segunda-feira, 18 de abril de 2022

O VELHO E A GRAVIDES DE DORA

 

 

 

O VELHO E A GRAVIDES DE DORA

 

 

Você faz ideia do que seja o tempo? Para alguns seres vivos um dia é uma vida toda. Usamos os ciclos para a contagem do tempo. Se a terra não girasse como contaríamos os dias, horas minutos e etc.?

Os ciclos são as pulsações do universo. Sem pulsações não haveria vida. Quando o eletrocardiograma não acusa mais pulsações é decretada a morte. Até a matéria, aparentemente inanimada, tem pulsações. Seus átomos estão em constante movimento.

As vezes nos damos conta de que estamos diante de um milagre; o milagre da volta. É quando percebemos que a natureza soberana retoma seu lugar depois de agredida e, aparentemente, subjugada. Aquela gravidez era efetivamente um milagre.

 

Ah o tempo! Afinal, o que importa o tempo? A natureza tem mil caminhos para trilhar, anos e séculos para esperar! Se a prepotência do homem cria obstáculos, com toda a paciência, a natureza os contorna. Sem pressa e sem alarde elege outro caminho. Ela é perfeita e insubjugável. Ela é frágil como uma criança recém-nascida, uma flor desabrochando e ao mesmo tempo, tem o poder aniquilador de um tufão, a força de uma tempestade.   Ela irá retomar a soberania mesmo que para isso tenha que se valer de crueldade. Sofre, calada, os abusos de mil gerações e se vinga de uma só porque somos um tecido único desde o princípio. Quando parece derrotada ressurge vigorosa onde ninguém poderia imaginar. Ela é mestra por excelência. Ainda que nos indique caminhos aparentemente absurdos, seus ensinamentos acabarão prevalecendo.

 

 Diante da gravidez de Dora o Velho ficou um longo tempo ajoelhado em compenetrado silêncio. Queria vivenciar, intensamente, esse momento do qual, talvez, somente ele tinha a exata noção do verdadeiro alcance. Estava diante do improvável, do surpreendente, diante de um milagre.

(Texto extraído do livro “REENCONTRO” pag. 113)

 


 

 

terça-feira, 12 de abril de 2022

OS NOVE VARÕES Parte 3, última.

 

OS NOVE VARÕES Parte 3, última.

 

-Eles eram sociáveis e divertidos, disse Hilda Wolf quando a entrevistei em 1990. Gostavam de música, de festas e bailes. Trabalhavam muito, mas também se divertiam.

 Certa vez, dois deles combinaram uma brincadeira: num baile, simularam uma briga. Um dos irmãos sacou o revólver e atirou contra o outro que caiu morto. Mas era só teatro. O cartucho estava carregado só com pólvora, sem chumbo.

Em outra ocasião, o pai Miguel teve que trocar uma telha no paiol. Cingiu-se com uma corda e dois dos guris seguravam a corda no outro lado do paiol. Então um falou:

 -Vamos dar um sustinho no “veio”. Soltaram a corda um pouco, mas quando iam segurá-la novamente, não conseguiram mais e Miguel foi parar no esterco atrás da estrebaria.

Certa vez, Miguel foi para a missa com o chinelo sujo de esterco (xtal xlape). Era a missa do kerb e Miguel cantava no coral. Vestiu sua domingueira; paletó, camisa branco e gravata. Não podia se atrasar, mas antes teve que passar na estrebaria para soltar as vacas. Já a missa estava além da metade quando, ao baixar os olhos, viu que estava calçando o chinelo sujo da estrebaria. Por muito tempo teve que aguentar a gozação dos amigos. No começo ficava chateado, mas logo passou a rir da própria desgraça. Eles eram assim, disse Hilda, porém devia ser engraçado ver o vô Miguel de gravata, e calçando o chinelo sujo de esterco.

 João Pedro Hentz, nascido na Alemanha, Prússia em 1791 foi o nosso patriarca pioneiro. Veio em 1829 ao Brasil já casado com Gertrudes Hoffmann. Acredita-se que tenha se estabelecido na região de Feliz. Deve ter vindo numa das primeiras levas de imigrantes. Esta foi a primeira geração.

Tiveram 7 filhos, dos quais 5 nascidos na Alemanha e dois no Brasil. Esta foi a segunda geração.

 

José Hentz e seus irmãos foram a terceira geração no Brasil. José foi casado com Elisabeth Simon. Tiveram vários filhos e entre eles Miguel que foi o pai dos 9 varões.

Miguel Hentz Simon e Maria Wälter foi a quarta geração.

Depois, José Hentz casado com Luiza Higert foi a quinta geração que foram meus avós.

Valentim Hentz e Otilia Vogt Hentz são a sexta geração e foram meus pais.

Examinando alguns documentos percebe-se que o HENTZ ora é escrito com “T” Hentz, e ora sem “T”, Henz. Com certeza foram erros dos escrivães, geralmente brasileiros, não familiarizados com o idioma alemão.

Contei sobre os Hentz, porém poderíamos citar centenas de outros sobrenomes com histórias semelhantes, não somente Alemães, mas também italianos, poloneses, russos, franceses e tantos outros.

Essa brava gente abandonou sua pátria e se embrenhou nas matas do Rio Grande sem conforto porém dispostos a trabalhar por um futuro melhor. E a partir daqui muitos saíram em busca de outras regiões sempre atrás dos sonhos.

E com esse afã foram buscar, no desconhecido, novos horizontes  colonizando, assim, várias regiões no Brasil, como também Argentina, Paraguai, Venezuela e outros. O desenvolvimento de muitas regiões na América do Sul se deve a essa brava gente.

 

 


 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

O DIA DOS BOBOS - primeiro de abril

monóculo

 

Primeiro de abril

 

Inácio Käfer tinha tudo planejado. Vestiu duas calças bem grossas e em baixo do casaco deixou a sacola com alguns cadernos. Sabia que o professor Kochhan ficaria furioso. De propósito se atrasou um pouco para que ele fosse o último a chegar. Entrou correndo na sala fingindo estar apavorado.

- Professor! Professor! Aí fora tem uma cobra enorme. Quase me mordeu!

Tão rápido quanto pode, o professor Kochhan, agarrou sua bengala que, às vezes, servia para afirmar seus passos quando bebia demais e foi para o pátio onde Inácio o esperava.

- Onde está ela?

Então, bem alto e clara, para todos ouvirem, Inácio gritou:

- P r i m e i r o   d e   a b r i l!

Houve uma explosão de gargalhadas na sala onde os alunos se apinhoavam nas janelas para assistir ao desfecho da brincadeira.

Inácio sabia que o castigo seria violento, por isso, em vez de voltar para a sala, escapou para casa. Só que Kilian, seu pai, levava a educação muito a sério, aplicou um castigo exemplar no guri que teve a ousadia de se divertir às custas do professor.

A Marta Maria Royer também fez uma brincadeira com um professor em relação ao primeiro de abril.

Pegou um monóculo, tirou a foto e inseriu um bilhetinho dizendo “primeiro de abril” e deixou em cima da mesa dos professores. O primeiro que caiu na brincadeira foi o Professor Mario Osvaldo Matias. Depois, também, todos os demais professores. Aconteceu na E. Senhor do Bom Fim quando Marta era aluna nesta escola. Os professores aceitaram o fato como uma brincadeira sadia e de bom gosto.

Quando a Marta leu a matéria disse que parte da história não é verdadeira.

-Nunca fui aluna na Senhor do Bom Fim.

 Pesquisei no Google sobre o evento:

Existem diferentes versões. Não é uma tradição recente. Nasceu na Europa em meados do século XII.

Após a adoção do calendário gregoriano, alguns territórios ainda seguiam um calendário antigo, em que o fim do ano acontecia no início de abril. Esses povos faziam uma festa que começava na última semana de março e ia até o dia primeiro de abril.

De forma pejorativa, os franceses chamavam essas pessoas de “poisson d’avril”, que pode ser traduzido como “tolos de abril”, que é a forma como a data é chamada em locais de língua inglesa. No fim do período do renascimento, os reinos do norte da Europa, principalmente França e Inglaterra, começaram a usar a data para fazer pegadinhas.

Aqui no Brasil, nós também já fomos vítimas desta tradição. Em 1988, a revista científica New Scientist publicou que cientistas alemães teriam conseguido combinar genes de bois com células de tomate e criado uma espécie de “carne vegetal”. Uma grande revista brasileira caiu e acabou publicando uma reportagem noticiando a pesquisa como se fosse real e chamando-a de “Boimate”.

Hoje, quem mais se diverte com o “primeiro de abril” são as crianças e a brincadeira entre adultos é considerada de mau gosto.