terça-feira, 30 de julho de 2013

A VOCAÇÃO DA MULHER

 a mulher foi condicionada a permanecer em casa
 para cuidar da prole

Para tentarmos entender atitudes, comportamentos e sentimentos do ser humano
 convêm que nos reportemos para os primórdios da nossa existência aqui na terra

 Há quem vire um grande homem de negócios,
 um político bem sucedido



A VOCAÇÃO DA MULHER



Para tentarmos entender atitudes, comportamentos e sentimentos do ser humano convêm que nos reportemos para os primórdios da nossa existência aqui na terra. Muito do que sentimos e fazemos diante de determinados acontecimentos está profundamente impresso na nossa memória genética adquirida durante milhares de anos e confirmada de geração em geração.
Durante esses anos todos a natureza foi atribuindo à mulher duas funções principais. Essas funções, com certeza, tem uma relação muito estreita com sua anatomia. Somente a mulher pode engravidar e amamentar.
Desde sempre foi esta a sua missão principal, e a maternidade, para a mulher, é, sem dúvida, o momento mais sublime. Conviver com o nascituro desde os seus primeiros instantes cria um vínculo muito estreito de afetividade entre os dois seres, e a mãe é capaz de atitudes e gestos de abnegação comoventes para proteger seu filho.
Esta vocação da maternidade é reconhecida por todos. Não há quem negue a grandiosidade desta atribuição que a natureza lhe legou.
Desde o homem das cavernas, a mulher foi condicionada a permanecer em casa para cuidar da prole enquanto que, a tarefa de sustento e proteção eram responsabilidades do homem. Nos dia de hoje, muitas mulheres já assumem, também, esta tarefa apesar de sabermos que é muito difícil nos livrarmos desta memória que está arraigada no nosso âmago. A humanidade está em crise e tenta se adaptar a essa nova ordem social.
Mas a mulher, segundo meu entendimento, tem mais uma função, não tão evidente. Quando existe verdadeiramente um sentimento de amor entre o casal, ela tem a capacidade de potencializar os talentos e aptidões do parceiro. Através dos seus encantos femininos ela é capaz de criar um clima de magia que impulsiona o parceiro para ações que nem ele desconfiava ser capaz. De repente ele descobre que é corajoso, criativo e inteligente. Há quem vire um grande homem de negócios, um político bem sucedido, um poeta, um escritor. Mas como toda regra tem exceções, muitos homens continuam medíocres apesar da grande mulher que tem a seu lado. Há um ditado popular que diz:

“Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

MONTANDO UM TERNEIRO

 Na estrebaria de Arsênio Royer um terneiro estava sendo engordado
com mandioca e milho

Arsênio e Norma estão bem de saúde.

garantiu que o terneiro correu até a cerejeira
o pai Arsênio e a mãe Norma 

Jair me disse que o terneiro correu até lá em baixo
 onde um arroio atravessa a estrada.







MONTANDO UM TERNEIRO

 O fato que vou narrar hoje aconteceu num domingo de manhã.
 Na estrebaria de Arsênio Royer um terneiro estava sendo engordado com mandioca e milho, e seria carneado em breve.
 Então a gurizada resolveu montá-lo. Trouxeram-no para o pátio onde o pai Arsênio e a mãe Norma tomavam chimarrão à sombra de um frondoso cinamomo. Os dois se divertiam assistindo às tentativas da gurizada para montar o terneiro. Depois de muitos insucessos, Arsênio decidiu participar da brincadeira.
- Vou mostrar para esta gurizada como se monta um terneiro.
 Então Norma falou:
-Parece que é, ainda, uma criança! Vai acabar se machucando!
 Mas o pai estava decidido. Disse que não havia perigo por que ele tinha as pernas compridas e mesmo montado alcançava com os pés no chão.
Porém, quando o terneiro sentiu o peso, encurvou a coluna para cima de modo que ele não mais alcançou o chão. Então assustou-se e fugiu em disparada com Arsênio montado nele. Atravessou o pátio e dando coices para o ar correu numa disparada maluca. Quando passou debaixo do “Wohn schup”(galpão onde se guardava a carreta) o terneiro se assustou com umas galinhas que levantaram voo. Deu um salto para o lado quase derrubando o cavaleiro.
 Quando Carlos me contou a história garantiu que o terneiro correu até a cerejeira.  Jair, no entanto, me disse que o terneiro correu até lá em baixo onde um arroio atravessa a estrada.
Certo dia, quando perguntei para Arsênio o que realmente tinha acontecido ele me disse que o relato da gurizada era exagerado. Que o fato realmente aconteceu, mas que o terneiro somente deu alguns passos com ele em cima.
O certo é que este terneiro foi para faca muito antes do que estava previsto. Teria sido vingança de Arsênio?
Arsênio e Norma estão bem de saúde. Moram num pequeno paraíso que eles mesmos construíram, com muitas flores e sempre muito limpo e organizado.
Toda vez que a família se reúne na casa dos pais, os filhos relembram esta história e muitas outras com muitas e alegres gargalhadas.

 Parabéns ao casal que, a pesar das dificuldades, soube constituir uma família maravilhosa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A SOBERBA HUMANA

Até aonde a vista alcançava a monotonia daquele verde se impunha

De Passo Fundo em diante, com exceção de pequenos trechos,
 tudo era ocupado por soja ou milho

 Creio que florestas nativas e exuberantes ocupavam tudo aquilo.

Num dia desses, fomos visitar as Cataratas do Iguaçu. 

uma lesma, por exemplo, um tigre, elefante, peixes, aves, insetos etc.
 têm tanto direito a um espaço quanto o homem. 

uma lesma, por exemplo, um tigre, elefante, peixes, aves, insetos etc.
 têm tanto direito a um espaço quanto o homem. 





 A SOBERBA HUMANA

No nosso planeta há um número incalculável de formas de vida. Nós, os humanos, somos uma dessas formas. Compartilhamos esse mundo com todas as outras. O Criador colocou à nossa disposição toda essa maravilha. Quando digo à nossa disposição me refiro a todos os seres vivos deste mundo e não somente ao ser humano. Então, uma lesma, por exemplo, um tigre, elefante, peixes, aves, insetos etc. têm tanto direito a um espaço quanto o homem. No entanto, temos a soberba de ignorar esse direito e nos apossamos de tudo o que bem entendemos.
Num dia desses, fomos visitar as Cataratas do Iguaçu. Enquanto viajava fiquei observando as paisagens que se sucediam durante o percurso.
De Passo Fundo em diante, com exceção de pequenos trechos, tudo era ocupado por soja ou milho. Saímos do Rio Grande, atravessamos o oeste de Santa Catarina e do Paraná e a paisagem se manteve inalterada. Para cada lado que se olhasse, além da rodovia, Essas duas culturas ocupavam, praticamente, todos os espaços. Até aonde a vista alcançava a monotonia daquele verde se impunha. Então me perguntei:
- Quem vai comer todo esse alimento?
E sabemos que o que vi é uma ínfima parte do que produzimos. Tem ainda o Mato Grosso, Goiás, São Paulo e outros estados.
Imaginei como seria toda essa extensão de terras antes da chegada de “civilização”. Creio que florestas nativas e exuberantes ocupavam tudo aquilo. E essas florestas, com certeza, abrigavam uma diversidade muito grande de vida selvagem.
Sentimo-nos no direito de ocupar tudo em detrimento de quem estava lá. Alegamos que precisamos, cada vez mais, de alimentos para a população mundial. Achamos então que podemos expandir a nossa espécie (Homo Sapiens) indefinidamente sem nos importar com as outras formas de vida? Esse planeta está aí para ser compartilhado por todos. Ele não pertence somente ao ser humano.
Eliminamos os nossos predadores (pestes, guerras, doenças, epidemias) e estendemos nossa perspectiva de vida sem prestarmos atenção para a superpopulação. Hoje temos gente demais no mundo. Se não houvesse pessoas para comer todos os alimentos que produzimos então não precisaríamos de tanta área plantada. Haveria espaço para florestas e vida selvagem.
A nossa sociedade esta assentada no “processo de crescimento”. Enquanto pudermos crescer tudo é fácil. Mas não podemos fazer isso infinitamente. Uma vez se fabricava coisas para durarem. Hoje se fabricam descartáveis; para que se possa produzir mais, vender mais, expandir, ocupar todos os espaços. O nosso planeta é limitado. Ou alguém duvida disso? Quem sabe, depois a lua ou... ou...
 Eu ainda prefiro ficar por aqui.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

GIOCONDO CHIES

 preparavam dormentes para serem levados a Barão ou Salvador 

 eram vendidos para a companhia que construía a estrada de ferro.





GIOCONDO CHIES

A família de Santo Chies veio da Itália quando ele tinha  sete anos de idade. Estabeleceram-se na localidade de Santa Clara, hoje, pertencente ao município de Carlos Barbosa. Santo casou com Angelina Canal Chies e quando já tinham doze filhos, de um total de quinze, vieram morar em Arroio Canoas.
De acordo com alguns depoimentos, Santo teria sido o primeiro leiteiro da Cooperativa Santa Clara. Outros dizem ter sido Florindo Chies. Santo foi, também, sócio fundador, e seu nome consta na lista dos trinta e dois sócio fundadores.
No texto de hoje, quero falar sobre Giocondo Chies, um dos quinze filhos de Santo.
 Conheci-o quando eu ainda era menino. Era um homem pacífico, honesto e trabalhador. Fazia balaios, gamelas, vassouras e manejava o machado e o serra como poucos.
Por ocasião da construção da estrada de ferro, ele, com a ajuda de outras pessoas, preparavam dormentes para serem levados a Barão ou Salvador onde eram vendidos para a companhia que construía a estrada de ferro.
Apesar da pouca escolaridade Giocondo era homem culto. Juntamente com meu pai assinavam o “A NAÇÃO”. Este jornal vinha editado com um suplemento em alemão. Meu pai lia o suplemento e Giocondo a parte editada em português. Mais tarde, comprou um rádio e aí passava horas, principalmente de noite, tentando sintonizar esta ou aquela emissora. Lembro que a preferida era a rádio Aparecida de São Paulo que com seus noticiários saciava sua sede por informações do Brasil e do mundo.
Giocondo sempre levantava cedo. Ele era sinaleiro e antes de tocar as “AVE-MARIAS” matutinas, fazia longas caminhadas pela localidade e aproveitava para tomar seu chimarrão na vizinhança.
 Meu pai e ele eram muito amigos. Lembro que, ao menos uma noite por semana, vinha passear lá em casa. Então, conversavam sobre muitos assuntos que eu não entendia por ser, ainda, criança. Mas gostava de ficar aí sentado junto deles a observá-los com respeito e admiração. Algumas vezes ficavam sérios ou riam dependendo do enfoque da conversa. Ele tinha a mania de se pegar nos cabelos quando o assunto era muito engraçado.
 Eu tive a ventura de ter, em pessoas como Giocondo e meu pai, parâmetros para a minha vida.


terça-feira, 2 de julho de 2013

CARNEANDO UM PORCO








   

                                       
                                                    Fizemos linguiça, toicinho, torresmo, banha, morcilia...

    
Que coisa maravilhosa é ver o sol nascer aqui na roça!
Lá o sol nasce atrás de um edifício.
Ela mesma foi chamar meus dois irmãos mais velhos
 para tirarem o porco do chiqueiro




CARNEANDO UM PORCO


Um dos momentos que Tia Clara nunca perdia era quando carneávamos um porco.  Sempre que ficava sabendo, dava um jeito de vir.
Papai não gostava dela.
-Ela mete o nariz em tudo. Ora, que fique lá na cidade! Lá ela pode fazer o que quiser, mas que não venha dar ordens por aqui.
Já no dia anterior, o ônibus parou na frente de nossa casa e ela desembarcou. O pai tinha seus motivos para não gostar dela, mas nós, gurizada, adorávamos a Tia. Sempre trazia presentes para nós, coisas da cidade. Uma vez, ao descer do ônibus, veio com uma caixa enorme. Era uma bicicleta encaixotada. Naquele dia papai não ficou brabo. Até ajudou a montar a bicicleta, por que dessas coisas a Tia não entendia.
Ela foi dormir cedo.
- Precisamos madrugar amanhã de manhã.
Bem antes do sol nascer, ela já estava fazendo fogo para esquentar a água para escaldar o porco. O taxo com a água estava em cima de um tripé de ferro que ela mesma mandara fazer.
- É uma vergonha empilhar três montinhos de tijolos, dizia.
- Que coisa maravilhosa é ver o sol nascer aqui na roça, comentou ela com papai. Lá o sol nasce atrás de um edifício.
Ela mesma foi chamar meus dois irmãos mais velhos para tirarem o porco do chiqueiro e esfaqueá-lo. Este era o único momento que a tia não encarava com naturalidade. Procurava alguma coisa para fazer longe daí e só voltava quando o porco estivesse morto. Porém sempre entregava uma vasilha para papai recolher o sangue e depois fazer o “Plud woscht”. Quando ela voltou viu que o sangue não estava na vasilha. Papai esquecera-se de recolhê-lo. Este foi o motivo da primeira desavença do dia entre papai e Tia Clara. Quando os ânimos ficaram exagerados pedi para minha mãe intervir.
- Eles são irmãos. Que se entendam, disse mamãe.
O resto do dia transcorreu em relativa paz. Somente algumas palavras ríspidas entre meu pai e a Tia.

Fizemos linguiça, toicinho, torresmo, banha, morcilia e schweine prode. Os quatro pés e as orelhas Tia Clara preparou para levar para casa. Levou também duas lingüiças e uma cuca que a mãe fizera. Tia Clara se despediu de todos e no pai deu um abraço sem dizer uma só palavra e embarcou no ônibus. Quando olhei para papai vi uma lágrima lhe rolar pela face. Apesar de tudo, ele amava a Tia.