OS NOVE VARÕES Parte 3, última.
-Eles eram sociáveis e divertidos, disse Hilda Wolf quando a entrevistei em 1990. Gostavam de música, de festas e bailes. Trabalhavam muito, mas também se divertiam.
Certa vez, dois deles combinaram uma brincadeira: num baile, simularam uma briga. Um dos irmãos sacou o revólver e atirou contra o outro que caiu morto. Mas era só teatro. O cartucho estava carregado só com pólvora, sem chumbo.
Em outra ocasião, o pai Miguel teve que trocar uma telha no paiol. Cingiu-se com uma corda e dois dos guris seguravam a corda no outro lado do paiol. Então um falou:
-Vamos dar um sustinho no “veio”. Soltaram a corda um pouco, mas quando iam segurá-la novamente, não conseguiram mais e Miguel foi parar no esterco atrás da estrebaria.
Certa vez, Miguel foi para a missa com o chinelo sujo de esterco (xtal xlape). Era a missa do kerb e Miguel cantava no coral. Vestiu sua domingueira; paletó, camisa branco e gravata. Não podia se atrasar, mas antes teve que passar na estrebaria para soltar as vacas. Já a missa estava além da metade quando, ao baixar os olhos, viu que estava calçando o chinelo sujo da estrebaria. Por muito tempo teve que aguentar a gozação dos amigos. No começo ficava chateado, mas logo passou a rir da própria desgraça. Eles eram assim, disse Hilda, porém devia ser engraçado ver o vô Miguel de gravata, e calçando o chinelo sujo de esterco.
João Pedro Hentz, nascido na Alemanha, Prússia em 1791 foi o nosso patriarca pioneiro. Veio em 1829 ao Brasil já casado com Gertrudes Hoffmann. Acredita-se que tenha se estabelecido na região de Feliz. Deve ter vindo numa das primeiras levas de imigrantes. Esta foi a primeira geração.
Tiveram 7 filhos, dos quais 5 nascidos na Alemanha e dois no Brasil. Esta foi a segunda geração.
José Hentz e seus irmãos foram a terceira geração no Brasil. José foi casado com Elisabeth Simon. Tiveram vários filhos e entre eles Miguel que foi o pai dos 9 varões.
Miguel Hentz Simon e Maria Wälter foi a quarta geração.
Depois, José Hentz casado com Luiza Higert foi a quinta geração que foram meus avós.
Valentim Hentz e Otilia Vogt Hentz são a sexta geração e foram meus pais.
Examinando alguns documentos percebe-se que o HENTZ ora é escrito com “T” Hentz, e ora sem “T”, Henz. Com certeza foram erros dos escrivães, geralmente brasileiros, não familiarizados com o idioma alemão.
Contei sobre os Hentz, porém poderíamos citar centenas de outros sobrenomes com histórias semelhantes, não somente Alemães, mas também italianos, poloneses, russos, franceses e tantos outros.
Essa brava gente abandonou sua pátria e se embrenhou nas matas do Rio Grande sem conforto porém dispostos a trabalhar por um futuro melhor. E a partir daqui muitos saíram em busca de outras regiões sempre atrás dos sonhos.
E com esse afã foram buscar, no desconhecido, novos horizontes colonizando, assim, várias regiões no Brasil, como
também Argentina, Paraguai, Venezuela e outros. O desenvolvimento de muitas regiões na América do Sul se deve a essa brava gente.
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