Mas para quem tem a sensibilidade de enxergar a alma pôde ver um anjo flutuando leve e gracioso. |
Ela era um meteorito que vagava |
Ontem de noite a vi no baile dançando com seu par |
UMA BOLOTINHA DE AMOR
Ela era um meteorito que vagava, sem rumo, pelo espaço
infinito. E aí aconteceu o que somente o destino pode explicar. O universo
conspirou a favor de que ele fosse atraído pela gravidade de um pequeno planeta
chamado terra. Durante a queda, o atrito com a atmosfera densa o desgastou. Mas
não de maneira uniforme. Todas as coisas ruins queimaram sobrando somente uma pequena
bolota de amor. O resto: orgulho, inveja, ódio, desavença, egoísmo e todo o
tipo de maldades sublimaram como se a atmosfera fosse um filtro de purificação
de almas.
Acho que ela é
exatamente isso. Não consigo ver nela outra coisa. Sua maneira afável e tímida
de sorrir e sua postura um pouco corcunda sugerem simplicidade, humildade.
Ontem de noite a
vi no baile dançando com seu par. A dança dela é um desastre. Tem um cacoete
engraçado de levantar a perninha quando faz um movimento giratório. Se fossemos
julgá-la pelo sua habilidade de dançarina não poderíamos dar-lhe uma boa nota.
Não apresenta movimentos graciosos, sutis e rítmicos como se deve esperar de
uma boa bailarina. Mas para quem tem a sensibilidade de enxergar a alma pôde
ver um anjo flutuando leve e gracioso.
Pena que não tirei uma foto para perpetuar aquele
momento tão fugaz e passageiro. Ou talvez a nossa memória possa reconstruí-lo
toda vez que lermos este texto. E aí a nossa imaginação e criatividade lhe
acrescentem ângulos que não caberiam numa foto.
Sei que todos
temos anjos em nossas comunidades. Deus os semeia por aí. Mas eles parecem tão
insignificantes que mal nos damos conta deles.
Eu conheço um anjo assim.
Ainda irei decifrar o enígma.
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