sábado, 6 de novembro de 2021

NADO, mais uma aventura

Leonardo se encantou com a donzela.        

 

 

NADO, mais uma aventura

 

Leonardo é filho de Nelsido Käfer e Renoria Käfer Royer que além dele, tiveram mais seis filhos dos quais, três falecidos.  Nado, este era seu apelido, carregava sobre os ombros a responsabilidade de ser o único filho homem.

 Quando Nado atingiu a maior idade, decidiu que a roça não seria seu futuro. Não sabia ao certo o que queria, mas sabia, com certeza, o que não queria. Tentou a Tramontina, foi cuidar dos porcos de um primo e tentou outros empregos, mas nada do que experimentou satisfez o rapaz.

 Então resolveu tentar Porto Alegre. Enquanto procurava alguma coisa, se hospedou na casa de um primo que já morava por lá.

Leonardo era um rapaz inteligente e trabalhador, mas muito ingênuo. Se criou na roça e nada conhecia além do pequeno mundo do interior. Os jovens de hoje, graças a internet e televisão, sabem tudo sobre a cidade, mas no tempo de Nado não era assim.

Certo dia o primo convidou Leonardo para assistirem a um Grenal. Como nunca tinha ido a um estádio de futebol, e como o primo se dispôs a pagar o ingresso, não teve dúvidas.

A fila na bilheteria era enorme. O primo deu o dinheiro para comprar os ingressos enquanto ele foi aí numa banca comprar dois bonés do time favorito. Bem na sua frente, também na fila do ingresso, estava uma garota. Leonardo se encantou com a donzela. Lá no interior não tinha mocinhas lindas como ela.

- Lá, elas não têm os recursos para se embelezar como as da cidade, pensou ele lá com seus botões.

 Um anjo caído do céu e agora bem aí na sua frente também querendo comprar ingresso.

Até teve vontade de iniciar um papo, mas o que ele tinha para dizer para ela? Falaria sobre a roça, tirar leite, cortar pasto? Nem falar direito ele sabia. Com certeza até iria debochar do seu sotaque.

A fila não andava, mas isso não o incomodava, pois se deliciava vendo aquele bumbum inspirador aí na sua frente.

 Como não tinha coragem de puxar uma conversa, deu liberdade a imaginação. Pegou-a pela mão e os dois saíram a passear. Visitaram lugares lindos, conversaram e riram. Aos poucos sua imaginação ficou mais atrevida. Acariciou a mão dela e chamou-a de amorzinho, só que aí aconteceu: no exato instante em que ia beijar a menina, ela se virou, e desferiu-lhe um tapa na cara. Chamou-o de tarado, imbecil e de um monte de coisas que ele nem sabia o significado. O rapaz ficou estupefato, perplexo. O que teria acontecido, para ela ter essa atitude inesperada e tão agressiva? E ficou matutando:

- Será que ela foi capaz de ler meus pensamentos? Como ela podia saber o que estava se passando na minha imaginação? E bem na hora em que eu ia beijá-la! Será que essas garotas da cidade também aprenderam a ler pensamento?

 

De noite, em casa, tudo ficou esclarecido. Nado contou o que tinha acontecido.

- Fui eu, disse o primo soltando uma gostosa gargalhada.

O primo malandro, disfarçadamente, passou a mão no bumbum da menina e Nado levou a culpa sem saber, ao menos, o que tinha acontecido.

Leonardo chegou a Porto Alegre um rapaz inocente, mas logo aprendeu, e se habituou à vida da cidade. Mas o que, realmente, fez a diferença na sua vida foi o que aprendeu em casa, no seio da família: os princípios da honradez, disciplina, honestidade e do amor pelo trabalho. Saiu de casa cedo, mas levou consigo uma herança valiosa que faz dele este homem valoroso que é hoje.

 Leonardo Käfer é um vencedor, um homem de bem.

 

 


 

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