quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

UMA BOLOTINHA DE AMOR

Mas para quem tem a sensibilidade de enxergar a alma
 pôde ver um anjo flutuando leve e gracioso.

Ela era um meteorito que vagava

 Ontem de noite a vi no baile dançando com seu par


UMA BOLOTINHA DE AMOR

Ela era um meteorito que vagava, sem rumo, pelo espaço infinito. E aí aconteceu o que somente o destino pode explicar. O universo conspirou a favor de que ele fosse atraído pela gravidade de um pequeno planeta chamado terra. Durante a queda, o atrito com a atmosfera densa o desgastou. Mas não de maneira uniforme. Todas as coisas ruins queimaram sobrando somente uma pequena bolota de amor. O resto: orgulho, inveja, ódio, desavença, egoísmo e todo o tipo de maldades sublimaram como se a atmosfera fosse um filtro de purificação de almas.
 Acho que ela é exatamente isso. Não consigo ver nela outra coisa. Sua maneira afável e tímida de sorrir e sua postura um pouco corcunda sugerem simplicidade, humildade.
 Ontem de noite a vi no baile dançando com seu par. A dança dela é um desastre. Tem um cacoete engraçado de levantar a perninha quando faz um movimento giratório. Se fossemos julgá-la pelo sua habilidade de dançarina não poderíamos dar-lhe uma boa nota. Não apresenta movimentos graciosos, sutis e rítmicos como se deve esperar de uma boa bailarina. Mas para quem tem a sensibilidade de enxergar a alma pôde ver um anjo flutuando leve e gracioso.
Pena que não tirei uma foto para perpetuar aquele momento tão fugaz e passageiro. Ou talvez a nossa memória possa reconstruí-lo toda vez que lermos este texto. E aí a nossa imaginação e criatividade lhe acrescentem ângulos que não caberiam numa foto.
 Sei que todos temos anjos em nossas comunidades. Deus os semeia por aí. Mas eles parecem tão insignificantes que mal nos damos conta deles.
Eu conheço um anjo assim.

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