Há alguns dias, apareceu, aqui em casa, um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas |
O cavalo foi domesticado para prestar trabalho ao homem. |
Porque não domesticamos o gambá? |
ANIMAIS DOMÉSTICOS
Sempre que proponho uma reflexão sobre
comportamento social, gosto de me reportar aos primórdios da nossa existência
aqui na terra.
Vejamos o relacionamento entre homem
e mulher. Uma vez, ela aceitava submeter-se ao seu parceiro em troca de
segurança e sustento. “Eu aceito a tua dominação, mas, em troca, tu te
responsabilizas por mim”. Atualmente esta relação está mudada ainda que, mesmo
nos tempos modernos, alguns comportamentos nos deem indicativos de que este
relacionamento persiste. Seguidamente, o homem tenta se impor diante da mulher
e ela se sente segura na companhia de um homem dominador com qualidades que
satisfaçam o seu bem estar. (riqueza,
músculos fortes, poder). São resquícios que continuam na nossa memória genética
e nos livrarmos dela demanda muito tempo.
Uma situação semelhante acontece com
os governos. Sujeitamos-nos, pagamos impostos e nos submetemos às regras do
Estado em troca de segurança, saúde e educação ainda que, muitas vezes, pagamos
os impostos sem termos, em troca, os devidos benefícios.
Imagino que, lá no início, não havia animais
domésticos. Cada espécie fora dotada de habilidades que lhe pudessem garantir a
sobrevivência. Havia liberdade e autodeterminação para que cada espécie vivesse
de acordo com sua natureza.
A domesticação é sempre uma
violência. É um jogo de interesses. Eu te dou comida, segurança e conforto e
você me dá trabalho (boi cavalo etc.), alimentos (carne, ovos etc.) ou
companhia (animais de estimação). Porque não domesticamos o gambá? Certamente
porque o homem não via benefícios nas características deste animal. É um jogo
de “toma lá e dá cá”. De dominação e submissão.
Há alguns dias, apareceu, aqui em
casa, um cachorrinho mal tratado, sujo, faminto e cheio de perebas. Quando
domesticamos um animal lhe tiramos a habilidade de sobreviver por si. Ele
desaprendeu a se bastar. Depende do alimento e abrigo do homem. Entendo que
cometemos uma crueldade muito grande quando abandonamos um animal a sua própria
sorte. Primeiro lhe tiramos a capacidade de sobreviver por si e depois, quando
não nos interessa mais, o abandonamos.
Muitas pessoas dizem amar seus
bichinhos de estimação, porém, ao domesticá-los, cometemos um ato de violência.
Certamente ele seria mais feliz se ele pudesse viver de acordo com a sua
natureza selvagem para a qual foi criado.