suas pernas uma na outra em baixo da barriga da vaca. Assim que, por mais que pulasse, ela não o derrubaria novamente.
Quando a mãe iniciou a ordenha a vaca voltou a pular de tal jeito a ponto de machucar as nádegas do cavaleiro (kip osch). Então gritou para a mulher:
-Desamarra a corda!
A mulher, que não tinha, na inteligência, a sua maior virtude, desamarrou a corda que prendia a vaca ao tronco. Então, se vendo livre, ela fugiu dali com o Senhor Schlindwein amarrado em cima dela. Quando passou em frente à primeira casa, o vizinho perguntou:
- Wo geht´s naus? (Pra onde estás indo?) Ao que ele respondeu:
- Froh die kuh! (pergunta prá vaca!).
Quem me contou este caso foi o Rudi Schlindwein. Ele garante que a história é verdadeira, a não ser, pequenos detalhes que ele acrescentou para torná-la mais interessante.
Neste fim de semana tivemos o terceiro encontro da Família Vogt. Sempre é motivo de muita alegria e oportunidade de matar a saudade. Então, lembramos os momentos alegres dos tempos de criança e rimos das histórias como esta que acabei de contar acima.
O encontro foi um sucesso apesar da chuva que não deu tréguas durante o dia todo.

Muitas pessoas ilustres estiveram presentes, mas gostaria de destacar a presença do primo Licínio Poersch que veio do Paraná com sua esposa Vera e duas lindas netinhas.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A CONTAGEM DO TEMPO

Um dos mais antigos instrumentos de contagem do tempo
 é a ampulheta

Papa Gregório XIII



A CONTAGEM DO TEMPO

Medir o tempo é uma invenção do homem. Desde tempos imemoráveis o homem se preocupou em contar o tempo. Sei que alguns índios usavam “luas” para contar o tempo. Já ouvi falar em “taquaras” para determinar a idade de uma pessoa. Um dos mais antigos instrumentos de contagem do tempo é a ampulheta, ou relógio de areia. O Calendário que hoje está em vigor na maioria dos países é o calendário “Gregoriano”, uma homenagem ao Papa Gregório XIII que o adotou oficialmente em 24/02/1582.
Imagino que, lá nos primórdios da humanidade, não se contava o tempo. Simplesmente se vivia a vida. Hoje, você precisa se comportar conforme a contagem do seu tempo.
 Existe um espírito dentro de nós que detém o poder da vida. Aliás, nós somos este espírito. O nosso corpo é somente a sua habitação. Ele não obedece à contagem do tempo. Quem envelhece não somos nós, mas sim a nossa morada que é o nosso corpo. O espírito é infinito e não degenera. É o preconceito social que nos impõem e nos estabelece limites. A sociedade nos padroniza. Com determinada idade a criança deve caminhar. Se não caminhar foge ao padrão. Não é normal se a criança não fala com determinada idade. Então nos preocupamos e ficamos ansiosos. Para tudo estabelecemos limites baseados na idade cronológica dos indivíduos. E quem foge a esse padrão não é normal. Se você tem dezoito não pode namorar uma mulher de quarenta. Não importa o sentimento, importa a diferença de idades. Isso tudo desencadeia, em nós, ansiedade. Estabelecemos um tempo para ir à escola, poder dirigir, votar, casar e morrer. Essa contagem é que determina o que deve acontecer nas nossas vidas. Não respeitamos a natureza de cada um.  Você fica ansiosa se, aos quatorze, ainda não  ficou mocinha. O que diriam se soubessem que aos dezoito ainda é virgem? Se aos vinte e cinco não achou alguém para namorar? Se aos trinta e cinco ainda não tem filhos? Não tem uma profissão? De repente você se dá conta que já está em idade de morrer e, então, se conforma e desiste dos sonhos, dos planos não porque não tem saúde e disposição, mas porque foi estabelecido que com essa idade já seja hora de abandonar tudo e se preparar para morrer. A contagem do tempo é perversa. Se pudéssemos deixar a natureza conduzir as nossas vidas, sem pressões, sem julgamentos... Se pudéssemos conduzir nossas vidas sem o pré-estabelecido respeitando o ritmo que a natureza estabeleceu para cada indivíduo, sem ansiedade, respeitando o tempo de maturidade de cada um!

Nós somos um espírito e espírito não conta sua idade. É eterno.



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

MORGEN´S LAND

Casa de Valdemar e de Amanda

Bau na casa de João Gräf

Potreiro dos Gräf

Potreiro dos Gräf onde brincavam as crianças de MORGEN´S LAND

Alguns filhos de Joao: Artemio, Geni, Valdemar e Rosa

Joao Gräf



  
MORGEN´S LAND

Era uma tarde quente de novembro e as crianças de Morgen´s land estavam alvoroçadas. Ansiosamente esperavam a chegada da família Butzen que viria se juntar às três famílias que já moravam aí. Os adultos, também, aguardavam a chegada dos novos moradores prontos para ajudar no que fosse preciso. Os homens ajudariam a descarregar a mudança e as mulheres se encarregariam da organização dos poucos pertences no paiol que seria a residência provisória. Os Butzen estavam vindo de Badenserthal (Julio de Castilhos) e traziam a mudança numa carreta puxada por uma junta de bois. O pai vinha montado no cavalo e a mãe com seus dois filhos em cima da carreta junto com a mudança.
O Senhor Butzen, já durante alguns meses, vinha para Morgen´s land preparar os primeiros roçados e construir um paiol enquanto a família permanecia em Badenserthall na casa dos pais aguardando chegar o dia da mudança.
Com a chegada dos Butzen, agora, eram quatro as famílias moradoras de Morgen´s land. Gräf, Vogt, Berwian e os Butzen. Escolheram esta linda e ensolarada terra para dela fazerem a sua “Heimad”, o seu lar. E denominaram a localidade de “Morgen´s land” que significa a “terra do porvir” ou a “terra do amanhã” porque aí plantariam seus sonhos e suas esperanças. E a terra foi generosa retribuindo-lhes com abundantes frutos todo amor que lhe dedicaram.
Esses foram os quatro pioneiros de Morgen´s land todos oriundos de Koblens, Alemanha. Por esse motivo, mais tarde, a região passou a denominar-se Cobléns. Porém, muitos antigos, ainda, usavam a denominação “Morgen´s land” para se referirem à localidade como, por exemplo Pedro Käfer e Erma Vogt que fora casada com Francisco Hentz (Hentz Franz).
Mais tarde, também, vieram os italianos. A família Gräf foi a única, das quatro pioneiras, que permaneceu em Cobléns. Os Butzen, Berwian e os Vogt retornaram para Badenserthal.
Os Gräf, hoje, formam uma família numerosa e sua influência e atuação foi, e continua sendo relevante no contexto social e econômico de Cobléns.
O texto de hoje é uma homenagem à minha querida amiga Amanda, filha de Valdemar Gräf, que me incentiva, e é divulgadora desta coluna seja pelo jornal ou pelo meu blog: (http://textoslaurindohentz.blogspot.com/). Ela é bisneta do pioneiro Pedro Gräf e neta de João Gräf que era casado com Hilda Käfer.
 João, depois de casado, morou durante um ano na casa do seu pai em Cobléns. Isto era um costume da época. Muitos casais ficavam morando durante algum tempo na casa dos pais ou sogros até conseguirem se estabelecer por conta própria.
Depois, João foi morar em Arroio Canoas, nas terras de Valentim Hentz. Era alfaiate, uma profissão importante, pois na época não se podia comprar roupas prontas. Tudo tinha que ser confeccionado desde as roupas de semana (wedas tzeich) até as fatiotas para eventos sociais. Hilda, além dos afazeres domésticos, era, também, costureira.
Conta a Geni que quando nasceu a pequena Norma ela tinha três anos. Então, na noite do parto, levaram-na para dormir na casa de Valentim. Isto era um costume da época, provavelmente, para não traumatizar as crianças presenciando as dores do parto ou em consideração ao tabu sobre o nascimento dos filhos que diziam serem trazidos por uma cegonha. 
A minha homenagem à grande família Gräf que com toda certeza está deixando sua marca na história de Cobléns e região. Quero, também deixar meu abraço a Lauri João Lucks que, segundo ele, não perde uma das “histórias do Laurindo”

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

CAVALGANDO UMA PORCA





Em meio a vara havia uma porca enorme com filhotes.
CASA DA VÓ FRIDA


CASA DA VÓ FRIDA

No potreiro havia uma bergamoteira grande
que produzia frutos saborosos. 
VOVÓ FRIDA

DEPOIS QUE VOVÔ EDMUNDO LUDWIG FALECEU...

VARA DE PORCOS COMUNS NO POTREIRO




CAVALGANDO UMA PORCA


Aconteceu em Boa Vista, hoje, município de Poço das Antas. O Ili morou, durante alguns anos, com sua vovó Frida. Depois da morte de Edmundo Ludwig, o pai do Ili concordou em ceder o menino durante algum tempo para fazer companhia à vovó Frida e ajudar em alguns afazeres.
Naquela época, os colonos criavam o “porco comum”. É um porco muito rústico criado nos potreiros precisando de, quase, nenhum cuidado. Para alimentá-los debulhavam uma espiga de milho, alguns restos de comida, cascas de legumes e a água onde fora lavada a louça. (sutel wasser). No potreiro, comiam grama e reviravam o solo a procura de pequenos tubérculos, (ibi) minhocas e etc.
Era época da bergamota. No potreiro, havia uma bergamoteira grande que produzia frutos saborosos. Depois do meio dia, quando a vovó Frida ia dormir a sua sesta, o Ili, sempre, trepava naquela bergamoteira e enchia a barriga com aquelas bergamotas suculentas e saborosas. Só no “Barrulhe Eck” dava bergamotas assim. Os porcos, quando percebiam, se juntavam em baixo da bergamoteira para comer as cascas e os grãos que ele, lá em cima, descartava. Em meio a vara, (vara se diz para uma tropa de porcos) havia uma porca enorme com filhotes.
Um dia, O menino viu uma bergamota muito graúda lá na ponta de um galho. Não que ali ao alcance das suas mãos não houvesse, também, lindas e saborosas, mas aquela parecia especial. Tentou agarrá-la puxando o galho para perto de si, mas a manobra não teve êxito. Então, se atreveu subir mais um pouco. No momento em que conseguiu agarrar a tão desejada fruta, o galho não mais suportou o peso e os dois, galho e Ili, despencaram lá de cima. E como o prezado leitor já deve estar imaginando ele caiu exatamente em cima da porca, de pernas abertas ficando montado no animal. A porca soltou um grunhido, aquele característico quando os porcos se assustam, e saiu numa disparada maluca com o Eliseu montado nela. Quando chegaram perto do arroio a porca deu uma freada abrupta derrubando o menino que caiu numa poça de barro. A vovó Frida, que recém tinha levantado da sua cochilada, presenciou o acontecido. Veio correndo para acudir o netinho que se retorcia de dor. Então, a vó viu que ele segurava, com muita força, numa das mãos alguma coisa. Era aquela bergamota. Só que imprestável por que de tanto apertar só sobrara a casca e o bagaço.
O Eliseu jamais revelou esta aventura para alguém. E teria ficado no esquecimento não fosse um dia a vó Frida, quando ainda viva, ter me contado o caso.
O Eliseu e sua família são amigos especiais. É casado com a Luciana e tem dois filhos maravilhosos: A Jéssica e o Guilherme.
O meu abraço hoje vai para o Eliseu e sua família.