segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O MACUCO uma quase tragédia


 

 

          O MACUCO

            uma quase tragédia


 

  Pedro Käfer foi o pioneiro na colonização de Arroio Canoas. Esta região, hoje forma as localidades de Sagrado Coração de Jesus, Coblens, Canoinhas e Navegantes.

Segundo Aldo Migot, em seu livro “Historia de Carlos Barbosa” Pedro se estabeleceu aqui em 1892, sete anos antes dos evangélicos em Navegantes. Pedro morava em Linha Bonita na casa do pai e irmãos. Quando casou, tratou de adquirir a sua propriedade para se estabelecer e criar a família. Ao Norte, além de Salvador e Campestre havia terras ainda devolutas. A região era denominada Canoas, mais tarde, Arroio Canoas. Pedro comprou um lote de 48 ha de puro mato que lhe custou a quantia de meio conto de reis. Os primeiros anos foram difíceis. No início deixava a esposa com seus pais em Linha Bonita e vinha para seu lote fazer as primeiras roçadas. ficava uma semana inteira e quando os víveres acabavam voltava para se reabastecer. Imaginem um homem sozinho dispondo somente de um machado e foice para derrubar a mata virgem. E além disso, ainda tendo que enfrentar os animais selvagens que estragavam as primeiras plantações de milho como macacos e porcos selvagens.  

  Para preparar a terra para o plantio era necessária a derrubada do mato. Em certa ocasião, Bernardino Schommer, seu cunhado, passou alguns dias na casa de Pedro para ajudar na derrubada. Ao anoitecer de certo dia, Bernardino ouviu o canto de um macuco. Foi avisar seu cunhado e se armou com a espingarda e dois cartuchos carregados. Na perseguição foi-se embrenhando mato a dentro sem se dar conta da aproximação da noite. Quando percebeu que estava escurecendo resolveu voltar. Como a região não lhe era familiar não conseguiu achar o caminho da volta. Sem mantimentos e sem agasalho perambulou durante três dias pelo mato.

  Pedro e alguns ajudantes abriram uma picada até o arroio Canoas. Esta providência salvou Schommer, pois ao subir pelo arroio encontrou a picada e seguindo-a achou o caminho de volta para a casa do cunhado.

  Estava fraco, exausto e com fome, pois passou três dias sem abrigo, sem comer e sem dormir.

 

 

 

                                                   

 

 

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

FLORES DO CAMPO seu encantamento




 

 FLORES DO CAMPO

 seu encantamento 

 

 

As Flores do Campo encerram uma beleza peculiar. Elas são humildes e sua beleza passa despercebida pela maioria das pessoas. A elas não é dada a oportunidade de se exibirem em momentos importantes. Para isso servem as rosas exibidas e orgulhosas.

Em geral, as flores tem a função natural de procriar. A Flor do Campo continua fiel à vocação para a qual foi criada, mas na rosa a natureza foi corrompida. Ela brilha e exibe sua beleza nos grandes momentos encantando as pessoas, porém, depois da festa, seu destino é o cesto do lixo.

As Flores do Campo são humildes, porém encantadoras. A beleza delas guarda a função natural da procriação. As rosas perderam sua essência, a nobreza e a alma porque não precisam delas. Sabem que jamais serão substituídas. Elas é que estão no buquê da noiva, no altar do Senhor, no trono da rainha. Porém sua alma é fútil e estéril. É somente exibição.

A Flor do Campo, depois de cumprir com sua missão, perde sua beleza, mas não a essência. Enquanto a rosa está no lixo ela, também, recolhe seu encanto assim como a verdadeira mulher que é capaz de abdicar da sua beleza em favor do espaço para a prole. No entanto, são felizes porque a alma sobrevive sob a forma de semente que irá perpetuar a espécie.

Se você tiver a oportunidade de caminhar pelo campo, observe. Elas estão aí pelos barrancos, roças, banhados e na beirada das estradas. A grande maioria delas nem nome têm. Algumas são odiadas pelos agricultores e consideradas inço. Outras são tóxicas e, capazes de matar os animais que delas se alimentam.

O encanto das Flores do Campo não é percebido pela maioria das pessoas. Mas quem tiver sensibilidade suficiente poderá ver a magia que encerram. Todas elas são sedutoras por que seu encanto está na alma e assim como nas flores, alguns homens ainda conseguem ver na mulher uma flor do campo. Outros não são capazes de enxergar além da beleza estéril, sem alma e sem substância, e a tomam como um simples objeto de prazer.

A próxima flor que você for oferecer ofereça uma flor do campo. Ela é encantadora, perene e fértil como sua mulher amada.

Eu cultivo uma Flor do Campo no meu coração. Ela é a mais linda entre todas. Ela não tem rival.

 


 

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

SURPRESAS DURANTE UMA CAMINHADA




 

 

SURPRESAS DURANTE UMA CAMINHADA

 

 

Se as gerações passadas pudessem voltar, certamente, achariam ridículos muitos hábitos da vida moderna. No tempo deles, por exemplo, se caminhava para ir de um lugar a outro. Percorriam, até quinze Km, a pé, para irem aos bailes na vizinhança e achavam isso uma coisa muito natural.

As caminhadas, hoje, são uma prática corriqueira. Os médicos as recomendam para compensar a falta de exercícios da vida sedentária moderna. Com alguma relutância no início, acabei aderindo, também, à prática. Caminho 6 km todos os dias. Além dos benefícios à saúde, a caminhada é um momento de relax e lazer. Já escrevi um texto “As Flores do Campo” observando detalhes durante o trajeto que de outra maneira, certamente, passariam despercebidos.

O fato que hoje vou narrar, também, aconteceu durante uma dessas caminhadas.

 Ainda era de manhã cedo, quando próximo à casa de Gilberto, achei uma cédula de dez reais na estrada. Recolhi a cédula e alguns passos adiante encontrei mais uma, mas de vinte reais. Um pouco adiante, uma de cinquenta e depois outra, agora, de cem reais. Então pensei cá com os meus botões: se existissem, a próxima cédula seria uma de quinhentos reais. Pois pasmem, aí bem no meio da estrada, um cheque de quinhentos reais. E mais adiante mais um, de mil.

Recolhi tudo e subi pelo trilho que leva até a garagem e bati na porta. Gilberto tinha acabado de levantar e estava preparando seu chimarrão matutino.

 Na noite anterior ele havia voltado da CEASA, e ao desembarcar um masso de dinheiro caiu do seu bolso. Durante a noite, o vento norte se encarregou de espalhar aquela dinheirama toda.

 Descemos até a estrada para procurar mais dinheiro e numa roça aí perto a gurizada achou mais. Uma nota de cem reais ficou presa num pé de milho entre o pendão e a espiga.

Dias depois, Gilberto veio agradecer e disse que contou o caso na CEASA. Então, um amigo ficou muito impressionado, não com o acontecido, mas com o fato de eu ter devolvido o dinheiro.

Esta história é verdadeira e aconteceu exatamente como a contei.

Gilberto Käfer, hoje, é falecido, mas seus familiares podem testemunhar o ocorrido.

Foram achados nada menos que dois mil e quinhentos reais.