sobre a prateleira uma estatueta de Santo Antônio |
Miguel e Adelina são os ancestrais da família Royer em Arroio Canoas. Tiveram dezessete filhos |
Dos dezessete filhos, dois morreram prematuramente |
O FANTASMA
Miguel e Adelina são os ancestrais da família
Royer em Arroio Canoas. São naturais da Linha Francesa onde casaram e tiveram a
primeira filha, a Clara. A história que vou contar aconteceu com Arsênio Royer
um dos filhos de Miguel.
Quando Arsênio casou foi
morar numa casa grande que fora construída para ser um salão de bailes.
Pertencia ao seu pai que lhe arrendou a casa e toda a propriedade pelo prazo de
dois anos.
A casa tinha fama de mal
assombrada. Contava-se que à noite apareciam luzes no potreiro, nas estrebarias
e no paiol. Arsênio era um homem corajoso e não dava ouvidos a tais boatos.
Depois de algum tempo, algo
muito estranho começou a acontecer. Acima da soleira da porta do quarto do
casal, havia uma pequena prateleira e sobre a prateleira uma estatueta de Santo
Antônio. A estatueta fora um presente de casamento de Ataliba e Elsa Käfer hoje
falecidos.
Todas as noites, quando o
casal já estava na cama, a estatueta tombava. Arsênio acendia o lampião, ainda
não tinha energia elétrica em Arroio Canoas, ia verificar, mas não conseguia
descobrir o que derrubava o Santo Antônio. Então, subia numa cadeira e
recolocava o Santo na sua posição correta. Mal estava deitado e o Santo Antônio
tombava novamente.
Conta Arsênio que durante
várias noites o fato se repetia sem que ele conseguisse desvendar o mistério, até
que, numa noite, flagrou um rato fugindo quando Arsênio, com o lampião aceso,
saiu do quarto. O mistério estava desvendado.
A estatueta era oca, e na
base tinha um buraco. Certamente o rato derrubava o Santo Antônio para ter
acesso ao interior e ali fazer o seu ninho.
É de admirar a coragem de
Arsênio, pois muitos teriam abandonado aquela casa.
O casal Arsênio e Norma é
muito acolhedor. Se um dia o prezado leitor tiver a oportunidade de visitá-los,
peça para que lhe mostrem a estatueta de Santo Antônio. Eles a mantêm guardada
até hoje e serve de lembrança do casal que lhes deu de presente de casamento.
Acho que aí está o verdadeiro significado de se dar um presente. Algo que torna
você presente na vida da pessoa presenteada. Se você der dinheiro ele é gasto e
nada mais fica de recordação.
Muito interessante a história. Saudades dos meus avós. Abraço.
ResponderExcluirobrigado Dionísio. A tua paciência de ler todas as semanas o meu texto e ainda ter a bondade de postar um comentário ajudam a me animar para continuar escrevendo.
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