segunda-feira, 6 de agosto de 2012

UMA BRINCADEIRA PERIGOSA



UMA BRINCADEIRA PERIGOSA


Arsênio e Norma




Jair, o piloto voluntário


Rex


O gato

muro por onde  Rex subiu

UMA BRINCADEIRA PERIGOSA


Antigamente, as crianças ajudavam nos trabalhos da roça deste pequenos. De manhã iam para a aula e de tarde para a roça. Porém, aos domingos, depois da missa, dispunham de muito tempo livre para si. Então, sempre, tratavam de inventar alguma brincadeira. Dessa vez, decidiram atrelar o cachorro ao carrinho de lomba. O Rex era um cachorro enorme e por isso calcularam que ele tinha força suficiente para puxar o carrinho. Apesar do seu tamanho, ele era dócil e muito amigo da gurizada.
 Com a corda que o pai usava nos bois (die lein) conectaram o cachorro ao carrinho de lomba. Agora, faltava um piloto voluntário. O Jair, o menor de todos, se apresentou para a façanha. Todos concordaram porque era o mais leve e por isso o mais indicado para a tarefa. João e Jacó seguravam o Rex enquanto Jair se preparava para ocupar seu posto. Quando Juca, o mais velho, que comandava toda a operação, recebeu o “OK” do Jair, ordenou:
 Soltem o Rex!
O cachorro pareceu não entender o espírito da brincadeira. Meio encabulado, de cabeça baixa, deixou se cair sobre as britas que calçavam o o páteo na frente da casa, porque cachorro preguiçoso não se deita, se deixa cair. O Gerson sugeriu largar uma galinha na frente para ver se ele se dignava a persegui-la. A reação foi a mesma. Nenhum movimento. Então Seno, que estava sentado na área tomando chimarrão com Norma e assistia a tudo, disse:
- Gehd holt mo die Katz! (vão pegar o gato!) Logo, o Carlos chegou com o bichano em baixo do braço. Agora sim o Rex estava excitado.
O pequeno Jair se agarrou, com força, no carrinho e ele mesmo deu a ordem:
-Soltem o gato!
Aí o cachorro saiu a perseguir o gato numa disparada maluca puxando atrás de si o carrinho de lomba pilotado pelo pequeno Jair, de olhos arregalados sem saber ao certo o que estava acontecendo. Seno e Norma saíram correndo preocupados com o desfecho da brincadeira.
O gato pulou o murinho de pedras do parreiral e o Rex atrás até que o carrinho bateu violentamente no muro se despedaçando todo. O cachorro libertou-se da corda que o mantinha preso ao carrinho e continuou a perseguir o gato que se salvou subindo numa laranjeira logo acima.
Jair, por sorte, sofreu somente alguns arranhões.
Afinal, ainda acabou bem o que podia ter custado muito caro.
Se você duvida da veracidade desta história então espere um dia encontrar-se com Jair. Procure por uma cicatriz no seu rosto logo acima do nariz entre as duas sobrancelhas. A prova é irrefutável.
Como em todas as famílias deste nosso interior, os guris do Seno, apesar de terem que trabalhar desde pequenos, são hoje pessoas corretas e bem sucedidas. Terem que trabalhar não lhes causou problemas. Talvez pelo contrário. Quem sabe, devêssemos rever algumas leis com as quais queremos defender as nossas crianças e adolescentes.  



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