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José Dalcin, |
Pinheiro onde os urubus passavam a noite |
Vida saudável em meio a natureza |
Janete |
O DIABO NA CASA DE JOSÉ DALCIN
Há alguns dias, fui a Torino, interior de Carlos Barbosa para falar com
José Dalcin.
- Ele mora logo aí em baixo, informou-me uma jovem senhora, linda e
simpática. Dá uns dois Km. Quando você chega à baixada tem uns açudes e uma
entrada a esquerda. É aí, disse.
Quando cheguei fui recebido pelos cachorros, mas logo um senhor, de uns
setenta anos, apareceu na porta.
- Eu queria conversar com José Dalcin, falei, depois de cumprimentá-lo.
-Ele morreu.
- Mas que pena precisava muito ter falado com ele.
- Morreu nada, sou eu, disse, e me brindou com um sorriso largo que lhe
iluminou todo rosto.
Então expliquei quem eu era e porque estava aí. Queria que me contasse a
história dos urubus.
- Sei de muitas histórias, mas essa dos urubus é a melhor. Naquela época eu
morava na Linha Doze com meus pais e mais sete irmãos. Trabalhávamos na roça: milho, feijão, amendoim, bata doce, pipoca, trigo, leite, porcos, vinho, galinhas,
arroz, pepino...
Num dia desses morreu uma vaca.
- José, vai cangar os bois e arrasta ela pro perau, ordenou papai.
Dois dias depois, começaram a aparecer os urubus. Primeiro voando em círculos,
bem alto, e depois baixando mais e mais até pousarem em alguns pinheiros perto
do precipício. No quarto dia tinha tanto urubu que chegava a escurecer o céu.
De noite ficavam por aí pousados nos pinheiros para continuarem o banquete no
dia seguinte. Mas aí, um diabinho cochichou no ouvido de Joaquim que era o mais
novo da família e o mais velhaco:
- Um “fogueton”, de noite, quando todos os urubus estiverem dormindo nos
pinheiros.
Combinou com seu irmão Claudio que quem fosse a Barbosa compraria o "fogueton".
Acontece que uma vez por semana,
alguém ia para Carlos Barbosa fazer as compras. Claudio fez todas as compras e
mais o “fogueton”.
Pelas dez horas da noite, quando o pai Tranquilo Dalcin e a mãe Joana Boscari já
dormiam ouviu-se o estouro do “fogueton”. Os urubus, na escuridão, saíram
voando para todos os lados, batendo uns nos outros e nos galhos dos pinheiros, foi
uma confusão tão grande, foi um Deus nos acuda.
Tranquilo acordou assustado com o tiro e chamou Joana, mas ela tinha um
sono pesado e não acordou. Então levantou, acendeu o lampião e abriu a janela
para ver o que tinha acontecido. A janela dava de frente para o precipício. Os
urubus, totalmente desorientados na escuridão, foram atraídos pela luz do
lampião.
O tumulto no quarto do casal foi tao grande que desta vez Joana acordou sobressaltada. Vários urubus entraram
pela janela e com as asas abertas fizeram um estardalhaço no quarto do casal
derrubando os quadros de santos pendurados na parede. A estátua de Santo
Antonio caiu de uma mesinha, quando um urubu bateu nela com as asas. Quando Joana
viu aquela bicharada preta derrubando os santos imaginou tratar-se do diabo. E
gritava
- Il diavolo, il diavolo!
Os filhos percebendo o que tinha acontecido acudiram os pais. Apagaram o
lampião e amarraram um pano com banha numa taquara e aproximaram da janela. Um
por um os urubus deixaram o quarto, mas o estrago estava feito.
Quero agradecer ao José, sua esposa e Janete por me receberem
com tanto carinho e pela linda historia que me contaram.
Ótima história. Mas, e isto é verdade? Eu não posso crer desta forma. Heheeee.
ResponderExcluirA historia é verdadeira. Com alguns acréscimos. hehehehehehe
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