segunda-feira, 13 de maio de 2013

IL DIAVOLO

urubu

urubus

José Dalcin, 

Pinheiro onde os urubus passavam a noite

Vida saudável em meio a natureza

Janete




O DIABO NA CASA DE JOSÉ DALCIN

Há alguns dias, fui a Torino, interior de Carlos Barbosa para falar com José Dalcin.
- Ele mora logo aí em baixo, informou-me uma jovem senhora, linda e simpática. Dá uns dois Km. Quando você chega à baixada tem uns açudes e uma entrada a esquerda. É aí, disse.
Quando cheguei fui recebido pelos cachorros, mas logo um senhor, de uns setenta anos, apareceu na porta.
- Eu queria conversar com José Dalcin, falei, depois de cumprimentá-lo.
-Ele morreu.
- Mas que pena precisava muito ter falado com ele.
- Morreu nada, sou eu, disse, e me brindou com um sorriso largo que lhe iluminou todo rosto.
Então expliquei quem eu era e porque estava aí. Queria que me contasse a história dos urubus.
- Sei de muitas histórias, mas essa dos urubus é a melhor. Naquela época eu morava na Linha Doze com meus pais e mais sete irmãos. Trabalhávamos na roça: milho, feijão, amendoim, bata doce, pipoca, trigo, leite, porcos, vinho, galinhas, arroz, pepino...
Num dia desses morreu uma vaca.
- José, vai cangar os bois e arrasta ela pro perau, ordenou papai.  
Dois dias depois, começaram a aparecer os urubus. Primeiro voando em círculos, bem alto, e depois baixando mais e mais até pousarem em alguns pinheiros perto do precipício. No quarto dia tinha tanto urubu que chegava a escurecer o céu. De noite ficavam por aí pousados nos pinheiros para continuarem o banquete no dia seguinte. Mas aí, um diabinho cochichou no ouvido de Joaquim que era o mais novo da família e o mais velhaco:
- Um “fogueton”, de noite, quando todos os urubus estiverem dormindo nos pinheiros.
Combinou com seu irmão Claudio que quem fosse a Barbosa compraria o "fogueton".
 Acontece que uma vez por semana, alguém ia para Carlos Barbosa fazer as compras. Claudio fez todas as compras e mais o “fogueton”.
Pelas dez horas da noite, quando o pai Tranquilo Dalcin e a mãe Joana Boscari já dormiam ouviu-se o estouro do “fogueton”. Os urubus, na escuridão, saíram voando para todos os lados, batendo uns nos outros e nos galhos dos pinheiros, foi uma confusão tão grande, foi um Deus nos acuda.
Tranquilo acordou assustado com o tiro e chamou Joana, mas ela tinha um sono pesado e não acordou. Então levantou, acendeu o lampião e abriu a janela para ver o que tinha acontecido. A janela dava de frente para o precipício. Os urubus, totalmente desorientados na escuridão, foram atraídos pela luz do lampião.
 O tumulto no quarto do casal foi tao grande que desta vez Joana acordou sobressaltada. Vários urubus entraram pela janela e com as asas abertas fizeram um estardalhaço no quarto do casal derrubando os quadros de santos pendurados na parede. A estátua de Santo Antonio caiu de uma mesinha, quando um urubu bateu nela com as asas. Quando Joana viu aquela bicharada preta derrubando os santos imaginou tratar-se do diabo. E gritava
- Il diavolo, il diavolo!
Os filhos percebendo o que tinha acontecido acudiram os pais. Apagaram o lampião e amarraram um pano com banha numa taquara e aproximaram da janela. Um por um os urubus deixaram o quarto, mas o estrago estava feito.
Quero agradecer ao José, sua esposa e Janete por me receberem com tanto carinho e pela linda historia que me contaram.

2 comentários:

  1. Ótima história. Mas, e isto é verdade? Eu não posso crer desta forma. Heheeee.

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  2. A historia é verdadeira. Com alguns acréscimos. hehehehehehe

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